Semana Revista
Bancos Centrais e a redução de taxas

Semana Revista Bancos Centrais e a redução de taxas

As reuniões dos bancos centrais dominaram a agenda global da semana, sinalizando a continuação do ciclo de flexibilização da política monetária, com os mercados especialmente atentos ao Banco Central Europeu.

Com excepção do Banco Central do Brasil, que segue em contraciclo face aos restantes bancos centrais, esta semana assistimos a uma aceleração no ciclo de flexibilização da política monetária dos bancos centrais, mesmo aquele que segue com as taxas ainda em máximos dos últimos treze anos, o banco central australiano.




Tal como amplamente esperado pelos mercados, o Banco Central Europeu reduziu as suas taxas de juro pela quarta vez este ano em 25 pontos base, com a taxa de depósito a baixar de 3,25% para 3,00%, o nível mais baixo desde Março de 2023, e a taxa de refinanciamento de 3,40% para 3,15%.

Na sua declaração de política monetária podemos ler que “O processo desinflacionista está bem encaminhado. Os especialistas do Eurosistema projectam que a inflação global se situe, em média, em 2,4% em 2024, 2,1% em 2025, 1,9% em 2026 e 2,1% em 2027…” e “Relativamente à inflação excluindo preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares, projecta-se uma média de 2,9% em 2024, 2,3% em 2025 e 1,9% em 2026 e 2027.”
Em Setembro, as projecções apontavam para uma inflação de 2,5%, 2,3% e 1,9% em 2024, 2025 e 2026. Relativamente à inflação subjacente, as novas projecções reviram apenas as previsões de 2026 e 2027 em baixa dos 2% para 1,9%.
Relativamente ao crescimento económico, os especialistas reviram as previsões em baixa, “projectam que a economia registará uma taxa de crescimento de 0,7% em 2024, 1,1% em 2025, 1,4% em 2026 e 1,3% em 2027”, face 0,8%, 1,3% e 1,5% em Setembro.
A declaração de política monetária abandonou a referência a “manter as taxas de juro suficientemente restritivas durante o tempo que for necessário”, abrindo a porta para mais cortes nas taxas.

Na conferência de imprensa, na sessão de perguntas e respostas, Christine Lagarde disse que houve discussões sobre um corte de 50 pontos base, mas no final houve um forte consenso relativamente ao corte de 25 pontos base. Acrescentou que, embora os riscos de inflação em alta não tenham desaparecido, os riscos para os preços são agora mais bilaterais. Lagarde não apresentou quaisquer novas estimativas sobre onde poderá situar-se o nível neutro das taxas, uma vez que este tema não foi discutido. Ela disse que a direção da viagem era bastante clara, mas não o seu ritmo e que muito terreno já tinha sido percorrido.

Os primeiros comentários após a reunião do BCE confirmaram que se seguirá uma maior flexibilização. O debate interno sobre o ritmo de cortes e o ponto “neutro” continua, com reduções graduais aparentemente a continuar a ser o caminho para já da política monetária do Banco Central Europeu.
Madis Muller, da Estónia, disse que o período de inflação mais forte já está para trás e espera ver a inflação em torno dos 2%. Nível este que Villeroy, do Banco de França, diz estar mais confiante de ser atingido. Disse ainda que se encontra tranquilo com as expectativas do mercado e que as taxas ainda estão significativamente acima do ponto neutro, com o BCE a continuar com margem para mais cortes. Gabriel Makhlouf da Irlanda, Bostjan Vasle da Eslovénia, e Martins Kazaks da Letónia, reiteraram as palavras de Lagarde dizendo que o caminho das taxas é claramente para baixo. Kazaks disse ainda que a taxa neutral está mais perto de 2% do que 3%, que as taxas deverão continuar a cair gradualmente e que um corte maior é possível se for necessário. Mário Centeno referiu que gradualismo é a palavra mais importante para a política monetária, que as taxas continuam restritivas e que dentro de alguns trimestres teremos uma normalização da política monetária com uma taxa perto dos 2% se não houverem outros choques.





