Semana Revista
A Reserva Federal e os outros
As projecções da Reserva Federal foi o principal impulsionador dos mercados esta semana, onde tivemos também mais reuniões de bancos centrais assim como os dados de actividade económica privada.
Esta é a última publicação da Semana Revista em 2024. Estaremos de volta a 4 de Janeiro de 2025.
Os bancos centrais foram o grande tema da semana, com os mercados financeiros especialmente focados nas projecções da Reserva Federal dos Estados Unidos, mas onde também seguiram atentamente as decisões no Japão, Reino Unido, Noruega e Suécia, entre muitos outros bancos centrais que tiveram reuniões de política monetária esta semana.
A agenda económica esteve também esta semana repleta de indicadores importantes, onde se destacaram os dados de actividade económica privada logo no início da semana, principalmente os referentes à Zona Euro.
A Reserva Federal dos Estados Unidos anunciou esta semana aquilo que o mercado já tomava como certo, um corte de 25 pontos base nas suas taxas de juro, levando o intervalo da taxa dos seus Fed funds de 4,50%-4,75% para 4,25%-4,50%.
Mas a reunião deste mês tinha não só decisões de política monetária, mas também a revisão das projecções do FOMC, as ”Summary of Economic Projections” (Resumo das Projecções Económicas), onde se incluem os dot plot.
As projecções para o PIB em 2024 subiram de 2,0% em Setembro para 2,5% nas projecções desta semana, em 2025 de 2,0% para 2,1%, tendo-se mantido nos 2,0% para 2026. O FOMC aponta agora para que a taxa de desemprego termine 2024 nos 4,2%, abaixo dos 4,4% em Setembro, e 4,3% para 2025, também abaixo dos 4,4% estimados em Setembro. A inflação foi revista em alta, com o Core PCE de 2,6% para 2,8% para o final de 2024, de 2,2% para 2,5% no final de 2025 e de 2,0% para 2,2% em 2026.
Mas foram os dot plot com as projecções das taxas de juro que maior impacto teve directamente nos mercados financeiros, com os membros do FOMC a projectarem apenas dois cortes de taxas de juro em 2025, face a quatro projectados na reunião de Setembro. A mediana das projecções aponta para que a taxa dos Fed funds em 2025 termine no intervalo 3,75%-4,00% face às projecções de Setembro de 3,25%-3,50% e 3,25%-3,50% para 2026, face a 2,75%-3,00% anteriormente.
Jerome Powell disse que o banco central será mais cauteloso ao considerar quaisquer ajustes nas taxas directoras. “Reduzimos a nossa taxa directora em um ponto percentual em relação ao seu pico e a nossa postura de política monetária é agora significativamente menos restritiva”, “Podemos, portanto, ser mais cautelosos ao considerarmos novos ajustes.”
Alguns membros do Fed já vieram comentar após a reunião de quarta-feira passada. Mary Daly, presidente do Fed de S. Francisco, disse que a economia está bem colocada e está muito confortável com a projecção de dois cortes de taxas no próximo ano. Acrescentou que a decisão desta semana sobre as taxas foi renhida. John Williams, presidente do Fed de Nova Iorque, congratulou-se com o "movimento considerável em baixo da inflação nos últimos dois anos", mas sublinhou a necessidade contínua de depender de dados no ajuste da política monetária. Revelou que foi um dos que levou em consideração algumas das políticas esperadas de Trump sobre comércio externo e imigração. Beth Hammack, presidente do Fed de Cleveland, discordou da decisão de quarta-feira passada. Explicou preferir ver mais progresso nos preços antes de cortar novamente as taxas, que devem permanecer altas o suficiente para restringir modestamente a actividade "por algum tempo", disse.
As yields obrigacionistas continuaram a tendência ascendente que vinham a registar, com os 10 anos a situarem-se acima dos 4,50% e o dólar retomou também a forte tendência ascendente, com o índice DXY a negociar acima de 108,00 e o EUR/USD a voltar a negociar abaixo de 1,0400.
