A semana que começa
Mais bancos centrais e PMI

A semana que começa Mais bancos centrais e PMI

Desta vez o Fed e o Banco do Japão são os principais destaques do largo conjunto de reuniões de bancos centrais, tal como o PMI entre os indicadores económicos da semana.

A época festiva aproxima-se vertiginosamente e esta semana é a “grande” semana antes de termos uma “quase total” interrupção nos mercados.
Iremos ter um conjunto bastante alargado de reuniões de bancos centrais, assim como uma agenda económica bastante bem preenchida.




Na semana passada tivemos algumas surpresas por parte dos bancos centrais (Banco Nacional da Suíça reduziu a sua taxa em 50 pontos base e o Banco Central do Brasil aumentou-a em 1 ponto percentual), vamos ver se esta semana nos reserva alguma surpresa.
Como sempre, a reunião da Reserva Federal dos Estados Unidos é o momento mais esperado da semana, apesar de ser consensual um corte de 25 pontos base na sua taxa de referência. Os olhos estarão colocados nos dot plot, tentando ver qual a forward guidance para o ano de 2025, onde os mercados já estão a descontar uma pausa na próxima reunião de Janeiro.
A grande dúvida da semana parece estar em torno da decisão de Kazuo Ueda, no Banco do Japão. Os mercados dividem-se entre um aumento de 25 pontos base, ou a ausência de qualquer corte, após comunicações bastante mistas por parte dos responsáveis do banco central japonês.





Logo após a decisão de taxas de juro na passada semana do Banco Central Europeu houve de imediato um conjunto de membros do Conselho de Governadores a comentar e a justificar a decisão de novo corte de 25 pontos base nas suas taxas directoras.
Esta semana poderemos contar com mais verbalizações sobre o mesmo tema, com os mercados a procurarem aferir até onde poderão ir as taxas de juro e onde vêem os responsáveis do BCE a taxa neutra.
O pontapé de saída é dado logo no início da semana com Christine Lagarde a falar na Conferência Anual de Economia do Banco da Lituânia, em Vilnius.



Dados Económicos



Estados Unidos da América
Antes das semanas festivas de Natal e de Ano Novo, temos pela frente uma semana bem preenchida de eventos e indicadores económicos.
A semana começa logo com os dados da actividade económica privada, os PMI, onde o mercado estima um abrandamento do índice composto de 54,9 para 54,4, com a actividade industrial a recuar de 49,7 para 49,4, continuando em contracção, e a de serviços a cair de 56,1 para 55,7, mas mantendo-se em expansão. Ainda no primeiro dia da semana teremos a divulgação do índice manufactureiro de Nova Iorque, com as estimativas a apontarem para uma queda de 31,2 para 6,4.
Na terça-feira iremos ter os números das vendas a retalho de Novembro, com as previsões a apontarem para um crescimento de 0,6%, acelerando dos 0,4% do mês anterior, onde sem vendas automóveis deverão mostrar um crescimento de 0,4%, após o crescimento de 0,1% do mês de Outubro. Teremos também os números da produção industrial, que depois da queda de 0,3% em Outubro, deverão em Novembro apresentar um crescimento de 0,2%. Os inventários empresariais deverão subir 0,2%, após o crescimento de 0,1% do mês anterior. Iremos ter ainda o índice do mercado imobiliário NAHB, onde as estimativas apontam para um ligeiro crescimento de 46 para 47.
Na quarta-feira, ainda antes da decisão de taxas do Fed, teremos mais dados do mercado imobiliário, com a divulgação dos números das licenças de construção, que depois da queda de 0,4% em Outubro, deverão mostrar em Novembro um aumento de 1,3%, e ainda o início de construção de casas que deverá aumentar 2,3%, após a queda de 3,1% no mês anterior. O défice da conta corrente do terceiro trimestre deverá aumentar dos 267 mil milhões de dólares o trimestre anterior, para 286 mil milhões.
Na quinta-feira teremos o número final do PIB relativo ao terceiro trimestre que deverá confirmar o crescimento da economia norte-americana de 2,8%. O número semanal de novos pedidos de subsídio de desemprego deverá subir ligeiramente para 245 mil. O índice manufactureiro do Fed de Filadélfia, segundo as estimativas, deverá subir de -5,5 para +2,5. Teremos também mais dados do mercado imobiliário, com a divulgação das vendas das casas existentes, com as previsões a apontarem para um crescimento de 1%, desacelerando dos 3,4% do mês anterior.
A semana irá terminar com a medida preferida do Fed para a inflação, o Core PCE Price Index, onde as previsões apontam para uma subida mensal dos preços de 0,2%, com a medida anual a manter-se nos 2,8%. O PCE price index deverá subir de 2,3% para 2,5%. O rendimento pessoal deverá apresentar um aumento de 0,4%, desacelerando dos 0,6% do mês anterior, enquanto a despesa pessoal deverá acelerar dos 0,4% do mês anterior, para 0,5%. Iremos ter os números revistos dos dados da Universidade de Michigan.

