EUR/USD
Semanal

O dólar perdeu força e o EUR/USD atingiu novos máximos do ano. Com o aumento da tensão comercial e sinais de fragilidade económica, estará o dólar a iniciar um novo ciclo de queda?
Dólar em queda: o que está a mudar no mercado?
Na semana passada, os mercados financeiros estiveram dominados por um único tema: tarifas. A ofensiva comercial liderada pelos Estados Unidos — com a imposição súbita de tarifas a praticamente todos os seus parceiros — gerou uma forte reacção nos mercados e teve consequências claras para o dólar. A moeda norte-americana perdeu força, enquanto o euro (EUR/USD) atingiu um novo máximo do ano, ultrapassando os 1,1140.
Esta evolução levanta uma pergunta natural: estaremos perante o início de um ciclo de fraqueza do dólar?
Tarifas e medo de recessão
O anúncio das tarifas por parte da administração Trump gerou um ambiente de forte aversão ao risco. Muitos investidores decidiram abandonar activos considerados mais arriscados, como acções e certos activos americanos, e procuraram refúgio em activos tidos como mais seguros — como as obrigações soberanas, o iene japonês, o franco suíço e o próprio euro, que beneficia da sua elevada liquidez.
Com esta fuga para a segurança, as yields das obrigações caíram e o dólar perdeu valor. O receio de que os Estados Unidos possam entrar em recessão começou a ganhar espaço entre os analistas e investidores.
A economia e os dados que passaram ao lado
Apesar de uma agenda económica relevante — com dados sobre a inflação na Zona Euro e indicadores económicos dos Estados Unidos como os ISM e os nonfarm payrolls — o tema dominante foi, sem dúvida, a guerra comercial. Nem a inflação mais fraca na Europa, nem os dados de emprego positivos nos Estados Unidos conseguiram travar a descida do dólar.
O EUR/USD acabou por beneficiar deste contexto, ultrapassando resistências técnicas e registando novos máximos.
Confiança em queda nos Estados Unidos
A actual fraqueza do dólar reflecte uma combinação de factores. Por um lado, o medo de estagflação — isto é, baixo crescimento económico com inflação elevada — está a ganhar força, o que penaliza os rendimentos reais e reduz o apelo da moeda norte-americana.
Por outro lado, começa a notar-se um certo desencanto com os activos americanos. A ideia de que os Estados Unidos ocupam uma posição económica excepcional está a perder credibilidade, levando investidores a diversificar os seus investimentos fora do país.
Além disso, a confrontação com parceiros internacionais têm minado a confiança nos Estados Unidos. Há mesmo quem veja nas tarifas uma tentativa deliberada de enfraquecer o dólar, preparando terreno para um acordo estratégico — o chamado “Acordo Mar-a-Lago” — onde os Estados Unidos forçariam os seus parceiros a colaborar na desvalorização da moeda americana.
E esta semana?
Para esta semana, os dados económicos dos EUA incluem os números da inflação de Março e os índices da Universidade de Michigan sobre a confiança dos consumidores e as expectativas de inflação. Estes últimos deverão ser particularmente importantes. Se a confiança dos consumidores continuar a cair e as expectativas de inflação subirem, isso poderá agravar ainda mais o pessimismo em relação à economia americana.
Do lado europeu, a expectativa centra-se na resposta da União Europeia às tarifas impostas pelos Estados Unidos. Qualquer retaliação poderá ter um efeito de retorno, desta vez prejudicando o euro. Na semana passada, ganhou força a ideia de que o Banco Central Europeu poderá fazer uma pausa na redução das taxas de juro, o que também ajudou o euro a valorizar. No entanto, esta expectativa poderá mudar rapidamente, dependendo da evolução do conflito comercial.
A minha opinião: volatilidade a caminho
Tudo indica que a volatilidade nos mercados cambiais veio para ficar. Enquanto não houver clareza quanto às intenções de Donald Trump e às reacções dos seus parceiros, o ambiente de incerteza manter-se-á elevado.
