A semana que começa
Guerra comercial e inflação

A guerra comercial continuará certamente no centro das atenções na próxima semana, onde teremos mais dados dos preços nos Estados Unidos e mais discursos de responsáveis dos bancos centrais.
Esta semana continuaremos de olho na guerra comercial, incluindo possíveis acordos ou planos de retaliação. A escalada da guerra comercial irá reflectir-se, em certa medida, no índice de confiança do investidor Sentix a divulgar logo na segunda-feira, e, em maior medida, na confiança dos consumidores norte-americanos, a divulgar no último dia da semana, onde as expectativas de inflação, que já são muito elevadas, serão o foco principal. Antes, teremos dados da de Março da inflação dos Estados Unidos.
Além dos muitos discursos e intervenções verbais agendadas para os membros do FOMC da Reserva Federal dos Estados Unidos, iremos ter também, esta semana, a divulgação das minutas da última reunião do Fed. Nessa reunião, os membros do FOMC mantiveram as projecções de redução das taxas de juro inalteradas face às do mês de Dezembro, mas com opiniões mais distribuídas. Reviram em baixo o crescimento económico e em alta a inflação.
Mais membros do Fed mostraram acreditar na possibilidade de apenas um ou mesmo nenhum corte de taxas até ao final deste ano. No entanto, o mercado não pensa assim. A Fed WatchTool mostra que o mercado de futuros dos Fed funds aponta, não para dois cortes de taxas, mas sim para quatro cortes, após a imposição das tarifas globais e recíprocas de Donald Trump.
Temos de ter em consideração que tanto as projecções, como as minutas, são anteriores a estes acontecimentos, no entanto, os mercados já apontavam para três cortes de taxas antes da reunião da Reserva Federal.
No Banco Central Europeu parecia estar a crescer a hipótese de uma pausa já na próxima reunião do BCE em Abril. Notícias da Bloomberg de “fontes” que diziam que mais governadores estariam a aderir à ideia de uma manutenção dos actuais níveis de taxas, pareciam mostrar que o banco central estaria de alguma forma a preparar o mercado para esse acontecimento.
Os mercados irão estar bastante atentos às várias intervenções verbais desta semana, tentando verificar se as tarifas anunciadas por Donald Trump na semana passada, poderão ter alterado de alguma forma esse sentimento.
Dados Económicos
Estados Unidos da América
Na agenda económica desta semana destacam-se os dados da inflação e da Universidade de Michigan da confiança do consumidor e ainda das expectativas da inflação.
A semana começa ligeira, apenas com os dados do crédito ao consumo de Fevereiro, onde o mercado estima ver um aumento de 15,2 mil milhões de dólares, recuando dos 18,1 mil milhões do mês anterior.
Na terça-feira iremos ter a divulgação do índice de pequenas empresas NFIB onde, segundo as estimativas, deverá mostrar uma subida dos 100,7 do mês anterior, para 101,3.
Os dados da inflação serão divulgados na quinta-feira. As previsões apontam para um aumento global dos preços no mês de Março de 0,1% e se excluídos os preços da energia e da alimentação de 0,3%. A inflação anual deverá mostrar um abrandamento de 2,8% para 2,6%, enquanto a inflação subjacente deverá baixar de 3,1% para 3%. Ainda na quinta-feira, teremos os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego, que deverão manter-se em torno dos recentes níveis, com o consenso a apontar para 223 mil.
A semana termina com mais dados da inflação. Desta vez à porta das fábricas, com o Índice de Preços do Produtor, onde as previsões apontam para um aumento global dos preços de 0,2% e se excluídos os alimentos e a energia, um aumento de 0,3%. Teremos ainda os dados da Universidade de Michigan, onde as estimativas apontam para nova queda na confiança do consumidor, com o índice a baixar de 57 para 54,5, enquanto as expectativas de inflação deverão estabilizar nos 5% e 4,1%, para o curto e longo prazo, respectivamente.
Zona Euro
Iremos ter uma semana com uma agenda económica bastante leve, com o primeiro dia a ser o mais preenchido.
Iremos ter o Índice de Confiança do Investidor Sentix, onde o mercado espera que mostre uma queda dos -2,9 para -8,9.
Teremos também os números das vendas a retalho de Fevereiro que deverão mostrar, segundo as previsões, um aumento de 0,5%, após a queda de 0,3% no mês de Janeiro.
Na Alemanha, iremos ter os dados da produção industrial, com o consenso a apontar para uma queda de 1%, após o aumento de 2% no mês anterior, e ainda os números da balança comercial de Fevereiro, que deverão mostrar um excedente de 17,8 mil milhões de euros, após os 16 mil milhões do mês anterior.
