A semana que começa
Banco Central Europeu, inflação e China
A última reunião deste ano do BCE será o evento da semana, que contará ainda com decisões de outros bancos centrais e ainda com a Conferência Central de Trabalho Económico na China e os dados da inflação.
Uma semana bem preenchida de reuniões de bancos centrais, com o destaque a recair sobre a do Banco Central Europeu. Na China os mercados estarão atentos ao que poderá vir da Conferência Central de Trabalho Económico. Relativamente à agenda económica os olhos estarão colocados nos dados da inflação dos Estados Unidos, a uma semana da última reunião deste ano da Reserva Federal.
Os mercados financeiros encontram-se bem divididos relativamente a possíveis decisões dos diversos bancos centrais que irão reunir-se esta semana. Não relativamente ao caminho das diversas decisões, que há para todos os gostos, mas antes para a amplitude dos movimentos.
Há uns meses não se esperava por qualquer alteração de taxas em Dezembro por parte do BCE. Posteriormente as especulações sobre um corte de 50 pontos ganharam cada vez mais adeptos. Agora, os mercados parecem estar convencidos relativamente a uma redução de 25 pontos base, mas há ainda quem acredite na possibilidade de um corte mais agressivo de 50 pontos base.
As dúvidas sobre as reduções a decidir pelo Banco Nacional da Suíça e pelo Banco do Canadá também subsistem, enquanto parece não haver dúvidas relativamente ao caminho do banco central australiano.
Em caminho oposto vai o banco central brasileiro que, segundo o consenso do mercado, irá subir de novo a sua taxa de juro, com as dúvidas a colocarem-se também aqui, se será de um aumento de 50 ou de 75 pontos base.
Na China, a Conferência Central de Trabalho Económico anual, programada para 11 e 12 de Dezembro, poderá dar mais alguns sinais sobre o compromisso de Pequim em apoiar o crescimento em 2025. Os mercados estão à espera de uma flexibilização monetária gradual e contínua, e um apoio fiscal "gradual", para permitir ajustes e a compensação das contrariedades das tarifas de importação dos Estados Unidos.
Dados Económicos
Estados Unidos da América
Depois de uma semana bem preenchida de impactantes dados económicos, esta semana será mais ligeira, com as atenções a irem para os últimos números da inflação antes da reunião da Reserva Federal.
Em termos mensais, as previsões apontam para uma subida em Novembro de 0,3%, com a inflação total a subir de 2,6% para 2,7% e a inflação subjacente a manter-se nos 3,3%.
A inflação à porta das fábricas deverá mostrar também um aumento dos preços a nível mensal de 0,3%.
Teremos também o Índice de Pequenas Empresas NFIB, com as estimativas a apontarem para uma subida dos 93,7 do mês anterior, para 94,4 e ainda os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego, onde as previsões apontam para 221 mil pedidos, depois da subida da semana passada para 224 mil.
Zona Euro
Relativamente a indicadores económicos vai ser uma semana bastante tranquila, onde os mercados irão ter a divulgação do índice Sentix de Confiança do Investidor e os dados da produção industrial do mês de Outubro.
O índice Sentix, segundo as estimativas, deverá mostrar uma pequena recuperação dos -12,8 do mês passado, para -12,4.
As previsões apontam para que a produção industrial mostre uma queda de 0,1%, desacelerando da queda de 2% do mês de Setembro.
Em Itália, a produção industrial deverá mostrar também uma queda de 0,1%, após a queda de 0,4% do mês anterior e a taxa de desemprego do terceiro trimestre deverá cair dos 6,8% do trimestre anterior, para 6,6%.
Na Alemanha, a balança comercial de Outubro deverá mostrar um excedente de 15,7 mil milhões de euros, reduzindo dos 17 mil milhões apresentados no mês anterior.
Reino Unido
Esta semana será mais preenchida de indicadores económicos, que se concentram lá mais para o final da semana.
As atenções irão estar especialmente voltadas para os dados do PIB do mês de Outubro que, segundo as estimativas, deverão mostrar um crescimento da economia britânica em termos mensais de 0,2%, recuperando da contracção de 0,1% no mês anterior.
Também debaixo das atenções dos mercados irão estar os números da balança comercial de bens do mês de Outubro, com as previsões a apontarem para um défice de 16,1 mil milhões de libras, após o défice de 16,3 mil milhões do mês de Setembro.
O indicador de confiança do consumidor GfK também estará sob a atenção dos mercados, mas não esperam que o mesmo se afaste dos -18 do mês anterior.
Teremos ainda a divulgação dos números da produção da construção que deverão mostrar um aumento de 0,2%, acelerando do aumento de 0,1% do mês anterior, assim como a produção industrial, onde as estimativas apontam para um aumento de 0,3%, recuperando parcialmente da queda de 0,5% do mês anterior.
Canadá
Teremos a divulgação dos números das licenças de construção de Outubro, onde as estimativas apontam para uma queda de 3,5%, após o aumento de 11,5% no mês anterior.
As vendas manufactureiras deverão aumentar 1,2%, mais do que recuperando da queda de 0,5% do mês anterior de Setembro.