A reunião do Banco do Japão era outra das mais ansiosamente esperadas pelo mercado, que se dividia entre a manutenção das taxas ou um aumento de 25 pontos base. Ganhou a ala dovish, ou seja, os que esperavam por uma manutenção do actual nível de taxas por parte do banco central nipónico.
De novo, mais do que a decisão de taxas, mesmo com os mercados divididos, o que teve maior impacto nos mercados foi o posicionamento do Banco do Japão.
Um dos membros do Banco do Japão, Tamura, discordou da decisão de manter as taxas inalteradas e votou a favor de um aumento, uma vez que a economia e os preços evoluíam como esperado e os riscos de inflação aumentavam. Com a economia “provavelmente a continuar a crescer a um ritmo acima da sua taxa de crescimento potencial” e com a expectativa de que a inflação se manterá sustentadamente no objectivo, tal como projectado nas perspectivas de Outubro, um terceiro aumento está, no entanto, iminente.
O governador Kazuo Ueda confirmou isto durante a conferência de imprensa, mas disse querer primeiro mais informações sobre os aumentos salariais. A falta dessas informações foi a razão pela qual terão mantido as taxas. Dado que estas negociações salariais só têm lugar em Fevereiro/Março, um aumento das taxas em Janeiro ficou subitamente questionado, pressionando de novo o iene, já pressionado por um dólar forte após a reunião do Fed.
Mas esta semana houve um número alargado de reuniões de bancos centrais, com grande parte do seu resultado já amplamente esperado pelos mercados.
O Banco de Inglaterra foi um dos grandes bancos centrais globais que teve a sua reunião esta semana, deixando inalterada a sua taxa de juro de referência nos 4,75%, como amplamente esperado pelos mercados.
A única surpresa, e sem um grande impacto no mercado, foi no número de votantes para um corte na reunião desta semana, três. O Banco de Inglaterra continua a sublinhar a abordagem gradual para reduzir a restritividade da política monetária. Os mercados esperam agora por um possível novo corte de taxas na reunião de Fevereiro do próximo ano.
O Norges Bank, como amplamente esperado pelos mercados, manteve também a sua taxa de juro inalterada, cumprindo a promessa de manter as taxas estáveis em 4,5% até ao final do ano.
O banco central norueguês disse que uma política monetária restritiva ainda é necessária, mas que o momento de começar a flexibilização monetária está a aproximar-se, com Março de 2025 a ser a oportunidade mais provável para tal acontecer. A inflação ficou um pouco abaixo do esperado, oferecendo algum espaço para cortes nas taxas. O PIB poderá expandir-se a um ritmo mais rápido no próximo ano do que o esperado em Setembro, devido à política fiscal, aos gastos do consumidor e ao maior investimento em petróleo do que o assumido anteriormente.
Uma das principais razões para o Norges Bank ter mantido as taxas estáveis por tanto tempo foi a fraca moeda norueguesa. O banco central ainda vê a coroa norueguesa como um risco-chave que poderá inviabilizar quaisquer planos de corte de taxas se se depreciar ainda mais. As expectativas do mercado monetário foram pouco alteradas com um primeiro corte de taxas a continuar precificado para Março.
O Riksbank reduziu a sua taxa de juro em mais 25 pontos base, dos 2,75% para 2,50%. Se a perspectiva económica e de inflação se mantiver, espera reduzir as taxas mais uma vez no primeiro semestre de 2025.
Com base nas próprias previsões de taxas do banco central sueco, essa também seria a última do ciclo atual. Do segundo trimestre de 2025 até 2027, ele estimou uma taxa de referência de 2,25%. Este é exatamente o ponto médio da estimativa de taxa neutra de 1,5-3%. Um sinal de que o banco central se está a aproximar do fim do ciclo é a primeira revisão em alta das previsões de inflação de Dezembro desde Março deste ano.
Tivemos ainda mais bancos a decidirem sobre política monetária.
O People’s Bank of China manteve as suas prime rates a um a e cinco anos inalteradas, nos actuais níveis de 3,10% e 3,60%, respectivamente. O Banco do México, tal como amplamente esperado, reduziu a sua taxa de juro de 10,25% para 10%.
O Banco Nacional Checo manteve inalterada a sua taxa de juro nos 4% e o Banco Central Da Hungria nos 6,5%.
