Semana Revista
Trump, inflação e emprego

Semana Revista Trump, inflação e emprego

As ameaças de Donald Trump, assim como os dados da inflação na Zona Euro e os do mercado de trabalho nos Estados Unidos, foram os grandes impulsionadores dos mercados financeiros na primeira semana completa de 2025.

Na primeira semana completa de 2025 tivemos a divulgação dos primeiros dados económicos mais importantes na Zona do Euro e nos Estados Unidos, a inflação e mercado de trabalho, mas foram palavras de Donald Trump que acrescentaram uma maior volatilidade aos mercados financeiros.




Logo no início da semana, uma notícia do Washington Post dizendo que Donald Trump estaria a considerar uma abordagem menos abrangente das tarifas, focada mais na protecção de bens críticos para a economia dos Estados Unidos ou para a segurança nacional, levou à queda do dólar e a uma recuperação dos mercados accionistas, nomeadamente os europeus. Trump refutou quase de imediato essa notícia, dizendo estar “errado” que a sua política tarifária fosse reduzida. Comentários anteriores de Trump sugeriram uma tarifa de 25% sobre todas as importações do Canadá e do México, e uma tarifa adicional de 10% sobre as importações da China.

Mais tarde, foi a CNN a dizer que Trump estaria a considerar uma declaração de emergência nacional para estabelecer tarifas. Aproveitando a declaração de emergência nacional ao abrigo da Lei dos Poderes de Emergência Económica Internacional (IEEPA), Trump poderá rapidamente impor uma tarifa universal de pelo menos 10% sobre todas as importações para os Estados Unidos. As yields obrigacionistas dispararam e o dólar voltou a negociar em alta.

Donald Trump voltou a insistir na necessidade dos Estados Unidos controlarem o Canal do Panamá e a Gronelândia, não descartando a possibilidade de uma acção económica ou militar para conseguir esses objectivos. Teve ainda tempo para sugerir uma alteração do nome do Golfo do México para Golfo dos Estados Unidos da América.

Esta primeira semana poderá ter sido uma amostra do que poderá ser a administração Trump.2 a partir de 20 de Janeiro, quando Donald Trump tomar posse, com os mercados a terem de enfrentar uma volatilidade adicional sendo tomados de surpresa por mais declarações ou actos inesperados.





Tivemos esta semana as minutas da última reunião da Reserva Federal que mostraram que os membros do FOMC estavam conscientes dos riscos ascendentes da inflação este ano, com vários participantes na reunião a incorporarem nas suas projecções "suposições provisórias" sobre o impacto de potenciais mudanças nas políticas de comércio e imigração da nova administração Trump.

Tivemos ainda várias intervenções verbais de membros da Reserva Federal dos Estados Unidos.
O primeiro foi o governador Christopher Waller que disse que não espera que as potenciais tarifas da nova administração Trump produzam uma inflação persistente que influenciará as decisões sobre as taxas de juro, salientando ainda que acredita que a inflação continuará a diminuir em 2025, apoiando a ideia de mais cortes nas taxas, embora o ritmo vai depender da forma como a inflação progride.
A governadora Michelle Bowman, a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, e o responsável do Fed de Kansas City, Jeff Schmid, todos favoreceram uma abordagem mais lenta de cortes de taxas. Patrick Harker, do Fed de Filadélfia, disse que mais cortes nas taxas ocorrerão este ano, mas o momento dependerá dos dados disponibilizados. Thomas Barkin, do Fed de Richmond, acredita que o recente aumento das taxas de longo prazo reflecte prémios de risco mais elevados, e não preocupações com a inflação.





Mas a semana terminou com mais uma surpresa dos números do mercado de trabalho nos Estados Unidos.
A economia norte-americana adicionou 256 mil novos empregos em Dezembro, um número bem acima dos cerca de 155 mil esperados pelos mercados. Além disto, a taxa de desemprego também surpreendeu ao cair de 4,2% para 4,1%.
Tudo isto, em conjunto com os dados que foram sendo disponibilizados durante toda a semana, nomeadamente o ISM PMI da actividade de serviços, os números de novas vagas de emprego e ainda os novos pedidos de subsídio de desemprego, levaram as yields obrigacionistas a dispararem para máximos de mais de um ano, impulsionando o dólar e pressionando os mercados accionistas.

