Café da Manhã
Em aversão ao risco

Café da Manhã Em aversão ao risco

O anúncio de tarifas aduaneiras generalizadas por parte dos Estados Unidos, atingindo fortemente os seus principais parceiros comerciais, está a levar os investidores a afastarem-se de activos de risco.

Após semanas de incertezas, Donald Trump anunciou ontem as suas tarifas recíprocas, que incluíram a imposição de uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações para os Estados Unidos da América, com taxas mais elevadas sobre alguns dos maiores parceiros comerciais do país. Sobre a China anunciou mais 34% de taxas aduaneiras, para a União Europeia foi de 20% e no Japão 24%. O presidente norte-americano reiterou ainda a taxa de 25% sobre todos os automóveis fabricados fora dos Estados Unidos. Com estas taxas a serem adicionadas a outras já existentes, faz com que os produtos chineses paguem uma taxa de 54% à entrada nos EUA, 20% de tarifas anteriormente impostas, mais 34% agora anunciados.
A decisão do Presidente Donald Trump intensificou uma guerra comercial global que ameaça alimentar a inflação e estagnar o crescimento.

Os mercados accionistas norte-americanos terminaram a sessão de ontem em ganhos, enquanto os investidores aguardavam que Donald Trump anunciasse as tarifas recíprocas globais.
O índice Dow Jones avançou 0,56%, o S&P 500 0,67% e o Nasdaq 0,87%.

Na Ásia, o impacto da subida das tarifas já se fez sentir, com os mercados accionistas a negociarem em perdas, com os investidores a afastarem-se de activos de risco.
No Japão, o índice Nikkei terminou a sessão de hoje a cair 2,73% e o Topix 3,08%, com o preço das acções pressionado não só pelos 24% de aumento de tarifas, como ainda por um iene mais forte.
Na Austrália, o índice ASX 200 recuou 0,94% e o Kospi, da Coreia do Sul, 0,76%.
Na China, o índice CSI300 recuou 0,59%, o Shanghai Composite 0,24% e o Hang Seng, de Hong Kong, 1,77%.
Na Índia, as acções seguem a negociar também em terreno negativo, com o índice Nifty 50 a recuar 0,28% e o Sensex 0,38%.

Na Europa, a confiança dos investidores segue também fortemente abalada, com os mercados accionistas a começarem o dia em perdas acentuadas.
O índice Euro Stoxx 600 segue de momento a cair 1,17% e o Euro Stoxx 50 1,65%.
Na Alemanha, o índice DAX perde 1,23% e o CAC 40, de França, 1,56%.
No Reino Unido, o índice FTSE100 recua 0,97%.

No mercado cambial, o dólar está a começar o dia seguinte ao “Dia da Libertação” a negociar em perdas, pressionado pela queda das yields obrigacionistas. O índice DXY afunda de níveis em torno de 104,00, para negociar de momento em torno de 102,00, enquanto o EUR/USD segue a registar novos máximos do ano, negociando perto de 1,1000 pela primeira vez desde Outubro de 2024.
O iene japonês negocia também em ganhos, impulsionado pelo seu estatuto de moeda de refúgio, com o USD/JPY de momento a negociar perto do mínimo do ano a 147,00 e o EUR/JPY a 161,70.
A libra regista fortes ganhos face ao dólar, com o cable , embora mais comedidos, com o GBP/USD a negociar acima de 1,3100 pela primeira vez em cerca de seis meses, e pouco alterada face ao euro com o EUR/GBP a 0,8360.
O franco suíço segue pouco alterado face ao euro, com o EUR/CHF a negociar de momento a 0,9530, mas a ganhar também face ao dólar, com o USD/CHF a afundar para 0,8670, após máximos de ontem a 0,8850.

Os preços do petróleo recuam dos recentes ganhos, pressionados por receios de uma procura mais fraca, após o aumento global de tarifas por parte dos Estados Unidos. Ontem, a EIA divulgou o relatório com os inventários semanais de crude norte-americano que mostrou um aumento de 6,2 milhões de barris, face a uma redução esperada de cerca de 400 mil barris de crude, pressionando os preços.
Os preços estão a começar o dia de hoje em perdas acentuadas, com o Brent a negociar de momento a $72,70 por barril e o WTI a $69,40.


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