Na Tailândia as taxas também ficaram inalteradas nos 2,25%, tal como na Indonésia nos 6%. Na Colômbia as taxas foram reduzidas de 9,75% para 9,50%, No Chile de 5,25% para 5% e nas Filipinas de 6% para 5,75%.
Dados Económicos
Nos Estados Unidos, uma semana bastante bem preenchida de indicadores económicos começou com os dados de actividade económica privada. Os dados surpreenderam os mercados, com o índice S&P Global PMI composto a subir de 54,9 para 56,6, face a estimativas de uma ligeira queda para 54,4. O índice da actividade manufactureira caiu de 49,7 para 48,3, face a uma queda menor esperada para 49,4, enquanto o índice de serviços contrariou as estimativas do mercado (e a última indicação dada pelo índice do ISM), subindo de 56,1 para 58,5, bem acima dos 55,7 estimados.
Já o índice manufactureiro de Nova Iorque caiu de 31,2 para 0,2, ficando bem abaixo das estimativas que apontavam para 6,4. O índice manufactureiro do Fed de Filadélfia também mostrou uma queda inesperada de -5,5 para -16,4, contrariando estimativas de crescimento para +2,5.
O PIB do terceiro trimestre foi revisto em alta, mostrando que a economia norte-americana cresceu 3,1%, acima dos 2,8% da leitura preliminar.
O número semanal de novos pedidos de subsídio de desemprego caiu de 242 mil para 220 mil, face a estimativas que apontavam para 245 mil novos pedidos.
As vendas a retalho de Novembro aumentaram mais do que o estimado, de um crescimento de 0,5% no mês anterior, para 0,7%, face a 0,6% estimados, mas se excluídas as vendas automóveis, as vendas ficaram abaixo do estimado de 0,4%, para um aumento de 0,2%, em linha com os 0,2% revistos em alta do mês de Outubro.
A produção industrial voltou a contrair, caindo 0,1%, face às estimativas de um aumento de 0,2% e depois de uma queda revista em baixo do mês anterior de 0,4%.
Os inventários empresariais subiram 0,1%, melhor do que o apontado pelo mercado de 0,2%, após o crescimento de 0,1% do mês anterior.
O défice da conta corrente do terceiro trimestre aumentou dos 275 mil milhões de dólares revistos em alta do trimestre anterior, para 311 mil milhões, ficando bem acima dos 286 mil milhões estimados pelo mercado.
No mercado imobiliário, o índice NAHB manteve-se estável nos 46, face às estimativas de uma pequena subida para 47. Os números das licenças de construção em Outubro aumentaram 6,1%, bem mais do que os 1,3% estimados pelo mercado, enquanto o início de construção de casas caiu 1,8%, face às estimativas de um aumento de 2,3%. As vendas das casas existentes aumentaram mais do que o estimado, acelerando dos 3,4% do mês anterior para 4,8%, bem acima dos 1% previstos.
A semana terminou com a importante medida preferida do Fed para a inflação, o Core PCE Price Index, que surpreendeu os mercados mostrando um aumento mensal dos preços de 0,1%, abaixo dos 0,2% estimados e dos 0,3% no mês anterior, com a medida anual a manter-se nos 2,8%. O rendimento pessoal aumentou 0,4%, em linha com as estimativas, desacelerando dos 0,6% do mês anterior, enquanto a despesa pessoal cresceu 0,4% em linha com o mês anterior, mas ligeiramente abaixo das estimativas que apontavam para 0,5%.
A revisão dos dados da Universidade de Michigan mantiveram o índice de confiança do consumidor nos 74,0 e as expectativas de inflação de curto prazo foram revistas em baixo de 2,9% para 2,8%.
Na Zona do Euro a semana começou logo com o destaque da semana, os dados da actividade económica privada, que recuperaram grande parte da queda registada em Novembro.
O PMI composto do HCOB mostrou um crescimento da actividade económica, com o índice a subir de 48,3 para 49,5, bem acima de uma pequena queda estimada para os 48,2, ainda assim mantendo-se em contracção. O índice manufactureiro manteve-se a 45,2, face a uma ligeira subida esperada para 45,3, enquanto o sector de serviços subiu de 49,5 para 51,4, quando as estimativas apontavam que se mantivesse nos 49,5.