De acordo com a FedWatch Tool da CME, a probabilidade de um corte nas taxas de juro pela Reserva Federal dos Estados Unidos, conforme precificado nos mercados de futuros de taxas de juro, aponta apenas para a reunião de Junho.





No Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau demitiu-se após nove anos no poder. Em Outubro próximo estava agendada a eleição para um novo governo, mas provavelmente isso poderá agora acontecer mais cedo. O Partido Conservador lidera o Partido Liberal do ainda primeiro-ministro Trudeau nas sondagens pré-eleitorais. Os nomes falados para sucederem a Justin Trudeau como líder dos liberais são o ex-governador do Banco do Canadá e do Banco de Inglaterra, Mark Carney, e a ex-ministra das finanças Chrystia Freeland. Mark Carney é um nome mais reconhecido pelos mercados financeiros, tendo ajudado o Canadá a evitar o pior da crise económica mundial de 2008 e ajudado o Reino Unido a gerir o Brexit.



Dados Económicos




Nos Estados Unidos, na primeira semana completa de 2025, as atenções voltaram-se de novo em termos de dados económicos para o mercado de trabalho, culminando com os nonfarm payrolls no último dia da semana.
Os primeiros dados do mercado de trabalho divulgados foram os da abertura de novas vagas de emprego, JOLTS, que superaram as expectativas dos mercados ao mostrarem um aumento dos 7,84 milhões de vagas, revistos em alta, do mês de Novembro, para 8,10 milhões em Dezembro, acima dos cerca de 7,7 milhões estimados. Já os dados do emprego privado, ADP, que se seguiram, mostraram um recuo de 146 mil novos postos de trabalho no mês anterior para 122 em Dezembro, abaixo dos 131 mil estimados. Os números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego voltaram a cair atingindo um mínimo de 201 mil, igualando a leitura mais baixa em um ano atingida em Fevereiro de 2024.
Finalmente, no último dia da semana, os números oficiais do mercado de trabalho mostraram que a economia norte-americana aumentou em 256 mil o número de novos postos de trabalho, ultrapassando em muito os cerca de 155 mil esperados e com o anterior número a registar uma pequena revisão em baixo para 212 mil. A taxa de desemprego também surpreendeu os mercados, caindo de 4,2% para 4,1%, enquanto o crescimento salarial por hora de trabalho saiu em linha com o esperado, desacelerando do crescimento de 0,4% em Novembro, para 0,3%.
A atenção dos mercados esteve também focada no PMI da actividade de serviços do ISM. Após logo no início da semana, a leitura final do PMI de serviços da S&P Global ter sido revisto em baixo de 58,5 para 56,8, o ISM PMI de serviços mostrou uma subida de 52,1 para 54,1, acima das estimativas do mercado de 53,5. As componentes de novas encomendas subiram de 53,7 para 54,2 e a componente dos preços disparou de 58,2 para 64,4, levando a receio de pressões inflacionistas.
Tivemos também os dados das encomendas às fábricas que mostraram uma redução em Novembro de 0,4%, ligeiramente maior que a apontada pela previsão de 0,3%, mas com o crescimento de 0,5% revisto em alta do mês anterior.
Os números da balança comercial de Novembro saíram praticamente em linha com as previsões, com o défice de 73,8 mil milhões de dólares do mês anterior a subir para 78,2 mil milhões de dólares.
A semana terminou com a divulgação dos dados preliminares da Universidade de Michigan da confiança do consumidor e das expectativas da inflação. O índice da confiança do consumidor saiu abaixo do esperado, caindo de 74,0 para 73,2, enquanto as expectativas de inflação mostraram também uma forte subida, com as de curto prazo a saltarem de 2,8% para 3,3% e as de cinco anos a subirem de 3% para 3,3%, ambas acima do estimado pelos mercados.