Antes da reunião do Banco Central Europeu já o Banco do Canadá e o Banco Nacional da Suíça tinham cortado a sua taxa de juro em 50 pontos base, surpreendendo de alguma maneira os mercados.

O Banco do Canadá foi o primeiro a dar sinais de que o ciclo de redução de taxas de juro se mantém em força, cortando a sua taxa de juro uma vez mais em 50 pontos base, tal como esperado pelos mercados, dos 3,75% para 3,25%.
Com a taxa de juro de referência a ficar bem no limite superior da estimativa do intervalo “neutro” do Banco do Canadá (2,25% - 3,25%), a declaração de abertura do governador Tiff Macklem deixou claro que, com as taxas de juro não mais "claramente em território restritivo”, o banco central adoptará “uma abordagem mais gradual” daqui para a frente nos ajustes de política monetária.
O corte de 50 pontos base desta semana foi a segunda redução consecutiva maior do que o "normal" após a redução de 50 pontos em Outubro e uma série de cortes anteriores de 25 pontos base que começaram em Junho. No total, a taxa overnight foi reduzida em 175 pontos base.

O Banco Nacional Suíço surpreendeu esta semana os mercados, reduzindo a sua taxa de juro de referência em 50 pontos base, de 1% para 0,50%.
Se bem que as opiniões do mercado se dividiam entre um corte de 25 ou de 50 pontos base, o corte de 25 pontos recebia um maior consenso, mas Martin Schlegel e Companhia, decidiram surpreender os mercados, justificando o corte acima do consensualmente esperado pelo facto de as pressões inflacionárias terem diminuído ainda mais. Enquanto a inflação em Agosto ficou em 1,1%, em Novembro caiu para 0,7%. A inflação na Suíça permanece dentro da faixa definida pelo BNS para estabilidade de preços (0 a 2%), mas tem ficado consistentemente aquém das previsões. As previsões de inflação do SNB para 2025 foram novamente revistas para baixo. O banco central espera agora que a inflação atinja a média de 0,3% em 2025, em comparação com os 0,6% esperados na reunião de Setembro. O BNS espera que a inflação atinja 0,2% no segundo trimestre de 2025. Mas, dadas as surpresas dos últimos meses, a incerteza em torno das previsões de inflação é muito alta.





O Reserve Bank of Australia, também como esperado, manteve a sua taxa de juro inalterada nos 4,35%, mas Michelle Bullock mostrou-se mais dovish do que tem sido habitual nas anteriores decisões de taxas.
O RBA fez notar os números recentemente publicados sobre o crescimento do PIB no terceiro trimestre, que foram (com excepção do período pandémico) os mais lentos desde o início da década de 1990. Os dados em geral desde a reunião de Novembro têm sido “mais fracos do que o esperado”. O RBA afirmou que a inflação subjacente continua demasiado elevada (3,5% no trimestre de Setembro). Referiu-se às previsões de Novembro, que apontavam para um regresso ao objectivo médio de 2,5% não antes de 2026. Embora os dados recentes ainda sejam consistentes com estas projecções, o RBA afirmou que está a ganhar alguma confiança de que a inflação está a mover-se de forma sustentável em direcção ao objectivo. A política monetária está a funcionar como pretendido e alguns dos riscos ascendentes estão a diminuir. A combinação destas observações à declaração levou à remoção da frase “Isto reforça a necessidade de permanecer vigilante aos riscos ascendentes para a inflação e o Conselho não está a descartar nada”.

As expectativas do mercado para um primeiro corte de taxas de juro aumentaram, com os mercados a colocarem agora a hipótese de um corte de taxas já na primeira reunião de 2025, em Fevereiro.





o Banco do Brasil, que segue em contraciclo relativamente aos restantes bancos centrais com excepção do Banco do Japão, esteve esta semana em grande ao surpreender fortemente os mercados, avançando com um aumento de taxas em um ponto percentual, levando a taxa Selic de 11,25% para 12,25%.
Além deste aumento, o banco central foi ainda mais longe e indicou claramente subidas semelhantes nas duas próximas reuniões caso o cenário se desenvolva como esperado. A economia doméstica continua a crescer e a inflação subjacente aumentou ainda mais acima da meta de 3% (mais ou menos 150 pontos base). As expectativas de inflação aumentaram significativamente, oscilando em torno dos 4,8% e 4,6% para este ano e 2025, respectivamente. O banco central observou que os riscos inflacionários ascendentes mencionados na última vez já se materializaram, tornando o cenário inflacionário mais adverso. Os riscos continuam a crescer e incluem um período mais prolongado de desencorajamento das expectativas de inflação, uma economia mais forte e desvalorização da moeda.