Minutos antes dos dados agregados da Zona Euro, os PMI de França e da Alemanha já apontavam nesse sentido. Os índices compostos, se bem que em contracção, recuperaram ligeiramente. Em França, os serviços melhoraram de 46,9 para 48,2, bem acima do esperado, enquanto o manufactureiro recuou, novamente, de 43,1 para 41,9. Na Alemanha, o PMI industrial caiu de 43 para 42,5, contrariando as estimativas de uma ligeira subida para 43,1, enquanto o PMI de serviços subiu de 49,3 para 51, voltando a expandir.
As atenções estiveram também voltadas para os indicadores alemães de confiança económica IFO e ZEW. O IFO recuou mais do que o estimado, de 85,6 revisto em baixo do mês passado, para 84,7, enquanto o ZEW mostrou uma subida de 7,4 para 15,7, contrariando as estimativas de uma queda para 6,4. O ZEW da Zona Euro também subiu de 12,5 para 17, face às estimativas de uma queda para 11,8.
Os números finais da inflação de Novembro da Zona Euro mostraram uma ligeira revisão em baixo, com a inflação anual total a cair 2,3% para 2.2% e a subjacente a manter-se nos 2,7%.
O índice de confiança do consumidor voltou a cair, desta vez de -14 para -15, contrariando as estimativas para ficar estável nos -14.
Os números da balança comercial mostraram um excedente de 6,1 mil milhões de euros, uma queda bem maior do que a estimada dos 12,6 mil milhões revistos em baixo do mês anterior, para 11,9 milhões de euros.
Já em Itália, o excedente comercial mostrou uma subida dos 2,58 milhões de euros, para 5,15 mil milhões, bem acima das previsões do mercado de 3,22 milhões de euros.
Na Alemanha, tivemos ainda a divulgação do índice de confiança do consumidor GfK que mostrou uma recuperação de -23,1, revistos em alta do mês anterior, para -21,3, acima dos -23,1 estimados pelo mercado. O Índice de Preço no Produtor mostrou um aumento dos preços de 0,5%, acima dos 0,3% estimados e acelerando dos 0,2% no mês anterior.
No Reino Unido as atenções estiveram especialmente voltadas para os dados do emprego e da inflação.
A taxa de desemprego manteve-se nos 4,3%, mas os pedidos de subsídio de desemprego foram de 300, bem abaixo dos 28,2 mil esperados e de -10,9 mil no mês anterior, revistos de 26,7 mil. Os ganhos médios salariais aceleraram de 4,5% revistos em alta do mês anterior, para 5,2%, bem acima dos 4,6% estimados pelo mercado.
A inflação anual subiu de 2,3% para 2,6%, ligeiramente acima de 2,5% previsto, com os preços em termos mensais a aumentarem 0,1%, abaixo dos 0,2% estimados e após o aumento de 0,6% do mês anterior. Sem energia nem alimentos, a inflação subiu de 3,3% para 3,5%, ficando abaixo dos 3,6% estimados.
Tivemos também os S&P Global PMI que mostraram que a actividade económica privada se manteve estável, com o índice composto a ficar nos 50,5, em linha com o do mês passado, acima dos 50 estimados. Também por aqui vimos um recuo na actividade industrial (de 48 para 47,3, face a uma subida esperada para 48,1) e um crescimento da actividade de serviços, onde o índice subiu de 50,8 para 51,4, acima dos 51,0 estimados.
Tivemos ainda os números das vendas a retalho que cresceram em Novembro 0,2% em termos mensais, ficando abaixo dos 0,4% estimados pelo mercado, recuperando parte da queda de 0,7% do mês de Outubro. Excluindo as vendas de combustíveis, as vendas subiram 0,3%, recuperando parcialmente da queda de 0,9% do mês anterior, mas ficaram abaixo das estimativas de um aumento de 1%.
O índice das Expectativas de Encomendas Industriais da CBI caiu de -19 para -40, desiludindo os mercados que esperavam uma ligeira queda para -22.