Na Zona do Euro foi a inflação que reteve as atenções dos mercados. Antes dos dados agregados da Zona Euro, os dados regionais apontaram de imediato a possibilidade de termos alguma surpresa em alta, que acabou por não se verificar. Depois de Espanha na semana anterior ter mostrado uma subida maior do que o esperado na inflação, na Alemanha os preços a nível mensal mostraram uma subida de 0,4%, também acima do esperado (0,3%) e depois de uma redução de 0,2% em Novembro. A inflação anual mostrou uma subida de 2,2% para 2,6%, bem acima dos 2,4% estimados. Em França a inflação manteve-se estável nos 1,3%, abaixo da previsão de 1,5%.
Os dados da Zona Euro acabaram por sair em linha com as estimativas do mercado, com os preços a nível mensal a mostrarem uma subida de 0,4%, acima dos 0,2% estimados, mas a medida anual da inflação subiu de 2,2% para 2,4%, como esperado, e a inflação subjacente manteve-se estável a 2,7%.
A inflação à porta das fábricas ficou ligeiramente acima do esperado. Os preços a nível mensal aceleraram de 0,4% em Outubro, para 1,6% em Novembro, ligeiramente acima dos 1,5% estimados.
Em termos de mercado de trabalho, a taxa de desemprego mantém-se estável a 6,3% em mínimos históricos, a leitura final do PMI de serviços foi revista ligeiramente em alta de 51,4 para 51,6 e o índice de Confiança do Investidor Sentix, saiu bem em linha com as estimativas de -17,7 caindo dos -17,5 do mês anterior.
Tivemos ainda os números das vendas a retalho do mês de Novembro que mostraram um aumento de apenas 0,1%, ficando bem abaixo das estimativas de 0,5%, após uma queda revista em baixo do mês anterior de 0,3%.
A nível regional tivemos:
Em Itália, a taxa de desemprego de Novembro caiu de 5,8% para 5,7%, contrariando as estimativas para um aumento, e as vendas a retalho caíram inesperadamente 0,4% face a um aumento esperado de 0,2% e após a queda de 0,5% do mês anterior.
Na Alemanha, os números das encomendas às fábricas despontaram o mercado com uma queda de 5,4% bem abaixo dos 0,3% estimados e após a queda de 1,5% no mês anterior. As vendas a retalho também desiludiram, caindo 0,6%, contrariando o crescimento previsto de 0,5%, após a queda anterior revista em baixo de 0,3%. Já a produção industrial aumentou em Novembro 1,5%, bem mais do que os 0,5% estimados e após uma queda revista em baixo de 0,4% em Outubro. Também a balança comercial superou as estimativas do mercado com o excedente a aumentar de 13,4 mil milhões de euros para 19,7 mil milhões, face aos 14,4 mil milhões de euros esperados.
Em França, o défice da balança comercial caiu de 7,5 mil milhões de euros, revistos em baixo no mês anterior, para 7,1 mil milhões, em linha com o estimado, as despesas do consumidor aumentaram 0,3%, ligeiramente acima dos 0,1% estimados e após a contracção revista em baixo de 0,3% no mês anterior, enquanto a produção industrial surpreendeu os mercados ao aumentar 0,2%, contrariando as expectativas de uma queda de 0,1%, com a queda do mês anterior a ser revista em alta para 0,3%.

No Reino Unido, relativamente a dados económicos, foi uma semana bastante tranquila.
Começamos por ter os dados finais do PMI de serviços da S&P Global que foram revistos em baixo de 51,4 para 51,1.
O PMI da construção recuou mais do que o estimado pelo mercado de 55,2 para 53,3, face aos 54,3 previstos anteriormente.
O índice de vendas a retalho like-for-like do BRC, subiu inesperadamente 3,1%, bem diferente da queda estimada de 0,2%, quase que recuperando completamente a queda anterior de 3,4%.
O índice de preço das casas Halifax mostrou uma queda de 0,2%, face a uma estimativa de uma subida de 0,8% e depois da subida, revista em baixo, de 1,2% do mês anterior.

No Canadá foram também os mercados de trabalho que maior destaque receberam esta semana e, tal como nos Estados Unidos, surpreenderam também os mercados. O emprego canadiano aumentou em Dezembro em 91 mil novos postos de trabalho, o maior aumento em quase dois anos, com o trabalho a tempo inteiro a ser responsável pelo aumento de 58 mil empregos e de 33 mil em part-time. A taxa de desemprego caiu de 6,8% para 6,7%, face a estimativas que apontavam para que se mantivesse inalterada a 6,8%, com a taxa de participação a manter-se nos 65,1%.
A semana começou com os números da balança comercial a mostrarem um défice de 300 milhões de dólares canadianos, bem abaixo dos 600 milhões estimados e após um défice revisto em baixo de 500 milhões no mês anterior.
O índice Ivey PMI subiu de 52,3 para 54,7, abaixo dos estimados 55,4.
Os números das licenças de construção voltaram a cair, desta vez 5,9%, após a queda de 4,1% revista em alta do mês anterior, desiludindo os mercados que esperavam ver uma recuperação de 1,8%.

