A semana que começa
Tarifas, BCE e Época de Resultados

A semana que começa Tarifas, BCE e Época de Resultados

Os mercados irão continuar a estar sensíveis aos acontecimentos em torno da guerra comercial, enquanto irão lidar com mais decisões de bancos centrais e ainda com o início da época de resultados empresariais.

Interromperemos a publicação de “A semana que começa” no próximo domingo, 20 de Abril. Estaremos de volta no domingo seguinte, 27 de Abril.
A 4xSimple deseja a todos uma Boa Páscoa.



Na semana passada assistimos a uma semana bastante nervosa, com fortes flutuações da confiança dos investidores, levando os mercados accionistas para mínimos de anos, para no momento seguinte o vermos a recuperar, realizando ganhos que também não se verificavam há muito tempo. Uma suspensão de tarifas por 90 dias não foi suficiente para evitar fortes perdas das treasuries norte-americanas de mais longo prazo, nem do dólar que continua pressionado. Os mercados descontaram 125 pontos de corte na taxa de juro da Reserva Federal para terminarem nos 75 pontos.
Com o ambiente ainda altamente sensível, os mercados deverão continuar reactivos a qualquer novo desenvolvimento nas relações comerciais entre os Estados Unidos e a China. A evolução da política tarifária, bem como eventuais respostas por parte das autoridades monetárias, continuarão a ser determinantes para o comportamento dos activos financeiros nos próximos tempos.




Responsáveis da Reserva Federal irão continuar a comentar e opinar sobre a actual perspectiva económica e a dar alguma orientação ao mercado relativamente à sua possível intervenção em caso de necessidade.
Para já, a avaliar pelas palavras da última semana, continuam a mostrar ter paciência para continuar a esperar para que melhor se veja entre o “nevoeiro” da actual situação tarifária. Os dados concretos da economia norte-americana continuam sólidos, o que dá esse tempo aos membros do FOMC para decidirem.
São muitos os que vamos voltar a ouvir esta semana, onde se destaca o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, que falará nesta quarta-feira, 16 de Abril, no Clube dos Economistas de Chicago, sobre perspectiva económica.





A época de resultados empresariais do primeiro trimestre deste ano de 2025 começa em força esta semana. Iremos ter os resultados dos restantes maiores bancos norte-americanos como o Bank of America, Citigroup e Goldman Sachs. Financeiras como a American Express, Blackstone e Charles Schwab. E ainda outras empresas de grande capitalização bolsista, entre as quais NETFLIX, United Health, Johnson & Johnson, ALCOA, ASML, TSMC e Metro entre outras.



Dados Económicos



Estados Unidos da América
Nesta semana de Páscoa as atenções irão estar nos números das vendas a retalho, enquanto na semana seguinte serão os dados de actividade económica, os PMI da S&P Global, que estarão no foco dos mercados.
A semana começa ligeira, com o índice manufactureiro de Nova Iorque que segundo as estimativas deverá mostrar uma ligeira recuperação dos -20 do mês anterior para -14,8.
Na quarta-feira teremos os números das vendas a retalho que, segundo as previsões, deverão mostrar um aumento de 1,4%, acelerando dos 0,2% do mês anterior, onde se excluídas as vendas automóveis, deverão mostrar um aumento de 0,4%, após os 0,3% do mês anterior. Teremos também os números da produção industrial que deverão mostrar uma quebra de 0,2%, após o aumento de 0,7% do mês anterior. Iremos ter ainda o índice de mercado imobiliário NAHB, onde as estimativas apontam para um ligeiro recuo de 39 para 38.
Na quinta-feira iremos ter mais dados do mercado imobiliário. As licenças de construção em Março deverão mostrar, segundo as previsões, uma queda de 4%, acelerando a de 1% do mês de Fevereiro, enquanto os números de início de construção de casas deverão mostrar uma queda de 5,3%, após o aumento anterior de 11,2%. O consenso aponta para uma queda no índice manufactureiro do Fed de Filadélfia de 12,5 para 3,1. Os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego deverão continuar em torno dos recentes níveis de 225 mil.

Na semana após a Páscoa iremos ter os dados do S&P Global PMI que poderão mostrar um recuo na confiança empresarial, entre a guerra comercial em curso e o aumento de tarifas. As atenções irão também estar nos números das encomendas de bens duradouros, assim como em mais dados do mercado imobiliário como as vendas de casas novas e das existentes. Iremos ter ainda a divulgação do Beige Book do Fed.