Em França o presidente Emmanuel Macron anunciou François Bayrou como o novo primeiro-ministro. O seu antecessor, Michel Barnier, que preside a um governo minoritário, foi deposto na semana passada numa moção de censura, após aprovar um projecto de lei orçamental que levou à oposição da extrema esquerda e extrema direita. Bayrou é um político centrista com uma visão da economia orientada para o mercado, mas apoia igualmente medidas sociais, como a tributação dos mais ricos. A sua nomeação, no entanto, provocou imediatamente reações de oposição de todos os lados do espectro político. Isto sugere que a sua tarefa de resolver o descarrilamento das finanças públicas de França não será muito mais fácil do que a de Barnier. Assumindo uma oposição implacável dos extremos políticos, Bayrou necessitará do apoio dos Socialistas e talvez dos Verdes sem alienar a ala da direita para aprovar um orçamento. O défice orçamental da França deverá ser de 6% do PIB este ano, o dobro do limite de 3% da União Europeia.





Na China, os desenvolvimentos importantes desta semana foram as reuniões do Politburo e da Conferência Central de Trabalho Económico, que reforçaram a mensagem de novos cortes nas taxas, flexibilização da política monetária e também estímulo fiscal para apoiar os gastos de consumo e a procura interna. Registaram-se importantes ajustamentos semânticos, incluindo uma referência sem precedentes ao “ajustamento anticíclico não convencional” e a mudança da orientação da política monetária para “moderadamente flexível” pela primeira vez em quase 14 anos (de “prudente” anteriormente). A Reuters também noticiou que as autoridades chinesas estão a considerar permitir que o Yuan enfraqueça possivelmente até 7,50 em resposta às tarifas de Trump.
Ainda assim, os mercados reflectiram a falta de detalhes que esperavam ver relativamente aos estímulos fiscais para impulsionar o consumo e a economia.



Dados Económicos




Nos Estados Unidos as atenções esta semana voltaram-se para os dados da inflação. O índice de preços do consumidor mostrou que os preços no mês de Novembro aumentaram 0,3%, bem em linha com as estimativas de mercado, com a inflação anual a subir de 2,6% para 2,7% e a inflação subjacente a manter-se nos 3,3%, ambas também em linha com as previsões.
Já a inflação à porta das fábricas apanhou os mercados de surpresa. A nível mensal os preços aumentaram 0,4%, acima dos 0,3% estimados, acelerando dos 0,3% revistos em alta no mês anterior. Sem alimentação e energia o índice subiu 0,2%, em linha com o esperado. Em termos anuais os preços mostraram um aumento de 3%, bem acima dos 2,6% estimados pelo mercado.
O índice de pequenas empresas NFIB também surpreendeu os mercados ao disparar de 93,7 para 101,7, a melhor leitura desde Julho de 2021, bem acima dos 94,4 estimados pelo mercado.
Em sentido inverso estiveram os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego que subiram inesperadamente de 225 mil para 242 mil, o maior número de pedidos desde Outubro e contrariando as previsões de uma pequena descida para 221 mil.