Na Suíça as atenções estiveram voltadas para os dados da inflação, que mostraram nova queda mensal nos preços de 0,1% e com a inflação anual a cair de 0,7% para 0,6%.
Tivemos também os números das vendas a retalho que mostraram uma queda mensal de 0,1%, face a um aumento esperado de 0,3%, levando a medida em termos homólogos a cair de 1,5%, revisto em alta, para 0,8%, ficando bem abaixo dos 1,3% estimados.
As reservas em moeda estrangeira do Banco Nacional da Suíça subiram de 724,7 mil milhões de francos suíços para 731 mil milhões.
Por fim, a taxa de desemprego manteve-se nos 2,6%, tal como estimado pelos mercados.

Na China o destaque da semana foi também para os dados da inflação. Os dados publicados mostraram que as tendências deflacionistas se mantêm, apesar dos vários esforços do governo para reavivar a procura interna. Os preços mantiveram-se inalterados em Novembro, com a inflação anual a cair de 0,2% para 0,1%. A inflação subjacente (excluindo alimentos e energia) em termos anuais aumentou ligeiramente de 0,3% para 0,4%. Os preços à porta das fábricas continuaram negativos pelo 27º mês consecutivo, caindo 2,3% em termos anuais, mas abrandando da queda de 2,5% do mês anterior.
Tivemos também o PMI de serviços da Caixin que atingiu 52,2, acima dos 51,5 do mês anterior, contrariando uma queda ligeira estimada para 51,4. O número sinaliza o maior crescimento no sector dos serviços chinês desde Maio.

No Japão o índice da confiança do consumidor mostrou uma queda de 36,4 para 36,2, desiludindo os mercados que esperavam por uma subida para 36,6.
Já os números dos ganhos médios salariais surpreenderam positivamente os mercados, acelerando da subida de 2,2% no mês anterior, para um ganho de 3,0%, bem acima dos 2,7% estimados pelos mercados.
A despesa das famílias caiu 0,4%, menos do que o estimado pelo mercado de 0,8% e após a queda de 1,3% do mês anterior.

Na Austrália foi também a inflação que reteve as principais atenções dos mercados. A inflação aumentou em termos anuais de 2,1% em Outubro, para 2,3% em Novembro. A medida mais observada pelo banco central, que exclui 30% dos itens mais voláteis, caiu dos 3,5% em Outubro, para 3,2% em Novembro, aproximando-se do intervalo alvo do RBA de 2-3%.
Os números das vendas a retalho mostraram um aumento de 0,8% em Novembro, ficando abaixo dos 1% estimados pelo mercado, mas acima do aumento revisto em baixo do mês anterior de 0,5%.
A balança comercial de Novembro mostrou um excedente de 7,08 mil milhões de dólares australianos, contrariando as estimativas que apontavam para uma queda dos 5,67 mil milhões (revistos em baixo) no mês anterior para 5,62 mil milhões.
Os dados das licenças de construção mostraram uma queda de 3,6%, bem maior do que a queda estimada de 0,9%, após o aumento anterior revisto em alta de 5,2%.


Mercados accionistas



Dólar e yields obrigacionistas em alta, assim como expectativa de cortes de taxas de juro a abrandarem, levaram a que a semana terminasse com os mercados accionistas pressionados.

Os mercados accionistas asiáticos, com poucas excepções, terminaram a semana em perdas significativas.
No Japão, o Banco do Japão ficou mais perto de subir taxas na reunião deste mês de Janeiro, depois de os dados do crescimento salarial terem saído acima do estimado. O índice Nikkei terminou a semana a perder 1,72% e o Topix 2,54%.
Na China, apesar das promessas de estímulos, os mercados reagiram mais ao anúncio de suspensão de compra de obrigações por parte do banco central chinês, que levou a uma subida das yields. O índice CSI300 perdeu 1,13%, o Shanghai Composite 1,34% e o Hang Seng, de Hong Kong, liderou as perdas ao cair 3,52%.
Na Austrália e na Coreia do Sul tivemos as excepções da semana, com o ASX 200 a avançar modestamente 0,53% e o Kospi a ganhar uns expressivos 3,02%, liderando os ganhos globais da semana.
Na Índia, o índice Nifty 50 perdeu esta semana 2,36%.