Os números dos empréstimos líquidos no sector público mostraram um recuo de 18,2 mil milhões de libras revistos em alta do mês anterior, para 11,2 mil milhões, melhor do que os 15,5 mil milhões previstos.
O índice de vendas realizadas CBI mostrou uma subida de -18 para -15, ficando abaixo das estimativas que apontavam para -10.
No Canadá, esta semana as atenções dividiram-se principalmente entre os dados da inflação e das vendas a retalho.
Em Novembro, os preços estabilizaram e a inflação anual caiu de 2% para 1,9%, desafiando as estimativas do mercado que apontavam para uma subida para 2,2%. A inflação subjacente, sem alimentos nem energia, também caiu, de 1,7% para 1,6%, face a previsões de se manter nos 1,7%. A medida mais seguida pelo Banco do Canadá, que exclui 40% dos itens mais voláteis, manteve-se nos 2,7% revistos em alta do mês anterior, face a uma queda prevista para 2,5%, com a mediana a ficar também inalterada da leitura do mês anterior revista em alta de 2,6%, face a uma estimativa de 2,4%.
As vendas a retalho mantiveram o ritmo de crescimento do mês anterior revisto em alta de 0,6%, acima dos 0,5% previstos, com as vendas, excluindo as vendas automóveis, a desacelerarem do aumento revisto em alta do mês anterior de 1,1%, para 0,1%, bem abaixo das estimativas que apontavam para 0,7%.
No mercado imobiliário, o início de construção de casas aumentou de 242 mil, revistos em alta, para 262 mil, superando as estimativas do mercado de 246 mil. O índice de preços de casas novas saiu em linha com o esperado, com um aumento de 0,1%, após a queda de 0,4% no mês anterior.
Na Suíça, o Índice de Preços do Produtor de Novembro mostrou uma queda mensal nos preços de 0,6%, a terceira queda consecutiva, contrariando previsões de um aumento de 0,2%.
Os números da balança comercial de Novembro mostraram um excedente comercial de 5,42 mil milhões de francos suíços, caindo de um excedente revisto em baixo de 8,03 mil milhões e ainda abaixo das previsões que apontavam para 6,2 mil milhões de francos suíços.
Na China, os dados divulgados esta semana desiludiram os mercados. A produção industrial saiu em linha com o esperado, aumentando 5,4%, ligeiramente acima dos 5,3% do mês anterior de Outubro. As vendas a retalho desaceleraram do aumento de 4,8% do mês anterior, para 3,0%, ficando bem abaixo dos 4,8% estimados. A taxa de desemprego manteve-se nos 5%, enquanto o ritmo de crescimento no investimento em activos fixos desacelerou de 3,4% para 3,3%, face a uma estabilização estimada nos 3,4%. O índice de preço de casas novas, em termos anuais, mostrou uma queda de 5,7%, acima dos 5,9% do mês anterior e melhor do que a queda de 6% estimada pelo mercado.
No Japão as atenções, relativamente a indicadores económicos, voltaram-se para dados da inflação. Os preços em termos mensais aumentaram 0,6%, bem acima das estimativas de 0,2% e dos 0,4% do mês anterior, onde a inflação anual subiu de 2,3% para 2,9%, bem acima dos 2,5% previstos. Sem alimentos frescos, a medida mais de perto observada pelo Banco do Japão, a inflação subiu de 2,3% para 2,7%, ficando também acima das estimativas que apontavam para 2,6%.
A semana começou com a divulgação das encomendas de maquinaria de Outubro, sem navios e centrais energéticas, que aumentaram 2,1%, ficando bem acima dos 1,2% estimados e da queda de 0,7% do mês anterior.
O índice PMI manufactureiro do Jibun Bank mostrou uma subida de 49,0 para 49,5, bem acima com as estimativas de 49,2.
O défice da balança comercial em Novembro aumentou dos 230 mil milhões de ienes revistos em baixo em Outubro, para 380 mil milhões, um défice menor que o de 450 mil milhões de ienes estimados pelo mercado.