Zona Euro
Antecedendo duas semanas de época festiva em que não iremos ter praticamente divulgação de indicadores económicos, esta semana terá um conjunto interessante de dados, com os olhos a estarem especialmente nos PMI, logo no primeiro dia.
Os mercados estimam que o PMI composto mostre de novo uma queda ligeira (48,3 para 48,2), com o PMI manufactureiro a recuperar de 45,2 para 45,8 e a actividade de serviços a manter os 49,5 do mês passado, ambos em contracção.
Antes dos PMI da Zona Euro teremos os de França e Alemanha. Em França o sector industrial deverá mostrar nova queda ligeira de 43,1 para 43 e o de serviços de 46,9 para 46,4, na Alemanha, as estimativas apontam para um recuo ligeiro no sector de serviços de 49,3 para 49,2, mas o manufactureiro poderá subir de 43 para 43,8.
Na terça-feira as atenções irão estar no indicador alemão de confiança empresarial IFO e no de confiança económica ZEW. O primeiro deverá continuar a mostrar uma confiança débil das empresas, com as estimativas a apontarem para uma queda de 85,7 para 85,5. O segundo deverá também apontar falta de confiança na economia, com o ZEW na Alemanha a poder mostrar uma queda de 7,4 para 6,4 e o da Zona Euro de 12,5 para 11,8. Iremos ter também os números da balança comercial da Zona Euro de Outubro, com o excedente comercial, segundo as estimativas, a cair dos 13,6 mil milhões de euros, para 11,9 milhões de euros. Em Itália, o excedente comercial deverá mostrar uma subida dos 2,58 milhões de euros, para 3,22 milhões de euros.
Na quarta-feira teremos os dados finais da inflação da Zona Euro, onde não se esperam alterações aos números iniciais.
Na quinta-feira, teremos na Alemanha a confiança do consumidor GfK com as estimativas a apontarem para uma ligeira melhoria de -23,3 para -23,1.
A semana termina com o índice da confiança do consumidor da Zona Euro que deverá permanecer inalterado a -14 e ainda o Índice de Preço no Produtor na Alemanha, onde as estimativas apontam para uma ligeira aceleração mensal de 0,2% para 0,3%.

Reino Unido
Também por aqui será uma semana atarefada, com diversos dados económicos para serem digeridos pelo mercado.
A semana começa com os PMI, onde as estimativas apontam para que o índice composto recue de 50,5 para a linha divisora da contracção e a expansão, 50. O índice de serviços deverá subir de 50,8 para 51,0 e o manufactureiro de 48,0 para 48,1.
Na terça-feira as atenções passam para o emprego, onde as previsões apontam para que a taxa de desemprego se mantenha nos 4,3%, com os pedidos de subsídio de desemprego a aumentarem ligeiramente de 26,7 mil para 28,2 mil, o número de novos empregos em 120 mil, desacelerando dos 220 mil do mês anterior e com a ganhos médios salariais a acelerarem de 4,3% para 4,6%.
Na quarta-feira o destaque passa a ser a inflação, em véspera de reunião do Banco de Inglaterra. As estimativas apontam para que os preços em Novembro mostrem uma queda mensal de 0,2%, com a inflação anual a subir de 2,3% para 2,5%. Sem energia nem alimentos, a inflação deverá mostrar uma subida de 3,3% para 3,6%. Teremos ainda as Expectativas de Encomendas Industriais da CBI, com as estimativas a apontarem para uma queda de -19 para -22.
A semana irá terminar com a divulgação dos números das vendas a retalho de Novembro, com as previsões a apontarem para uma recuperação da queda de -0,7% em Outubro, para um aumento de 0,4% em Novembro. Se retirados os combustíveis, as vendas deverão recuperar da queda de 0,9% do mês anterior para 1% em Novembro. Teremos também os números dos empréstimos líquidos no sector público, com as previsões a apontarem para uma queda de 17,4 mil milhões de libras, para 15,5 mil milhões e ainda o índice de vendas realizadas CBI que deverá mostrar uma subida de -18 para -10.