Na Europa, a notícia de que Donald Trump poderá não avançar tão agressivamente com tarifas como receado inicialmente, deu algum suporte aos mercados accionistas europeus. Os dados da inflação em linha com o esperado mantiveram as expectativas de continuação de cortes de taxas de juro por parte do Banco Central Europeu, acrescentando também algum suporte aos preços das acções.
O índice Euro Stoxx 600 avançou esta semana uns modestos 0,65%, enquanto o Euro Stoxx 50 ganhou 2,16%.
Na Alemanha, o índice DAX ganhou 1,58% e o CAC 40, de França, 2,04%.
No Reino Unido, o índice FTSE 100 avançou modestamente 0,30%, pressionado pela subida das yields das gilts de longo prazo.
Por cá, por Portugal, o índice PSI negociou em contraciclo, caindo 2,25%.

Nos Estados Unidos, os mercados accionistas registaram perdas significativas, pressionados pela forte subida das yields obrigacionistas que dispararam para máximos de mais de um ano, enquanto os mercados recuaram nas expectativas de cortes de taxas de juro, apontando agora para um corte de 25 pontos lá para a segunda metade do ano.
O índice Dow Jones caiu esta semana 1,88%, o S&P 500 1,95% e o Nasdaq 2,35%, enquanto o índice de pequenas empresas Russell 2000 liderou as perdas, ao perder mais de 3% (3,59%).
Em ganhos esteve mesmo o índice VIX, conhecido como o índice do medo, que subiu esta semana mais de 20%.

Gráfico Fonte XTB xStation 5


Mercado cambial



Esta semana o mercado foi impactado também pelos fortes indicadores económicos divulgados nos Estados Unidos que levaram a uma subida generalizada das yields obrigacionistas, impulsionando o dólar norte-americano. O ruído provocado por Donald Trump durante esta semana, que promete ser apenas o início de um longo período, trouxe um aumento considerável de volatilidade ao mercado cambial.

O dólar norte-americano continuou a tendência com que terminou 2024 e iniciou 2025, em alta. Yields obrigacionistas em máximos de mais de um ano e expectativa dos mercados de um Fed menos agressivo na flexibilização monetária, impulsionaram o dólar para novos máximos.
O índice DXY registou um novo máximo do ano ao atingir os 109,80, nível que não se registava desde Novembro de 2022, terminando a semana a negociar a 109,50, após ter iniciado a semana a 108,80.

O EUR/USD voltou esta semana a registar um novo mínimo do ano, e dos últimos dois anos, com os dados da inflação da Zona Euro a manterem em aberto a continuação do ciclo de cortes de taxas de juro por parte do Banco Central Europeu, enquanto o Fed está cada vez mais perto de terminar o seu ciclo de cortes.
O EUR/USD, que iniciou a semana a recuperar do mínimo registado no primeiro dia do ano a 1,0224, ainda registou um máximo a 1,0436, impulsionado por perdas do dólar quando da história do Washington Post sobre o plano tarifário de Trump. Mas bons dados económicos norte-americanos pressionaram o par que terminou a semana a negociar a 1,0245, depois de ter registado um novo mínimo do ano a 1,0210, após o surpreendente número dos nonfarm payrolls, a um nível que não se verificava desde Novembro de 2022.

A libra continuou a cair esta semana e é a moeda com o pior desempenho desde o início do ano (-1,59%). Os mercados obrigacionistas registaram perdas acentuadas, levando as respectivas yields para máximos, com os mercados a recearem que o governo trabalhista terá dificuldades em manter o défice sob controlo, com o aumento dos custos dos empréstimos. Este movimento da libra levou a comparações com o sucedido quando do mini-orçamento de Liz Truss em 2022.
O GBP/USD começou a semana a negociar a 1,2427 e ainda registou um máximo de 1,2576, mas terminou a semana a 1,2209, após ter registado um mínimo abaixo de 1,2200 (1,2191), em níveis que não se verificavam desde Novembro de 2023.
O EUR/GBP começou a semana a negociar em torno de mínimos a 0,8291 para terminar a 0,8392, recuando de um máximo de 0,8407.