Na Nova Zelândia as atenções voltaram-se esta semana para os números do PIB do terceiro trimestre deste ano. O PIB apanhou os mercados de surpresa, mostrando uma contracção da economia neozelandesa, em termos homólogos de 1,5%, face a uma queda estimada de 0,4%, após a queda de 0,5% mostrada no trimestre anterior. Em termos trimestrais a queda foi de 1%, acima dos 0,4% estimados e após a queda de 1,1% revista em baixo no trimestre anterior.
No início da semana, o índice de serviços do BusinessNZ mostrou uma subida de 46,2 revisto em alta do mês anterior, para 49,5.
O índice de confiança do consumidor da Westpac também subiu, de 90,8 para 97,5, bem acima dos 92 estimados pelos mercados, enquanto o índice de confiança empresarial ANZ, caiu de 64,9 para 62,3, ficando acima das estimativas de 60.
A balança comercial de Novembro mostrou um défice de 437 milhões de dólares neozelandeses, contrariando as estimativas que apontavam para um aumento do défice revisto em alta de 1,7 mil milhões de dólares neozelandeses, para 1,95 mil milhões.
Na Austrália foi uma semana leve de indicadores económicos, com o maior destaque a ir para a divulgação dos PMIs do Judo Bank. O PMI manufactureiro contrariou as estimativas e recuou de 49,4 para 48,2, face a uma subida esperada para 50,2. O sector de serviços também recuou, mas mais ligeiramente, de 50,5 do mês passado, para 50,4, face a um aumento esperado para 51,1.
O índice de confiança do consumidor da Westpac também desiludiu os mercados, caindo de 94,6 para 92,8, contra estimativas de uma subida para 96.
Mercados accionistas
Na última semana completa deste ano de 2024, e com os bancos centrais a continuarem a reduzir as suas taxas de juro de referência, os mercados accionistas registaram perdas semanais significativas.
Incertezas políticas desde a Ásia à Europa, o banco central norte-americano a prever reduzir menos as taxas de juro em 2025 do que o esperado pelo mercado e as acções a terminarem o ano perto de máximos históricos, acabaram por levar a um recuo dos preços das acções.
Na Ásia, os estímulos fiscais na China que tardam em chegar, incertezas políticas na Coreia do Sul e as yields obrigacionistas a nível global em máximos recentes pressionaram os preços das acções nas diversas praças desta área geográfica.
No Japão, nem um iene de novo em perdas conseguiu levar os mercados para terreno positivo. O índice Nikkei terminou a semana perdendo 1,89% e o Topix 1,62%.
Na China, as acções conseguiram perdas menos acentuadas, com o índice CSI300 a recuar marginalmente 0,14%, o Shanghai Composite 0,70%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, foi o que mais perdeu, recuando 1,25%.
Na Austrália, o índice ASX 200 caiu 2,76% e o Kospi, da Coreia do Sul, 3,62%.
A Índia liderou as perdas, com o índice Nifty 50 a afundar esta semana 4,61%.
Na Europa também foi uma semana negativa, com os investidores pressionados pelas incertezas políticas em França e na Alemanha, além dos avisos continuados de Donald Trump relativamente à possibilidade de tarifas às exportações europeias para os Estados Unidos.
O índice Euro Stoxx 600 liderou as perdas semanais, caindo 2,76%, enquanto o Euro Stoxx 50 perdeu 2,16%.
Na Alemanha, o índice DAX caiu 2,55% e o CAC 40, de França, 1,82%.
No Reino Unido, o índice FTSE 100 perdeu 2,60%.
Por cá, por Portugal, o índice PSI recuou 1,22%, perdendo um pouco menos do que os seus pares europeus.
Nos Estados Unidos, o impulso recebido da vitória de Donald Trump à presidência norte-americana começou a abrandar. A alteração do discurso da Reserva Federal, para um ciclo de corte de taxas de juro, não tão agressivo como o esperado pelos mercados, levou as yields obrigacionistas para máximos, pressionando os mercados accionistas.