Na Zona do Euro foi uma semana bastante tranquila de indicadores económicos.
A semana começou com a divulgação do índice Sentix de Confiança do Investidor que contrariou as estimativas do mercado ao cair de -12,8 para -17,5, face a uma pequena subida esperada para -12,4.
Tivemos também os números da produção industrial que saíram ligeiramente acima do estimado, estabilizando em Outubro, face a uma queda esperada de 0,1%, melhorando da queda revista em baixo do mês de Setembro de 1,5%.
A nível local, em Itália, a produção industrial também estabilizou, ficando acima de uma queda estimada de 0,1% e melhorando a queda revista em baixo de 0,3% do mês anterior. A taxa de desemprego do terceiro trimestre caiu surpreendentemente de 6,7% revista em baixo do trimestre anterior, para 6,1%, bem abaixo das previsões que apontavam para 6,6%.
Na Alemanha, a balança comercial de Outubro mostrou um excedente de 13,4 mil milhões de euros, um valor bem abaixo dos 15,7 mil milhões de euros estimados, reduzindo dos 16,9 mil milhões revistos em baixa apresentados no mês anterior.

No Reino Unido tivemos um conjunto de indicadores económicos entre os quais o PIB mensal que atraiu mais as atenções dos mercados.
A economia britânica contraiu pelo segundo mês consecutivo 0,1%, contrariando as previsões do mercado que apontavam para um crescimento em Outubro de 0,1%.
Os números da balança comercial de bens do mês de Outubro mostraram um défice de 19 mil milhões de libras, bem acima dos 16,1 mil milhões de libras estimados, aumentando o défice de 16,3 mil milhões do mês de Setembro.
A produção da construção também desiludiu os mercados, caindo 0,4%, face a um aumento esperado de 0,2% e após o aumento de 0,1% no mês anterior, o mesmo acontecendo com a produção industrial que caiu 0,6%, face a um aumento estimado de 0,3%, agravando ainda mais a queda de 0,5% do mês anterior.
A melhorar só mesmo o indicador de confiança do consumidor GfK que subiu dos -18 do mês anterior para -17.

No Canadá tivemos a divulgação dos números das licenças de construção de Outubro, que caíram menos do que o esperado, 3,1%, face às estimativas de 3,5%, após o aumento de 11,5% no mês anterior.
As vendas manufactureiras aumentaram 2,1%, mais do que os 1,2% previstos, recuperando da queda revista em alta de 0,6% do mês anterior de Setembro.
As vendas grossistas também subiram mais do que o estimado, 1% face a 0,6%, desacelerando do aumento do mês anterior revisto em alta de 1,3%.

Na China as atenções começaram por ir para os dados da inflação que continua a ficar abaixo das estimativas dos mercados, indicando que as iniciativas governamentais não estão a ser suficientes para promover a procura doméstica. Os preços do consumidor a nível mensal caíram 0,6%, acima dos 0,4% estimados, acelerando a queda de 0,3% do mês anterior. A inflação anual caiu de 0,3% para 0,2%, contrariando as estimativas que apontavam para uma subida para 0,5%.
À porta das fábricas, a inflação anual mostrou um valor negativo de 2,5%, melhorando o valor de -2,9% do mês anterior e superando as estimativas que apontavam para -2,8%.
A balança comercial de Novembro mostrou um superávite de 97,4 mil milhões de dólares, superando os 94 mil milhões de dólares estimados e aumentando o valor do mês anterior de 95,7 mil milhões.
Os novos empréstimos em yuans aumentaram dos 500 mil milhões de yuans do mês anterior, para 580 mil milhões, mas ficaram bastante abaixo dos 950 mil milhões estimados.

No Japão as atenções voltaram-se esta semana para os índices Tankan. O índice Reuters Tankan do mês de Dezembro caiu de 5 para -1, contrariando as estimativas que apontavam para uma subida para 13.
O índice Tankan de grandes empresas industriais subiu de 13 para 14, ficando acima do esperado pelo mercado que apontava que se mantivesse nos 13, enquanto o índice das grandes empresas de serviços mostrou uma ligeira queda de 34 para 33, em linha com as estimativas do mercado.

Na Nova Zelândia as vendas manufactureiras do terceiro trimestre em termos homólogos mostraram uma queda de 1,6%, contrariando as estimativas que apontavam para um aumento de 2,2% e depois de uma queda revista em alta de 2,8% no trimestre anterior.
Tivemos também o índice manufactureiro BusinessNZ de Novembro que caiu de 45,8 para 45,5, também abaixo das estimativas do mercado para uma subida para 46,2.