O iene japonês continuou esta semana a negociar em torno dos recentes mínimos, entre ganhos das yields obrigacionistas tanto do dólar como do iene e apesar dos avisos que se foram ouvindo por parte de responsáveis tanto do Banco do Japão como do Ministério das Finanças, de que estavam a acompanhar os movimentos do iene.
Os dados dos ganhos salariais colocaram mais perto a possibilidade de uma subida de taxas por parte do Banco do Japão, mas isso não levou a ganhos relevantes do iene, assim como a forte subida do dólar também não levou o iene a perdas significativas do iene face ao dólar.
O USD/JPY começou a semana a negociar a 157,25 e terminou a 157,75, tendo o par ficado contido durante esta semana entre um mínimo de 156,24 e um máximo do ano, e dos últimos seis meses, de 158,88.
O EUR/JPY ficou entre um mínimo de 161,21 e um máximo de 164,55, tendo começado a semana a negociar a 162,04 e terminado a 161,62.

O franco suíço continuou a tendência de final de ano e início deste ano, em baixa, pressionado esta semana ainda mais por dados das vendas a retalho abaixo do esperado, assim como da inflação, com as expectativas dos mercados a colocarem maior probabilidade de novo corte de taxas de juro por parte do Banco Nacional da Suíça na reunião de Março.
O USD/CHF começou a semana a negociar a 0,9087, atingindo um mínimo de 0,9008, para terminar a 0,9164, recuando do máximo de 0,9189.
O EUR/CHF terminou a semana a negociar a 0,9389, após ter começado a semana em mínimos a 0,9363 e ter atingido um máximo de 0,9440.

Um dólar mais forte e yields obrigacionistas em alta, em conjunto com expectativas de um aumento de tarifas nas importações dos Estados Unidos são mais que razões para que as moedas emergentes continuem pressionadas.

Esta semana o real brasileiro destacou-se das demais moedas ao conseguir ganhar face ao dólar, entre dados acima do esperado na economia brasileira e ainda pelos incentivos ao consumo na China, que poderá levar a um aumento das importações do Brasil. O real ganhou esta semana cerca de 1,5% face ao dólar e 2,3% face ao euro.
O USD/BRL caiu dos recentes máximos do final de 2024 acima de 6,30, para terminar esta semana a negociar a 6,09, ainda assim recuando de um mínimo de 6,03.

Já o rand sul-africano foi a moeda dos mercados emergentes que mais perdeu esta semana, caindo cerca de 2% face ao dólar norte-americano e 1,4% face ao euro.
O USD/ZAR começou a semana a negociar a 18,767, registou ainda um mínimo de 18,431, mas terminou a 19,119, perto do máximo dos últimos nove meses a 19,211.
O EUR/ZAR começou a semana a negociar a 19,341 e terminou a 19,586, tendo o par ficado confinado entre um mínimo de 19,216 e um máximo de 19,671.

Gráfico Fonte XTB xStation 5


Commodities



Petróleo

Os mercados petrolíferos terminaram a semana a negociar em ganhos significativos, após os Estados Unidos terem imposto sanções mais agressivas à indústria petrolífera russa. As medidas têm como alvo duas empresas que gerem mais de um quarto das exportações marítimas de petróleo da Rússia, a Gazprom Neft e a Surgutneftegas, bem como seguradoras vitais e uma vasta frota de petroleiros. Isto, enquanto condições atmosféricas adversas tanto na Europa como nos Estados Unidos levam a um aumento do consumo de petróleo.

Os preços do petróleo negociaram pela terceira semana consecutiva em ganhos, com o Brent a subir 4,3% e o WTI 3,5%.
O preço do Brent terminou a semana a negociar a $79,75 por barril, após a ter iniciado a $76,50, tendo ficado confinado entre um mínimo de $75,70 e um máximo de três meses a $80,75.
O WTI começou a semana a negociar a $74,15 por barril para terminar a $76,70, tendo registado um mínimo de $72,85 e um máximo de $77,85.

Gráfico Fonte XTB xStation 5



Ouro

O ouro voltou esta semana a negociar em ganhos significativos, mesmo com as yields obrigacionistas e o dólar a registarem ganhos consideráveis. A incerteza em torno das políticas tarifárias do presidente eleito Donald Trump, vistas como inflacionistas, continuou a alimentar a procura pelo metal amarelo. O preço do ouro subiu pela segunda semana consecutiva, registando uma valorização semanal de 2,3%.

A onça de ouro começou a semana a negociar a $2.640,00 e ainda registou um mínimo a $2.614,75, mas voltou a negociar em alta o resto da semana, tendo atingido um máximo do ano a $2.698,00, terminando a semana a negociar a $2.690,25.

Gráfico Fonte XTB xStation 5



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