Canadá
Esta semana as atenções dividem-se entre os dados da inflação e das vendas a retalho.
Os preços deverão ter estabilizado no mês de Novembro, com a taxa de inflação a subir de 2% para 2,2% e com a inflação subjacente, sem energia nem alimentos, a manter-se nos 1,7%. A medida mais seguida pelo Banco do Canadá, que exclui 40% dos itens mais voláteis, deverá mostrar um abrandamento de 2,6% para 2,5%, com a mediana a cair de 2,5% para 2,4%.
As vendas a retalho em termos mensais deverão mostrar uma ligeira aceleração do aumento de 0,4% em Setembro, para 0,5% em Outubro, sem vendas automóveis deverão mostrar uma desaceleração dos 0,9% para 0,7%.
Teremos ainda dados do mercado imobiliário. O início de construção de casas deverá mostrar um ligeiro aumento de 241 mil para 246 mil, de Outubro para Novembro, e o índice de preços de casas novas, após a queda mensal de 0,4% em Outubro, deverá mostrar em Novembro um aumento de 0,1%.

Suíça
Por aqui teremos o Índice de Preços do Produtor de Novembro que deverá mostrar um aumento mensal de 0,2%, após a queda de 0,3% no mês anterior.
Teremos também os números da balança comercial de Novembro com o excedente comercial, segundo as estimativas, a cair de 8,06 mil milhões de francos suíços, para 6,2 mil milhões.

China
Vamos acabar o ano com mais um conjunto de dados económicos interessantes. Teremos os números da produção industrial, onde as previsões apontam para uma aceleração dos 5,3% em Outubro em termo anuais, para 5,4% em Novembro, enquanto as vendas a retalho deverão manter o crescimento de 4,8% em linha com o mês anterior.
A taxa de desemprego deverá manter-se nos 5%, tal como se deverá manter o ritmo de crescimento do investimento em activos fixos, em 3,4%.
O índice de preço de casas novas, em termos anuais, deverá mostrar uma queda ligeira de -5,9% para -6%.

Japão
A semana começa com a divulgação das encomendas de maquinaria de Outubro, sem navios e de centrais energéticas, onde as estimativas apontam para uma recuperação da queda de 0,7% do mês anterior, para um crescimento de 1,2% em Outubro.
Iremos ter os PMI do Jibun Bank, com as estimativas a apontarem para uma ligeira subida de 50,1 para 50,2, com o sector manufactureiro ainda em contracção, mas a subir de 49 para 49,2, e o de serviços a subir de 50,5 para 51,4, continuando em expansão.
O défice da balança comercial em Novembro deverá aumentar dos 360 mil milhões de ienes em Outubro, para 450 mil milhões.
Teremos ainda os dados da inflação nacional, com as previsões a apontarem para um aumento mensal nos preços de 0,2%, desacelerando dos 0,4% do mês anterior, com a inflação anual a subir de 2,3% para 2,5% e a inflação subjacente, sem alimentos frescos, a aumentar de 2,3% para 2,6%.

Nova Zelândia
O destaque da semana vai para os dados do PIB do terceiro trimestre, com as previsões a apontarem para o segundo trimestre consecutivo em contracção (-0,2%), com a medida em termos homólogos a mostrar uma contracção de 0,4%, melhorando a contracção de 0,5% apresentada no trimestre anterior.
Logo no início da semana teremos o índice de serviços do BusinessNZ que, segundo as estimativas, deverá mostrar uma ligeira melhoria de 46 para 46,5.
Teremos também o índice de confiança do consumidor da Westpac, que também deverá mostrar uma melhoria de 90,8 para 92, e ainda o índice de confiança empresarial ANZ que, segundo estimativas, deverá cair de 64,9 para 60.
A balança comercial de Novembro deverá aumentar o seu défice dos 1,5 mil milhões de dólares neozelandeses, para 1,95 mil milhões.

