Café da Manhã
Em queda livre

Os mercados financeiros seguem a negociar em forte volatilidade, com crescentes receios de uma recessão, levando acções e matérias-primas a começar a semana em fortes quedas, acelerando as perdas das últimas sessões.
Os mercados financeiros, após o anúncio das tarifas globais de Donald Trump, começaram a negociar em forte aversão ao risco, com os investidores a trocarem activos de risco por outros mais seguros, como as obrigações soberanas.
Este sentimento de aversão ao risco aumentou com o anúncio, durante a tarde da passada sexta-feira, de tarifas retaliatórias de 34% por parte da China aos Estados Unidos, levando a fortes vendas nos mercados accionistas.
Os mercados accionistas norte-americanos registaram fortes quedas mesmo com dados do mercado de trabalho acima do esperado. Os nonfarm payrolls mostraram um aumento de 228 mil novos postos de trabalho, bem acima dos 117 mil revistos em baixo do mês anterior e dos esperados de 135 mil, com a taxa de desemprego a subir ligeiramente de 4,1% para 4,2%.
O índice Dow Jones afundou mais 5,5%, o S&P 500 5,97% e o Nasdaq 5,82%.
Os mercados financeiros estão a começar a semana acelerando o sentimento de aversão ao risco que tem lugar desde a semana passada. Donald Trump manteve o tom desafiador durante o fim-de-semana dando poucas esperanças de recuar nas tarifas impostas e o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, rejeitou a ideia de que as tarifas vão provocar uma recessão nos Estados Unidos. Já o ex-chefe do Tesouro Lawrence Summers estimou que as tarifas de Trump custarão potencialmente 30 triliões de dólares à economia e espera uma turbulência de mercado semelhante às crises de 1987 e 2008.
O índice do medo, VIX, ganha de momento 20%, em cima dos fortes ganhos da semana passada. Negocia em níveis acima de 50, níveis atingidos no pico da crise pandémica de 2020.
Os mercados accionistas asiáticos abriram esta segunda-feira negra a afundar de forma global, com os investidores a largarem os activos de risco.
No Japão, o índice Nikkei afundou 7,68% e o Topix 7,79%.
Na Austrália, o índice ASX200 caiu 4,23% e o Kospi, da Coreia do Sul, 5,57%.
Na China, o índice CSI300 caiu 7,05%, o Shanghai Composite 7,34% e o Hang Seng, de Hong Kong, afundou 13,22%, a maior queda diária desde 2008.
Na Índia, o índice Nifty 50 segue de momento a cair 3,98% e o Sensex 3,82%.
Os mercados accionistas europeus estão também a começar a semana em perdas acentuadas.
O índice Euro Stoxx 600 segue de momento a cair 5,49% e o Euro Stoxx 50 5,77%.
Na Alemanha, o índice DAX cai 6,18% e o CAC 40, de França, 5,66%.
No Reino Unido, o índice FTSE100 perde 4,78%.
O mercado cambial reflecte também a aversão ao risco com as moedas tidas como porto seguro a voltarem a ganhar.
O dólar continua sem ganhar com esta volatilidade, devido ao aumento da falta de confiança nos activos norte-americanos. O índice DXY segue de momento a negociar a 102,40.
O euro regista alguns ganhos neste início de semana, com o EUR/USD a subir dos níveis de fecho da semana passada, negociando de momento acima de 1,1000.
O iene continua a negociar em ganhos, embora recuando dos máximos atingidos na semana passada, após sinais de que o Banco do Japão possa continuar sem aumentar as taxas na próxima reunião de Maio, devido às tarifas impostas pelos Estados Unidos. O USD/JPY cota de momento a 146,20 e o EUR/JPY a 160,80.
Já o franco suíço acelera os ganhos, com o USD/CHF a negociar de momento a 0,8510 e o EUR/CHF a 0,9370.
A libra continua as perdas que vinha a registar no final da semana passada, com o GBP/USD a negociar abaixo de 1,2900 (1,2885 de momento) e o EUR/GBP em novos máximos do ano, e dos últimos seis meses, a 0,8540.
Os preços do petróleo estão a começar a semana também em perdas acentuadas de mais de 4%, negociando em novos mínimos dos últimos quatro anos.
As preocupações com a procura global/recessão combinam-se com factores de oferta. Na semana passada, a OPEP+ anunciou um aumento surpreendentemente grande na produção de oito membros (+411 mil b/d em Maio, o triplo do valor esperado) e a agência de notícias Reuters informou ontem que a Arábia Saudita cortou os preços oficiais de venda aos compradores asiáticos em $2,3 por barril.O maior corte em mais de dois anos e o segundo mês consecutivo em que a petrolífera estatal Aramco reduz os preços.
O Brent segue de momento a negociar a $63,00 por barril e o WTI a $59,20.