EUR/USD
Semanal

EUR/USD  Semanal

O dólar em queda livre, reflexo da desconfiança e da tensão comercial global

Iremos interromper a publicação do “EUR/USD Semanal” no próximo domingo, 20 de Abril. Estaremos de volta no domingo seguinte, 27 de Abril.
A todos uma Boa Páscoa.



A semana que passou ficou marcada por uma nova vaga de vendas agressivas de dólares, com o índice DXY a mergulhar para mínimos de três anos, sinal claro de que a confiança global no activo de reserva mundial está a ser posta em causa. Este movimento ganha ainda mais relevo tendo em conta que as yields obrigacionistas norte-americanas continuam a subir, não como reflexo de um ambiente económico saudável, mas antes como consequência de vendas acentuadas em activos que outrora serviam de refúgio, como as treasuries de longo prazo.

O afastamento dos investidores do dólar teve um claro beneficiário: o euro. A divisa única, segunda mais líquida do mundo, registou uma valorização expressiva face ao dólar, levando o par EUR/USD a tocar nos 1,1473, o nível mais alto dos últimos três anos.

Os mercados foram ainda surpreendidos por dados de inflação nos Estados Unidos bem abaixo das expectativas. A leitura mensal revelou uma queda de 0,1% nos preços, contra uma subida esperada, e os dados subjacentes confirmaram a mesma tendência de abrandamento. A inflação anual recuou de 2,8% para 2,4%, enquanto a subjacente caiu de 3,1% para 2,8%. Ao mesmo tempo, o índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan afundou para 50,8, a segunda leitura mais baixa em duas décadas, enquanto as expectativas de inflação subiram para níveis historicamente elevados: 6,7% a curto prazo e 4,4% a longo prazo.

Estes dados reforçam o dilema que a Reserva Federal enfrenta. Por um lado, as tarifas impostas criam entraves ao crescimento económico e aumentam o risco de recessão, pressionando para cortes nas taxas de juro. Por outro, as expectativas crescentes de inflação tornam difícil justificar uma política monetária mais acomodatícia. Esta incerteza reflectiu-se no comportamento dos mercados, com as expectativas de corte do Fed para este ano a oscilarem entre 125 pontos base e 75 pontos base num curto espaço de tempo, de acordo com a FedWatch Tool.

Na Europa, os olhos voltam-se esta semana para o Banco Central Europeu. O consenso do mercado aponta para mais um corte nas taxas de juro, o sétimo desde Junho, numa tentativa de mitigar os riscos de recessão induzidos pelas tarifas norte-americanas. Ainda assim, a expectativa é de que o BCE mantenha um tom cauteloso, reforçando os riscos para o crescimento, mas evitando comprometer-se com direções futuras.

Em minha opinião, os mercados continuarão focados nas tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. O BCE deverá ter impacto limitado no rumo do EUR/USD, sendo que as oscilações no mercado obrigacionista norte-americano poderão desempenhar um papel mais determinante. A manutenção da pressão sobre as treasuries e a consequente subida das yields podem prolongar a fraqueza do dólar, ao passo que uma estabilização ou correcção poderá levar a recuos na recente valorização do euro.

O que parece evidente é que os investidores continuam a questionar a resiliência dos activos denominados em dólares. A confiança no “ativo América” está abalada, e como bem sabemos, confiança é algo que se constrói lentamente, mas que se perde num instante. Para já, o dólar é talvez a vítima mais visível da guerra comercial de Donald Trump.



Tecnicamente

Gráfico EUR/USD semanal

Fonte XTB xStation 5


O EUR/USD continuou a negociar na sua tendência ascendente, desta vez acelerando-a, levando o preço para um novo máximo dos últimos três anos ao atingir os 1,1473.

No gráfico semanal o RSI continua acima da linha de 50 e o MACD, segue positivo, com a linha ascendente do MACD continuando a afastar-se da linha de SINAL. O momentum ascendente do par continua forte.

O EUR/USD quebrou finalmente a resistência dada pela Nuvem de Ichimoku semanal. A semana terminou a 1,1341, bem acima de Senkou A (semanal) actualmente a 1,0966. Um novo fecho semanal acima deste nível confirmará este break.
O preço ultrapassou com facilidade as referências dadas pelos máximos de 2023 e 2024 e ficou a poucos pontos da referência dada pelo máximo de 2022 a 1,1494. O ultrapassar da área 1,1494/1,1500 irá expor uma outra forte referência psicológica dada pelo nível de 1,2000.

O EUR/USD precisa de quebrar a área de suporte 1,1214/1,1275 (máximos de 2024 e 20023) para abrir a possibilidade de uma correcção do forte movimento ascendente que se verifica praticamente desde o início do ano.

Gráfico EUR/USD diário

Fonte XTB xStation 5

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O comentário é disponibilizado todas as manhãs, tentativamente entre as 10h00 e as 10h30.

O EUR/USD continua a negociar em volatilidade elevada registando de novo um forte e rápido movimento ascendente, atingindo um máximo de mais de três anos a 1,1473.

No gráfico diário, os indicadores de momentum dão leituras positivas, com o RSI já em terreno de sobre compra e a linha de MACD a afastar-se ascendentemente da linha de SINAL.

O EUR/USD segue em clara tendência ascendente, acima da MM 200 dias e da Nuvem de Ichimoku diária.
O ultrapassar do máximo da semana passada poderá ser um sinal claro de que o par continua na forte tendência ascendente. A referência/resistência psicológica 1,1500 estará ao alcance e o quebrar da mesma, coloca os mercados de olho na próxima referência dada pelo nível psicológico 1,2000.

Uma inversão da actual tendência ascendente, irá ter uma primeira área de suporte a 1,1214/1,1275 (máximos de 2024 e 2023).

Resistências - Suportes

1,1494 - 1,1275

1,1692 - 1,1214

1,1909 - 1,1146


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