A continuação da forte aversão ao risco que marcou a semana passada poderá, nesta nova fase, afectar de forma mais directa os mercados accionistas europeus. Caso a União Europeia avance com medidas de retaliação, os investidores poderão interpretar isso como o início de um agravamento da guerra comercial, o que poderá ter impacto no euro.
Nesse cenário, é possível que o euro perca parte dos ganhos recentes, enquanto o dólar possa registar uma pequena recuperação. Afinal, o dólar continua a ser a moeda mais líquida e procurada em momentos de incerteza global.
Ainda assim, na semana passada finalizei a dizer que o meu apetite por dólares começava a arrefecer, e coloquei a questão se estaria sozinho. Claramente não estou!
Tecnicamente
Gráfico EUR/USD semanal
Fonte XTB xStation 5
O EUR/USD, após a indefinição da semana anterior, acabou por negociar em fortes ganhos, rompendo resistências e registando um novo máximo do ano a 1,1146, nível que não se registava desde Outubro de 2024.
No gráfico semanal o RSI continua acima da linha de 50 e o MACD, segue agora positivo, com a linha ascendente do MACD a continuar a afastar-se da linha de SINAL. O momentum ascendente do par continua forte.
O EUR/USD ultrapassou a Nuvem de Ichimoku semanal registando um máximo do ano, mas recuou no final da semana, terminando dentro da mesma, sem conseguir o seu break.
O voltar a negociar acima de SenkouA neste gráfico semanal, de momento a 1,0982, poderá dar força ao par para um teste ao máximo do ano a 1,1146, que se ultrapassado, levará os mercados a olharem para a referência dada pelo máximo de 2024 a 1,1214.
O break da resistência dada pela Nuvem de Ichimoku, com um fecho semanal acima da mesma (1,9082), irá dar mais força à tendência ascendente do EUR/USD.
O quebrar do suporte dado pelo mínimo da semana passada a 1,0778, poderá levar o EUR/USD de novo para uma correcção, após a rápida rejeição do máximo deste ano que se verificou no final da semana passada.
Um fecho semanal abaixo da Nuvem de Ichimoku (1,0859) será um claro sinal bearish para o par.
Gráfico EUR/USD diário
Fonte XTB xStation 5
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O comentário é disponibilizado todas as manhãs, tentativamente entre as 10h00 e as 10h30.
Após um período de fraca volatilidade, o EUR/USD acabou por registar um forte e rápido movimento ascendente que o levou a atingir um máximo de 1,1146, tendo terminado em correcção a 1,0943.
No gráfico diário, os indicadores de momentum dão agora leituras positivas, com o RSI e o MACD bem acima das suas linhas neutras.
O EUR/USD segue em clara tendência ascendente, acima da MM 200 dias e da Nuvem de Ichimoku diária.
O cruzamento ascendente da linha do MACD com a linha de SINAL, é um sinal bullish para o par, que terminou a semana passada a corrigir do máximo atingido a 1,1146.
O ultrapassar de novo da resistência psicológica dada pelo nível 1,1000, poderá dar força a novo movimento ascendente, levando o par a testar o máximo da passada sexta-feira a 1,1107, antes do máximo do ano a 1,1146, que se ultrapassado voltará a expor o máximo de 2024 a 1,1214.
A forte rejeição do máximo atingido na semana passada poderá indicar que o par poderá ter de registar uma correcção mais ampla, antes de continuar a sua tendência ascendente.
O EUR/USD poderá encontrar um suporte mais forte na área 1,0855/1,0891, dada pela MM 21 dias e pelos 61,8% Fibonacci retracement do movimento que levou o preço do mínimos das últimas duas semanas a 1,0733 e o recente máximo do ano a 1,1146.
O quebrar desta área, irá expor o suporte mais forte dado pela MM 200 dias, de momento a 1,0709.
Resistências - Suportes
1,1000 - 1,0891
1,1146 - 1,0855
1,1214 - 1,0733