Na terça-feira será a vez de termos os números da balança comercial francesa, onde as previsões apontam para um défice de 5,4 mil milhões de euros, após o défice do mês anterior de 6,5 mil milhões.
Na quinta-feira teremos os números da produção industrial italiana que, segundo as previsões, deverá mostrar uma queda de 0,9%, após o aumento de 3,2% registado no mês anterior.
No último dia da semana iremos ter os dados finais da inflação na Alemanha.
Reino Unido
As atenções vão estar no último dia da semana, onde iremos ter a divulgação dos números do PIB do mês de Fevereiro, com as estimativas a apontarem para um crescimento de 0,1%, anulando a contracção anterior de 0,1%.
Teremos também os números da produção industrial que segundo as estimativas deverá mostrar um aumento de 0,1%, após a queda de 0,9% no mês anterior. A produção da construção deverá mostrar um aumento de 0,2%, recuperando da queda anterior de igual valor.
Iremos ter ainda os números da balança comercial de bens do mês de Fevereiro, com as estimativas a apontarem para que mantenha o défice de 17,8 mil milhões de libras.
Teremos logo no início da semana o índice de preços de casas do Halifax do mês de Março, com as previsões a apontarem para um aumento mensal de 0,2%, após a queda de 0,1% no mês anterior, com a medida homóloga a mostrar uma subida dos 2,9% em Fevereiro, para 3,7% em Março.
Na quinta-feira teremos o RICS House Price Balance, uma medida do sentimento do mercado imobiliário, que nos mostra se os preços estão a ir para cima ou para baixo, com base na opinião dos profissionais do sector. As estimativas apontam para um arrefecimento de 11% do mês de Fevereiro, para 8% em Março.
Canadá
Iremos ter uma semana bastante tranquila de indicadores económicos, onde será divulgado o Ivey PMI, com as estimativas a apontarem para uma queda de 55,3 para 53,2, e mais tarde os números das licenças de construção que, após a queda de 3,2% em Janeiro, deverão em Fevereiro mostrar nova queda, mas bem mais ligeira, de 0,7%.
Suíça
Tudo o que teremos por aqui será o indicador de confiança do consumidor SECO, com o mercado a estimar uma ligeira recuperação dos -34 para -32.
China
Iremos ter esta semana, dados da inflação e tentativamente os números dos novos empréstimos.
Após a deflação mostrada no mês anterior de 0,7%, os mercados preveem que em Março, os preços no consumidor mostrem uma subida de 0,1% em termos homólogos, e com os preços à porta das fábricas a voltarem a mostrar uma contracção de 2,3%, após a de 2,2% no mês anterior.
Os números dos novos empréstimos deverão, segundo as estimativas, mostrar um aumento dos 1.010 mil milhões de yuans no mês anterior, para 2.360 mil milhões em Março.
Japão
A semana começa com os dados dos rendimentos médios salariais, com as previsões a apontarem para uma aceleração dos 2,8% do mês de Janeiro, para 3,1% em Fevereiro.
Iremos ter os números da conta-corrente, com as previsões a apontarem para um excedente de 2,74 triliões de ienes, após 1,94 triliões no mês anterior.
O índice de confiança económica deverá, segundo o consenso, recuar dos 45,6 para 45,1.
O índice de confiança do consumidor deverá também mostrar uma pequena queda de 35,0 para 34,7.
As estimativas dos dados preliminares das encomendas de maquinaria apontam para que mostrem uma desaceleração dos 3,5% em Fevereiro, para 0,5% em Março.
Teremos ainda o Índice de Preços no Produtor, onde os mercados estimam que mostrem um ligeiro abrandamento dos 4,0% em Fevereiro, para 3,9% em Março.
Nova Zelândia
Por aqui teremos o índice manufactureiro BusinessNZ, com as estimativas a apontarem para uma queda dos 53,9 para 53,3.
Austrália
A semana começa com o índice ANZ de vagas de empregos, que depois da queda de 1,4% em Fevereiro, deverá segundo as estimativas mostrar um aumento em Março de 0,9%.
Na terça-feira iremos ter o Índice de Confiança do Consumidor Westpac, onde as estimativas apontam para uma ligeira queda de 95,9 para 95,0, e ainda o Índice de Confiança Empresarial NAB que deverá cair de -1 para -3, a acreditar no consenso do mercado.
Na quinta-feira iremos ter as expectativas de inflação do Melbourne Institute que, segundo as estimativas, deverão manter-se nos 3,6%.
Bancos Centrais
O Reserve Bank of New Zealand
O banco central da Nova Zelândia, segundo as estimativas do mercado, deverá voltar a cortar a sua taxa de juro de 3,75% para 3,50%, entre preocupações da frágil economia e com o desemprego a aumentar.