Na Austrália as atenções esta semana voltaram-se para os números do emprego que surpreenderam positivamente os mercados.
A taxa de desemprego de Novembro caiu de 4,1% para 3,9%, face a uma subida estimada para 4,2%, mas acompanhada de uma queda da taxa de participação de 67,1% para 67%.
O número de empregos criados pela economia australiana em Novembro foi de 35,6 mil, bem acima dos 25 mil esperados pelos mercados, aumentando dos 12,2 mil revistos em baixo do mês anterior. Os números mostraram uma queda de 17 mil postos de trabalho temporário e um aumento de 52,6 mil de empregos a tempo inteiro.
A semana começou com o índice de confiança empresarial NAB que caiu de 5 para -3, face a uma pequena queda esperada para 4.


Mercados accionistas



Numa semana ligeira de dados económicos, onde a inflação nos Estados Unidos saiu em linha com o esperado, com as probabilidades a continuarem a suportar um corte de taxas de juro por parte da Reserva Federal dos Estados Unidos. Com o Banco Central Europeu a continuar a fazer reduções sucessivas nas suas taxas de juro e com as tensões geoestratégicas a abrandarem, os mercados accionistas esta semana acabaram por negociar entre ganhos e perdas, quando estamos cada vez mais em época festiva, mas em véspera de mais uma semana de bancos centrais e dos dados dos PMI.

Na Ásia as acções negociaram mistas, entre as perdas na China e os ganhos na Coreia do Sul, recuperando das perdas em torno da situação política da semana anterior.
No Japão, os principais índices voltaram a registar ganhos, ajudados por um iene mais fraco. O índice Nikkei ganhou esta semana 1,02% e o Topix 0,71%.
Na China, indicadores económicos abaixo do esperado e a desilusão em torno da falta de detalhes dos estímulos fiscais esperados, levaram a uma semana de perdas. O índice CSI300 caiu 1,48%, o Shanghai Composite 1,01%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, conseguiu terminar em terreno positivo (0,53%).
Na Austrália, com o seu banco central a manter as suas taxas em máximos de mais de uma década, o índice ASX200 caiu esta semana 1,48%.
Na Coreia do Sul, o índice Kospi recuperou esta semana 2,73%, liderando os ganhos na Ásia.
Na Índia, o índice Nifty 50 avançou 0,43%.

Na Europa, mesmo com novo corte de taxas por parte do Banco Central Europeu, as acções registaram esta semana um ligeiro recuo, com o sentimento dos investidores a continuar pressionado pela situação política das duas maiores economias europeias.
O índice Euro Stoxx 600 recuou 0,77% e o Euro Stoxx 50 0,21%.
Na Alemanha, o índice DAX conseguiu terminar a semana marginalmente positivo (+0,03%) e o CAC 40, de França, recuou 0,23%.
No Reino Unido, depois de uma série de dados económicos menos conseguidos e com a economia a encolher pelo segundo mês consecutivo, o índice FTSE 100 terminou a semana a recuar marginalmente 0,10%.
Por cá, o índice PSI negociou de novo em contraciclo, desta vez avançando 0,28%.

Nos Estados Unidos, a inflação voltou a subir esta semana, as expectativas de corte de taxas de juro da Reserva Federal da próxima semana saíram reforçadas, mas o caminho a seguir ficou mais incerto, com os mercados a verem a probabilidade de uma pausa no ciclo de redução de taxas a aumentar.
O índice Dow Jones perdeu 1,82%, o S&P 500 recuou 0,64%, enquanto o Nasdaq conseguiu terminar em terreno positivo avançando 0,33%. O índice de pequenas empresas, Russell 2000, liderou as perdas ao cair esta semana 2,68%.

Gráfico Fonte XTB xStation 5


Mercado cambial



Uma semana de reuniões de bancos centrais levou a um pequeno aumento da volatilidade nos mercados cambiais, ajustando expectativas, quando nos aproximamos rapidamente do fim de mais um ano.
O dólar norte-americano foi o que mais ganhou esta semana, enquanto o iene japonês foi o que mais perdeu.