As vendas grossistas deverão subir 0,6%, desacelerando dos 0,8% do mês anterior.
China
Relativamente a dados económicos, as atenções voltam-se esta semana para os dados da inflação.
Os preços do consumidor a nível mensal, segundo as previsões, deverão mostrar uma queda de 0,4%, após a de 0,3% do mês anterior, com a inflação anual a subir dos 0,3% do mês de Outubro, para 0,5% em Novembro.
À porta das fábricas, a inflação anual deverá mostrar subir de -2,9% do mês anterior, para -2,8%.
Teremos também os números dos novos empréstimos em yuans, com as previsões a apontarem para que aumentem dos 500 mil milhões de yuans do mês anterior, para 950 mil milhões.
Iremos ter ainda os números da balança comercial de Novembro, com as estimativas a apontarem para um excedente comercial de 94 mil milhões de dólares, caindo ligeiramente dos 95,7 mil milhões do mês anterior.
Japão
As atenções desta semana vão para a divulgação dos índices Tankan.
Começa com a divulgação do índice Reuters Tankan do mês de Dezembro que, segundo as estimativas, deverá mostrar uma subida de 5 para 13.
Teremos depois o índice Tankan de grandes empresas industriais, com as previsões a apontarem para que se mantenha nos 13 no último trimestre deste ano, enquanto o índice das grandes empresas de serviços deverá mostrar uma ligeira queda de 34 para 33.
Nova Zelândia
As vendas manufactureiras do terceiro trimestre em termos homólogos deverão mostrar um aumento de 2,2%, após a queda de 3% no trimestre anterior, e o índice manufactureiro BusinessNZ de Novembro, segundo as estimativas, deverá apresentar uma subida dos 45,8 para 46,2.
Austrália
Uma semana relativamente ligeira de dados económicos, onde as atenções irão estar nos dados do mercado de trabalho.
A taxa de desemprego de Novembro deverá, segundo as estimativas, subir de 4,1% para 4,2%, com a taxa de participação a manter-se nos 67,1%. O número de empregos criados pela economia australiana deverá subir dos 15,9 mil do mês anterior, para 25 mil.
Teremos ainda, logo no início da semana, o índice de confiança empresarial NAB, com o consenso a apontar para uma queda de 5 para 4.
Bancos Centrais
Banco Central Europeu
Os mercados têm como certo esta semana um corte de taxas por parte do BCE, com a dúvida a permanecer se este será de 25 ou de 50 pontos base. O corte de 25 pontos base terminou a semana passada com um consenso mais alargado, com a taxa de depósitos a poder cair de 3,25% para 3% e a refinanciamento de 3,40% para 3,15%.
Os mercados irão estar também particularmente atentos às novas projecções dos técnicos do Banco Central Europeu, que poderão dar mais luz sobre o caminho que o banco central tomará no início do próximo ano. Ainda para iluminar esse caminho os mercados esperam também pela comunicação de Christine Lagarde. Com os mercados a esperarem por uma aceleração no ritmo de cortes de taxas, uma comunicação que refira um carácter ainda restritivo do actual nível de taxas de juro na Zona Euro, poderá alimentar expectativas que a primeira reunião de 2025 traga a tão discutida redução de 50 pontos base na taxa de juro de referência.
Banco Nacional da Suíça
O consenso do mercado aponta para que esta semana o banco nacional suíço avance com o quarto corte consecutivo na sua taxa de juro. Tal como com o BCE, os mercados dividem-se entre 25 ou 50 pontos de redução, com o maior consenso a apontar para que a taxa de referência na Suíça caia de 1% para 0,75%.
Banco do Canadá
O banco central canadiano irá certamente cortar de novo a sua taxa de juro de referência, com os mercados a esperarem por um segundo corte consecutivo de 50 pontos base, trazendo a sua taxa de 3,75% para 3,25%.
Desde o início de Junho o Banco do Canadá cortou a sua taxa em 125 pontos base, avançando rapidamente na direcção da obtenção de taxas próximas do ponto neutro devido a um cenário de fraco crescimento e com a inflação cada vez mais alinhada com a sua meta. O índice de preços do consumidor tem sido essencialmente igual ou inferior à meta de inflação de 2% do BoC para todo o ano de 2024.
The Reserve Bank of Australia
O banco central australiano deverá manter-se como um dos mais hawkish das economias desenvolvidas e deixar de novo inalterada a sua taxa de juro nos 4,35%.
Uma leitura elevada em Outubro da inflação subjacente e um crescimento mais forte do PIB no terceiro trimestre sugerem que o banco central não tem pressa em cortar a sua taxa de referência.
Banco Central do Brasil
Com a sua moeda em torno de mínimos históricos face ao dólar, pressionada por pressões inflacionárias e com preocupações com o sobreaquecimento económico, o banco central brasileiro deverá continuar a subir a sua taxa de juro. Os mercados encontram-se divididos entre um aumento de 50 e 75 pontos base, reunindo mais adeptos o aumento de 11,25% para 12,00%.