O índice Dow Jones registou a terceira semana consecutiva de perdas, recuando esta semana 2,25%. O índice S&P 500 perdeu 1,99%, o Nasdaq 1,74% e o índice de pequenas empresas Russell 200 afundou esta semana 4,53%, na sua pior semana desde o início do mês de Setembro.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Mercado cambial
A reunião da Reserva Federal desta semana trouxe um aumento na volatilidade cambial. Quando todos esperávamos por um final de ano mais tranquilo, as projecções do FOMC, apontando para um ritmo de corte de taxas de juro bem mais suave do que o esperado pelos mercados financeiros, levou a uma subida das yields obrigacionistas e a valorização do dólar norte-americano colocando-o de novo em forte tendência ascendente.
O índice do dólar DXY atingiu um máximos dos últimos dois anos ao negociar a 108,25, acelerando os ganhos registados na semana anterior. As yields a 10 anos continuaram também o caminho das recentes semanas, iniciando a semana a 4,39% para a terminarem acima de 4,50%.
A FedWatch Tool da CME mostra que o mercado desconta agora apenas um corte de taxas durante praticamente todo o próximo ano. Aponta para uma pausa na reunião de Janeiro, com um próximo corte em Março e um segundo na última reunião do próximo ano.
O índice do dólar DXY terminou a semana a recuar dos máximos da semana, negociando a 107,50.
O EUR/USD retomou a forte tendência descendente, após a reunião da Reserva Federal, pressionado pelos fortes ganhos do dólar. As incertezas políticas em França e na Alemanha também não ajudaram o par que voltou esta semana a negociar abaixo de 1,0400, registando um mínimo a 1,0343, bem perto do actual mínimo do ano a 1,0332, registado em Novembro deste ano. O preço terminou a semana a recuperar desse mínimo a negociar a 1,0428, após ter começado a semana acima de 1,0500.
O iene japonês voltou a negociar em fortes perdas, após o Banco do Japão ter deixado inalterada a sua taxa de referência nos 0,25% e principalmente depois de Kazuo Ueda ter dado razões mercado para duvidar do corte (esse já plenamente esperado) na próxima reunião em Janeiro.
O iene recuou face à grande maioria das restantes moedas, mas com os ganhos do dólar, o USD/JPY foi o mais fortemente impactado esta semana. Depois de abrir a semana a negociar a 153,62, o USD/JPY atingiu um máximo de 157,93, nível que não se registava desde Julho deste ano, terminando a semana a 156,42. O EUR/JPY terminou num máximo de mais de um mês a 163,15, após ter começado a semana a 161,15.
O franco suíço, após o corte de taxas da semana anterior o ter levado para perdas, recuperou esta semana algum do espaço perdido, impulsionado por alguma aversão ao risco dos mercados durante esta semana.
Face ao dólar, registou um novo mínimo quando da reunião do Fed, com o USD/CHF a atingir um máximo acima de 0,9000, o que não sucedia desde Julho, mas acabou por terminar a semana a negociar em torno dos níveis da abertura da semana a 0,8930.
Já face ao euro, depois de ainda atingir um máximo de mais de um mês, com o EUR/CHF acima de 0,9400, terminou a 0,9314, bem abaixo do nível de início da semana a 0,9376.
A libra esterlina continua a negociar pouco alterada dos recentes níveis, mesmo em semana de reunião do Banco de Inglaterra que como esperado manteve a sua taxa de referência inalterada, surpreendendo apenas com o número de votos (três) que preferiam uma redução de juros.
O GBP/USD voltou a cair, pressionado pelos ganhos do dólar. A semana começou a 1,2615 e terminou a 1,2568, com o preço a ficar confinado entre um máximo de 1,2729 e um mínimo de 1,2475.
O EUR/GBP, que começou a semana a 0,8310 e terminou a 0,8300, recuperou de um mínimo dos últimos dois anos a 0,8223.
A coroa norueguesa voltou a negociar em queda. O banco central norueguês manteve esta semana a sua taxa de juro inalterada, como esperado pelos mercados, mas referiu que o momento de começar a flexibilização monetária está a aproximar-se. Yields obrigacionistas em alta e o mercado accionistas a recuar pressionaram também a coroa que terminou a semana em perdas significativas.
O USD/NOK atingiu um máximo de 11,47, nível que não se registava desde Março de 2020, terminando a semana a 11,32, após a ter iniciado a 11,14.