O dólar, ao fim de duas semanas a corrigir, terminou esta semana em ganhos, ajudado pela subida das yields obrigacionistas. As yields a 10 anos abriram a semana a 4,15%, para terminarem a 4,40%, recuperando as perdas registadas durante as duas últimas semanas.
A FedWatch Tool da CME terminou a semana a mostrar uma probabilidade em torno de 95% para um corte de 25 pontos base por parte do Fed na próxima semana, mas a apontar para uma interrupção no ciclo de redução de taxas já em Janeiro.
O índice do dólar DXY terminou a semana a 106,65, recuando de um máximo de 107,00, após ter iniciado a semana a 105,98, recuperando do mínimo da semana passada a 105,40.

O euro, apesar da reunião do seu banco central, acabou a semana pouco afastado dos recentes níveis, tendo negociado durante a semana em volatilidade reduzida. As yields a 10 anos do euro registaram também ganhos relevantes, terminando a semana a 2,26%, após terem iniciado a semana a 2,10%, mas tal não levou o euro para ganhos, com o índice do euro a recuar esta semana cerca de 0,50%. O spread entre as dívidas francesa e alemã a 10 anos recuou dos máximos registados na semana passada, mas continuam em torno dos recentes máximos, tendo terminado a semana a 0,784%, acima do fecho da semana passada a 0,771%.

O EUR/USD voltou esta semana a negociar em perdas, retomando a tendência descendente dos últimos meses, depois de o Banco Central Europeu ter cortado a sua taxa em 25 pontos base, e ainda com uma comunicação que aponta claramente para mais cortes sucessivos na sua taxa de juro. Isto contra as expectativas de uma pausa no ciclo de redução de taxas por parte do Fed, para o início de 2025.
O spread entre as yields obrigacionistas a 2 anos entre o dólar e o euro voltou a aumentar. Após atingir um mínimo de duas semanas a 2,091% na semana passada, esta semana chegou a atingir os 2,218%, tendo terminado a 2,171%.
O preço do EUR/USD que começou a semana a negociar a 1,0560, terminou de novo abaixo de 1,0500 (1,0497).

O iene japonês voltou esta semana a registar perdas significativas, após comentários de elementos do Banco do Japão que vão colocando mais longe as probabilidades de um novo aumento de taxas de juro ainda este ano, na reunião da próxima semana. A Bloomberg noticiou que Kazuo Ueda disse que vê um pequeno custo em esperar antes de aumentar as taxas de juro, enquanto o serviço noticioso nipónico Kyodo, disse que o Banco do Japão pondera adiar o aumento da taxa de juro.
O iene perdeu esta semana cerca de 2,50% face ao dólar e 1,8% face ao euro.
O USD/JPY começou a semana a negociar em mínimos em torno de 150,00, terminando em torno de máximos a 153,80 e o EUR/JPY começou a 158,20 para terminar a 161,29.

O franco suíço ficou pressionado esta semana, após o Banco Nacional Suíço ter surpreendido o mercado com um corte de 50 pontos base na sua taxa de juro, face ao consenso de 25 pontos. Com algum abrandamento nas tensões geoestratégicas, o franco suíço não teve o suporte dado pela sua condição de moeda de refúgio, o que o levou a recuar dos recentes máximos. A par com o iene, foi das moedas de economias desenvolvidas que mais perdeu, com o seu índice a cair cerca de 1,8%.
O USD/CHF começou a semana em torno de mínimos a 0,8771 para terminar em torno de máximos a 0,8927, o mesmo sucedendo com o EUR/CHF que começou a semana a negociar a 0,9256 para terminar a 0,9371, em máximos de mais de um mês.

A libra esterlina registou também perdas acentuadas, após os fracos dados económicos divulgados esta semana, principalmente o PIB que mostrou uma contracção pelo segundo mês consecutivo, terem levado a um aumento das probabilidades de um corte de taxas mais rápido por parte do Banco de Inglaterra. A libra recuou 1% face ao dólar e cerca de 0,40% face ao euro.
O GBP/USD caiu dos níveis de abertura a 1,2736, até aos mínimos de fecho a 1,2620, enquanto o EUR/GBP, que chegou esta semana a atingir um novo mínimo de mais de dois anos a 0,8225, terminou a semana a 0,8321.