Zona Euro
Iremos ter uma semana relativamente ligeira no que toca a dados económicos.
Começa com o índice alemão de confiança económica ZEW, onde o consenso aponta para que o indicador na Alemanha registe uma queda acentuada de 51,6 para 10,6, com o aumento das tarifas a pressionar a confiança empresarial, enquanto na Zona Euro deverá cair de 39,8 para 14,2. Teremos também os números da produção industrial que, segundo as previsões, deverão mostrar uma desaceleração do aumento de 0,8% no mês anterior, para 0,1%.
Na quarta-feira iremos ter os números da conta corrente do mês de Fevereiro, que deverão mostrar um excedente de 37,3 mil milhões de euros, após os 35,4 mil milhões em Janeiro. Teremos ainda os números finais da inflação onde não se esperam alterações aos dados preliminares.

Na semana a seguir à Páscoa, as atenções irão de novo para os dados de actividade económica privada, os PMI.

Reino Unido
Os mercados irão estar esta semana atentos aos dados do mercado de trabalho e da inflação.
A taxa de desemprego em Fevereiro, segundo as previsões, deverá manter-se nos 4,4%. A variação de emprego deverá mostrar um aumento de 95 mil postos de trabalho, face ao mesmo período um ano atrás, desacelerando dos 144 mil mostrados no mês de Janeiro. O aumento médio salarial, incluindo bónus, deverá desacelerar dos 5,8% do mês anterior, para 5,7%. O número de pedidos de subsídio de desemprego deverá mostrar uma queda dos 44,2 mil do mês de Fevereiro para 30,3 mil no mês de Março.
Iremos ter também dados dos preços relativos ao mês de Março. Os preços em termos mensais deverão mostrar um aumento de 0,4%, em linha com o mês anterior. A inflação anual deverá, segundo as previsões, cair de 2,8% para 2,7%, com a inflação subjacente, sem energia nem alimentos, a baixar de 3,5% para 3,4%.

Na semana que se segue à Páscoa, as atenções irão estar nos PMI e nas vendas a retalho, com os mercados ainda atentos ao índice de confiança do consumidor GfK, logo no início da semana.

Canadá
Em termos de indicadores económicos as atenções irão estar focadas nos dados da inflação já nesta semana e nos números das vendas a retalho na semana seguinte.
Os preços em Março, segundo as estimativas, deverão mostrar uma subida mensal de 0,7%, desacelerando dos 1,1% mostrados no mês anterior. A inflação anual deverá subir de 2,6% para 2,8%, com a inflação subjacente a ficar também nesse mesmo nível de 2,8%, após 2,7% no mês anterior. A medida seguida mais de perto pelo Banco do Canadá, que exclui 40% dos itens mais voláteis, deverá manter-se nos 2,9%.
Esta semana teremos ainda os números das vendas grossistas e das manufactureiras do mês de Fevereiro onde, segundo as estimativas, ambas deverão recuar dos números mostrados no mês anterior.

Na semana seguinte, as atenções irão estar nas vendas a retalho de Fevereiro, onde segundo as estimativas, deverão mostrar uma queda de 0,4%, acelerando a queda de 0,6% do mês anterior.

Suíça
Iremos ter duas semanas tranquilas de indicadores económicos, com a divulgação do Índice de Preços do Produtor de Março que, segundo as previsões, deverá mostrar um aumento de 0,2% nos preços em termos mensais, desacelerando dos 0,3% no mês anterior. Teremos também os números da balança comercial de Março que deverá mostrar um excedente de 5,22 mil milhões de francos suíços, após os 4,8 mil milhões do mês anterior.