O EUR/NOK começou a semana a 11,70 e terminou a 11,81, tendo ainda registado um máximo de 11,89.
Já a coroa sueca negociou esta semana em ganhos. O Riksbank voltou a reduzir a sua taxa de juro, mas desta vez a um ritmo mais baixo de apenas 25 pontos base, ao mesmo tempo que apontava para apenas mais uma redução de taxas no primeiro semestre de 2025 caso a sua perspectiva económica e de inflação se mantiver.
A volatilidade aumentou com o preço do EUR/SEK a ir de um mínimo de 10,87 até um máximo de 11,14, com o par a terminar a 11,03, após ter iniciado a semana a 10,99. Face ao euro, a coroa sueca registou ganhos, com o EUR/SEK a cair do nível de abertura da semana a 11,54, até um mínimo de 11,43, nível que não se registava desde Outubro, terminando a semana a recuar para 11,52.
O dólar australiano e o dólar neozelandês foram as divisas de economias desenvolvidas que mais recuaram esta semana, perdendo esta semana cerca de 2%. O AUD continuou a negociar pressionado pela viragem mais dovish do seu banco central na semana passada, enquanto o NZD ficou pressionado depois do PIB do terceiro trimestre ter mostrado nova contracção económica.
O NZD/USD registou um novo mínimo dos últimos dois anos ao negociar a 0,5608 e o AUD/USD um mínimo de um ano a 0,6199, enquanto o EUR/NZD e o EUR/AUD registaram máximos dos últimos quatro meses ao negociarem a 1,8480 e a 1,6715, respectivamente.
Foi mais uma semana turbulenta para as moedas emergentes, com o dólar a negociar em ganhos e as yields obrigacionistas em alta.
O rand sul-africano, depois dos ganhos da semana passada, esta semana foi a moeda que mais perdeu. Face ao dólar recuou cerca de 2,5% e face ao euro 1,8%, com o USD/ZAR a atingir um máximo dos últimos quatro meses a 18,44 e o EUR/ZAR a 19,15.
O real brasileiro continua a registar novos mínimos históricos semana após semana. Mesmo depois do surpreendente aumento de um ponto percentual da taxa Selic na semana passada, o Banco Central do Brasil viu-se obrigado esta semana a defender o real, que registou uma queda livre até atingir os 6,33 reais por dólar. O banco central vendeu este mês cerca de seis mil milhões de dólares contra reais. O preço do USD/BRL terminou a semana a 6,10, um novo fecho máximo histórico, depois de ter iniciado a semana a negociar a 6,06.
O peso mexicano estabilizouo em torno dos recentes níveis, com o USD/MXN a continuar a negociar em volatilidade acrescida, mas a registar a quarta semana consecutiva de ganhos face ao dólar. Mesmo com um dólar e yields obrigacionistas em alta, o USD/MXN terminou a semana a 20,09, após a ter iniciado a 20,13 e ter chegado a atingir um máximo de 20,50.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Commodities
Petróleo
Os mercados petrolíferos negociaram esta semana em perdas. Um dólar mais forte, perspectivas económicas na China que continuam a mostrar um recuo na procura por energia, a OPEP+ a voltarem a rever em baixo a procura por crude, falaram mais alto do que os receios relativamente a uma oferta mais apertada devido ao aumento das tensões geopolíticas e ainda de mais sanções que visam a exportação de petróleo russo.
Os preços do petróleo recuaram esta semana um pouco mais de 2%, com o barril de Brent a terminar a semana a $72,60, após ter a ter iniciado a negociar a $74,30, enquanto o WTI terminou a negociar a $69,50 por barril, recuando dos $70,90 do início da semana.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Ouro
O ouro voltou esta semana a negociar em perdas, pressionado por um dólar mais forte e pela subida das yields obrigacionistas que se sobrepuseram às tensões geopolíticas que continuam a suportar o preço do metal amarelo em torno dos máximos históricos.
O preço da onça de ouro caiu cerca de 1%, terminando a semana a negociar a $2.623,00, após a ter começado a $2.649,00, ainda assim recuperando do mínimo atingido a $2.584,00.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
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