O dólar canadiano continua a negociar em perdas. O Banco do Canadá voltou a cortar a sua taxa de juro directora em 50 pontos base, tal como esperado pelo mercado, tendo dado sinais de que irá começar a reduzir o ritmo de cortes de taxas. O dólar canadiano ainda teve uma pequena reacção em alta, mas rapidamente retomou a sua tendência descendente.
O USD/CAD terminou a semana em máximos de mais de quatro anos a negociar a 1,4237 e o EUR/CAD terminou a 1,4951, em torno de máximo de mais de quatro semanas.

O dólar australiano continuou esta semana também a negociar em perdas, apesar do seu banco central ter mantido inalterada a sua taxa de juro directora em máximos de mais de uma década. O Reserve Bank of Australia teve uma comunicação bastante mais dovish do que o esperado pelos mercados e das anteriores comunicações, dando sinais ao mercado de poder começar a cortar taxas já na primeira reunião de 2025, em Fevereiro. Os dados do emprego, acima do esperado, conhecidos após a reunião do RBA, vieram colocar alguma água fria nessas expectativas e nas quedas do dólar australiano, não conseguindo evitar mais uma semana de perdas.
O AUD/USD terminou a semana em torno dos mínimos do ano a 0,6362, após ter registado um máximo da semana a 0,6472, e o EUR/AUD terminou a 1,6508, após ter negociado num mínimo de 1,6351 e um máximo de 1,6577.

As moedas emergentes registaram esta semana alguma recuperação, apesar das yields obrigacionistas norte-americanas terem registado ganhos significativos, assim como o dólar.

O rand sul-africano foi o que mais se destacou, tendo avançado 1,5% face ao euro e 0,98% face ao dólar.

O real brasileiro teve esta semana o apoio do seu banco central, que surpreendeu os mercados com um aumento de um ponto percentual da sua taxa Selic, que subiu de 11,25% para 12,25%. O real ganhou 1,40% face ao euro e 0,8% ao dólar norte-americano.

Gráfico Fonte XTB xStation 5


Commodities



Petróleo

Os preços do petróleo voltaram esta semana a negociar em alta impulsionados pelas expectativas de sanções à Rússia e ao Irão, às previsões de taxas de juro mais baixas nos Estados Unidos e na Europa e às medidas de apoio da economia da China.
A União Europeia impôs novas sanções à frota de petroleiros da Rússia, enquanto os Estados Unidos estão a considerar acções semelhantes. Na China, as importações de petróleo bruto registaram um aumento anual em Novembro, levando a Agência Internacional de Energia (AIE) a aumentar as suas perspectivas para a procura global de petróleo. A procura de crédito mais fraca na China, que levou a empréstimos bancários decepcionantes, e a AIE a prever um excedente de petróleo para 2025, à medida que os produtores não-OPEP+, incluindo os Estados Unidos, a Argentina e o Brasil, a aumentarem a oferta, pesaram sobre os ganhos da semana.

O preço do Brent subiu esta semana cerca de 4,5% e o do WTI cerca de 6%, com o primeiro a terminar a semana a negociar a $74,35 por barril e o segundo a $70,65.

Gráfico Fonte XTB xStation 5



Ouro

O ouro começou a semana a negociar em alta, entre tensões geoestratégicas e os cortes de taxas de juro por parte dos bancos centrais. Mas a continuação da subida das yields obrigacionistas, um dólar mais forte e as tensões a abrandarem, acabou por pesar no preço do metal amarelo, que acabou a semana a negociar em torno dos níveis de abertura.

Ainda assim o preço da onça de ouro recuperou esta semana cerca de 0,6%, com a onça de ouro a terminar a $2.647,00, após ter terminado a semana anterior a $2.632,50, após ter registado um máximo de $2.726,25.

Gráfico Fonte XTB xStation 5



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