Semana Revista
Mercado de trabalho e tensões políticas
Uma semana com as atenções voltadas para os acontecimentos em França e na Coreia do Sul, enquanto os mercados aguardavam pelos dados do emprego nos Estados Unidos, os últimos antes da reunião da Reserva Federal.
Com os mercados ainda sem estarem convencidos de um novo corte de taxas de juro por parte da Reserva Federal dos Estados Unidos no próximo dia 18 de Dezembro, os dados desta semana do emprego eram esperados com ansiedade para cimentarem essas expectativas.
Depois dos chocantes 12 mil postos de trabalho criados no mês de Outubro, devido ao impacto dos furacões Helene e Milton, este mês os números voltaram a mostrar um aumento de mais de 200 mil novos postos de trabalho, com o número do mês anterior a ser também revisto em alta. Mas a taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2%, mesmo com um ligeiro aumento da taxa de participação. Estes números, em conjunto com os dados de actividade de serviços do ISM abaixo do estimado, colocou mais perto a probabilidade de vermos um corte de 25 pontos base na próxima reunião do Fed. Pelo menos é o que o mercado de futuros sobre taxas de juro nos mostra neste final de semana, com a FedWatch Tool a mostrar a probabilidade de cerca de 90% para um corte de 25 pontos base.
Em França o governo de Michel Barnier não sobreviveu à moção de censura da coligação de esquerda que acabou por ser aprovada na Assembleia Nacional com a ajuda do partido de extrema-direita de Marine Le Pen, empurrando o país para águas politicamente ainda mais agitadas.
O diferencial das yields da dívida soberana francesa para a alemã atingiu um novo máximo que não se registava desde Julho de 2012, tendo recuado após Marine Le Pen, em entrevista à Bloomberg, ter mostrado abertura para deixar passar um futuro governo que esteja disposto a reduzir o défice mais lentamente, acrescentando ainda que não vê motivos para Emmanuel Macron renunciar nas condições actuais.
O Presidente Macron já tinha reforçado a sua intenção de não se demitir das suas funções, ficando até ao fim do seu mandato e disse, entretanto, que iria escolher um novo primeiro-ministro nos próximos dias.
Na Coreia do Sul, o presidente Yoon Suk Yeol, declarou esta semana inesperadamente a lei marcial numa medida que visava "forças anti-estatais pró-norte-coreanas desavergonhadas". Acabou por recuar e retirar seis horas depois essa lei com manifestantes a saírem às ruas e com pedidos por parte dos deputados que votaram no Parlamento de forma unânime contra a sua medida.
Com notícias de que o presidente Yoon teria dado ordem, durante as seis horas de imposição de lei marcial, para prender o líder do seu próprio partido no governo e do líder do partido da oposição, Han Dong-hoon (líder do partido do governo) declarou que “... é necessário suspender imediatamente o Presidente Yoon Suk-yeol das suas funções…”. O presidente da Coreia do Sul deverá ser destituído pelo parlamento neste sábado.
A moeda coreana, o won, atingiu um mínimo de mais de dois anos face ao dólar, ao negociar acima de 1440 won por 1 dólar norte-americano, enquanto os mercados accionistas voltaram a negociar em mínimos de um ano.
O Bitcoin ultrapassou os recordes anteriores e atingiu um novo máximo histórico acima da marca dos $100.000 esta semana. Os investidores estão a acreditar numa abordagem regulatória mais amigável dos Estados Unidos para as criptomoedas sob a próxima administração Trump, para aproximar o mercado das criptomoedas aos mercados mais convencionais.
Donald Trump, que fez campanha com a promessa de tornar os Estados Unidos num país mais amigo dos mercados de criptomoedas, anunciou esta semana a escolha de Paul Atkins, um adepto da criptomoeda, para futuro responsável da Securities and Exchange Commission (SEC), o regulador dos mercados financeiros.
A semana terminou com o bitcoin a negociar acima de $101.000.
Com o período de silêncio dos membros da Reserva Federal dos Estados Unidos a começar neste sábado, Jerome Powell e companhia aproveitaram esta semana para dar alguma orientação futura relativamente às futuras decisões de taxa de juro nos Estados Unidos.
A grande maioria dos membros do FOMC continua a apontar para a continuação gradual de corte de taxas de juro, mas foram várias as vozes que sugeriram que estão prontas para subir taxas de juro, caso o caminho descendente da inflação inverta, ao mesmo tempo que se mostram desconfortáveis com a inflação ainda acima dos 2%. Nunca deram qualquer orientação relativamente à decisão que irão tomar no próximo dia 18, mas as suas palavras sugerem que poderão interromper o ciclo de corte de taxas de juro entre esta última reunião de 2024 ou a primeira de 2025, com Beth Hammack a referir que a expectativa do mercado de um corte entre o momento actual e o final de Janeiro é razoável.