China
A agenda económica desta semana está bastante bem preenchida de indicadores económicos.
Começamos pelos dados da balança comercial do mês de Março, que deverão, segundo as previsões, apresentar um excedente de 74,3 mil milhões de dólares, caindo dos 170,5 mil milhões apresentados no mês anterior.
Teremos os números dos novos empréstimos que deverão, segundo as estimativas, mostrar um aumento dos 1.010 mil milhões de yuans no mês anterior, para 3.020 mil milhões em Março.
Iremos ter os números do PIB do primeiro trimestre deste ano onde, segundo as estimativas, deverão mostrar um crescimento económico de 5,2%, arrefecendo dos 5,4% mostrados no trimestre anterior. Em termos trimestrais deverão mostrar um crescimento de 1,4%, baixando dos 1,6% do último trimestre de 2024.
A produção industrial em Março deverá mostrar um crescimento de 5,6%, desacelerando dos 5,9% do mês anterior.
Os números das vendas a retalho de Março deverão mostrar um crescimento de 4,1%, acima dos 4% mostrados no mês de Fevereiro.
O índice de preço das casas deverá, em termos anuais, mostrar uma queda de 4,4%, desacelerando da queda de 4,8% do mês anterior.
O investimento em activos fixos deverá manter um crescimento de 4,1%.
O investimento estrangeiro directo em Março deverá continuar a cair, acelerando a queda de 20,4% do mês anterior, para 22%.
A taxa de desemprego deverá baixar de 5,4% para 5,3%.

Japão
Nas próximas duas semanas as atenções irão especialmente para os dados da inflação. Iremos ter nesta semana os dados da inflação nacional, onde as estimativas apontam para uma subida de 3,0% para 3,2% da inflação subjacente (sem alimentos frescos), com a inflação global a manter-se nos 3,7%. Na semana seguinte iremos ter os dados dos preços da área de Tóquio.
Esta semana teremos ainda os números da balança comercial onde, segundo as previsões, deverão mostrar em Março um défice de 250 mil milhões de ienes, após o excedente de 180 mil milhões no mês de Fevereiro.
Na semana a seguir à Páscoa, iremos ter ainda os dados dos PMI.

Nova Zelândia
As atenções por aqui vão estar nos dados da inflação do primeiro trimestre de 2025. Em termos trimestrais, os preços deverão mostrar um aumento de 0,7%, acelerando dos 0,5% mostrados no trimestre anterior, com a inflação em termos anuais a subir de 2,2% para 2,4%.
Os mercados estarão também atentos aos números da balança comercial do mês de Março que deverão, segundo as previsões, mostrar um excedente de 30 milhões de dólares neozelandeses, após os 510 milhões apresentados no mês anterior.
Teremos ainda o índice de serviços BusinessNZ, onde o consenso aponta para uma subida de 49,1 para 49,5..

Austrália
Esta semana as atenções irão para os dados do mercado de trabalho. A taxa de desemprego de Março deverá, segundo as previsões, subir de 4,1% para 4,2%, mas com a taxa de participação a subir de 66,8% para 67%. As previsões apontam ainda para um aumento de 41,2 mil postos de trabalho, após a queda de 52,8 mil do mês de Fevereiro, onde 20 mil serão de trabalho a tempo inteiro e 15 mil em part-time.
Na semana seguinte as atenções irão estar nos dados da actividade económica privada, os PMI.



Bancos Centrais



O Banco Central Europeu
O consenso do mercado aponta para que o BCE volte a reduzir as suas taxas esta semana, pela sétima vez desde Junho, com as medidas tarifárias do presidente norte-americano a alimentarem receios de uma recessão global.
A declaração de política monetária deverá repetir que "a política monetária está a tornar-se significativamente menos restritiva" e Christine Lagarde deverá destacar os riscos negativos para o crescimento, ao mesmo tempo que se abstém de dar qualquer orientação clara sobre futuras decisões sobre taxas.

O Banco do Canadá
Mercado e analistas dividem-se sobre se o banco central canadiano irá cortar as taxas nesta semana ou se se as irá manter inalteradas nos actuais 2,75%.
As opiniões em torno da manutenção das taxas, após dois cortes de 25 pontos base nas reuniões de Janeiro e Março, ganha por uma pequena maioria. Os dados recentes de actividade superaram as expectativas, a inflação subiu e o Banco do Canadá poderá querer aguardar por algo ainda mais concreto por parte das tarifas de Donald Trump antes de agir. Mas um relatório do emprego mais fraco e as preocupações com o crescimento futuro, dado que 75% das exportações vão para os Estados Unidos, podem justificar outro corte levando a taxa de juro directora para 2,50%.
A proximidade de eleições poderá dar boas razões para que Tiff Macklem, e a sua equipa, mantenha inalterada para já a taxa de juro no Canadá.

O Banco Central da Turquia
Após na reunião intercalar, o banco central turco ter aumentado a taxa de empréstimo overnight para os 46%, mantendo a taxa directora nos 42,5%, deverá esta semana continuar a mantê-la inalterada, com a tendência descendente da inflação como mostraram os números de Março.


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