Austrália
Uma semana ligeira de dados, onde começamos por ter os PMI do Judo Bank, onde as estimativas apontam para que o índice composto registe uma ligeira subida de 50,2 para 50,4, com o sector de serviços a subir de 50,5 para 51,1 e o manufactureiro a voltar para terreno de expansão, ao subir de 49,4 para 50,2.
Teremos ainda o índice de confiança do consumidor da Westpac, que também deverá mostrar uma subida de 94,6 para 96.


Bancos Centrais



The Federal Reserve Bank
Na última decisão de política monetária deste ano, o banco central norte-americano não deverá surpreender os mercados e avançará certamente com uma redução de mais 25 pontos base na taxa de juro dos seus ”Fed funds”. Os futuros sobre taxas de juro terminaram a semana a mostrar uma probabilidade de mais de 95% para que a taxa de juro caia do intervalo 4,50-4,75% para 4,25-4,50%.
Os mercados irão estar, de novo, especialmente atentos à comunicação de Jerome Powell, assim como à ”Summary of Economic Projections” onde iremos ter novos dot plot, ou seja, as projecções dos membros do FOMC para as taxas de juro nos próximos meses, com as expectativas a apontarem para que sejam mais “hawkish” do que as apresentadas em Setembro.

O Banco de Inglaterra
Depois do corte de taxas em Novembro, os mercados esperam uma pausa neste mês de Dezembro por parte de Andrew Bailey e Companhia. Inflação subjacente a voltar a subir e mercado de trabalho acima dos níveis consistentes com a meta do banco central dos 2%, deverão manter este mês a taxa de referência do Banco de Inglaterra nos actuais 4,75%.
Os mercados continuam a descontar o próximo corte de taxas em Fevereiro do próximo ano.

Banco do Japão
Os mercados encontram-se divididos entre a possibilidade de termos esta semana um novo aumento de taxas de juro por parte do Banco do Japão em 25 pontos base, levando a sua taxa de juro de 0,25% para 0,50%, ou para a sua manutenção no actual nível.
Os dados económicos mais recentes suportam a possibilidade de uma subida de taxas (inflação acima do esperado, PIB revisto em alta), mas a comunicação dos responsáveis do Banco do Japão recuaram de narrativas mais agressivas, para mais facilitistas. No mês passado, o governador Kazuo Ueda mencionou que os aumentos de taxas se estão a aproximar, e um dos membros mais moderados do conselho disse que não se oporia a aumentos de taxa se fossem propostos. No entanto, uma agência noticiosa local disse que há uma visão crescente de que um aumento prematuro da taxa deve ser evitado, a menos que haja um risco significativo de aumento da inflação. Isto, depois de um relatório da Bloomberg ter sugerido que o responsável do Banco do Japão vê um pequeno custo em esperar, antes de aumentar as taxas de juro.

The Norges Bank
Conforme sinalizado na sua última reunião, o banco central da Noruega provavelmente manterá a sua taxa de juros de referência em 4,5%. Essa decisão é suportada pela evolução recente dos preços do petróleo, pela taxa de câmbio da coroa norueguesa e pela persistência da inflação subjacente.

The Riksbank
Desde Abril deste ano, o banco central sueco reduziu a sua taxa desde 4% até aos actuais 2,75%, tendo aumentado o ritmo de cortes de taxas no passado mês de Novembro de 25 pontos base para 50 pontos base.
Mas o crescimento parece continuar fraco e o mercado de trabalho, embora estabilizando, continua vulnerável, enquanto a inflação continua bem abaixo da meta dos 2% do banco central.
O mercado encontra-se dividido entre um corte de 25 ou de 50 pontos base, mas aparentemente o de 50 pontos, com a taxa a poder cair de 2,75% para 2,25%, é mais consensual.

People’s Bank of China
O Banco Popular da China deverá manter inalteradas as suas “Prime Rates”, nos actuais 3,10% e 3,60%, a um e cinco anos, respectivamente.

Banco do México
O banco central mexicano deverá voltar a cortar a sua taxa de juro em 25 pontos base, pela quarta vez consecutiva, reduzindo-a de 10,25% para 10%. A inflação continua a baixar e o crescimento económico a cair.

Teremos ainda decisões de política económica na República Checa que deverá manter a taxa nos 4%, na Indonésia deverão cair de 6% para 5,75%, na Tailândia continuar nos 2,25%, na Colômbia cortar de 9,75% para 9,25%, no Chile reduzir de 5,25% para 5% e nas Filipinas cortar de 6% para 5,75%.


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