Jerome Powell, esta semana, num evento do New York Times disse que: “A economia dos Estados Unidos está em muito boa forma e não há razão para que isto não continue... os riscos negativos parecem ser menores no mercado de trabalho, o crescimento é definitivamente mais forte do que pensávamos e a inflação subiu um pouco". "Portanto, a boa notícia é que podemos ser um pouco mais cautelosos enquanto tentamos encontrar o nível de taxa de juro neutral". As suas palavras disseram então que a economia está mais forte agora do que o esperado pelo banco central em Setembro, quando começou a reduzir as taxas de juro, e parece também estar a sinalizar que poderá apoiar um ritmo mais lento de cortes nas taxas de juro.
Ouvimos também nos primeiros dias da semana que terminou, as últimas orientações dos membros do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu relativamente à decisão de taxas da próxima quinta-feira 12.
Os mercados estão quase unanimemente à espera de um corte de 25 pontos base e essa foi a mensagem deixada passar esta semana pela grande maioria dos responsáveis do BCE. Apesar de darem sinais de que a discussão sobre um corte de 50 pontos base irá estar em cima da mesa na próxima semana, a grande maioria aponta para a forte probabilidade de termos novo corte de 25 pontos base. Olli Rehn, da Finlândia, disse ser importante manter espaço de manobra, Joachim Nagel, disse não ter objecções a mais cortes de taxas desde que não sejam demasiado rápidas.
Christine Lagarde recusou-se também a sinalizar o ritmo de cortes de taxas. Quando confrontada com uma questão sobre a decisão do BCE sobre as taxas na próxima semana, Lagarde reiterou que não se comprometeria previamente com um corte específico. “Embora eu possa dizer que estamos num caminho desinflacionário e sabemos que a direção da viagem é descendente, o ritmo a que descemos a colina não é predeterminado e não vou comprometer-me com nenhum número específico, com certeza", disse.
Dados Económicos
Nos Estados Unidos, como qualquer primeira semana de cada mês, as atenções estiveram especialmente focadas nos dados do mercado de trabalho no último dia da semana. Os números dos nonfarm payrolls de Novembro mostraram que a economia norte-americana criou 227 mil novos postos de trabalho, ligeiramente acima dos cerca de 200 mil estimados pelos mercados e após um fraco aumento de Outubro revisto em alta de 12 mil para 36 mil.
A taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2% com a taxa de participação a recuar de 62,6% para 62,5%. O crescimento do salário médio/hora manteve o mesmo ritmo do mês anterior de 0,4%, ficando acima das estimativas de abrandamento para 0,3%.
Anteriormente, logo no início da semana, o número de vagas de emprego do JOLTS mostrou um aumento de 7,37 milhões de vagas revistas em baixo do mês anterior, para 7,74 milhões, ficando acima das estimativas de 7,49 milhões. Os números do emprego privado ADP apresentaram uma redução dos 184 mil postos de trabalho do mês anterior, revistos em baixa, para 146 mil, bem abaixo das estimativas que apontavam para 166 mil. E os números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego apresentaram uma subida para 224 mil, o maior número num mês e acima dos cerca de 215 mil nas últimas semanas.
Também sob a atenção dos mercados estiveram as divulgações dos dados do ISM, com o índice manufactureiro a mostrar uma subida de 46,5 para 48,4, acima dos 47,6 estimados, enquanto a actividade de serviços caiu de 56,0 para 52,1, bem abaixo das estimativas que apontavam para 55,5. As leituras finais dos PMI da S&P Global foram também mistos, com o índice do sector manufactureiro a ser revisto em alta de 48,8 para 49,7 e o de serviços em baixa, de 57,0 para 56,1.
Tivemos também o índice de optimismo económico RCM/TIPP, que subiu de 53,2 para 54,0, em torno com as estimativas do mercado de 54,1.
As encomendas às fábricas aumentaram 0,2%, ligeiramente abaixo das 0,3% estimadas, recuperando da queda revista em baixo de 0,2% no mês anterior.
Os números da balança comercial de Outubro mostraram uma redução do défice de 83,8 mil milhões de dólares do mês anterior, revistos em baixo, para 73,8 mil milhões, abaixo dos 75,7 mil milhões estimados pelo mercado.
Por fim, os dados da Universidade de Michigan mostraram que a confiança do consumidor melhorou, com o índice a subir de 71,8, revisto em baixa, do mês passado, para 74,0, acima dos 73,0 estimados pelo mercado. As expectativas de inflação de curto-prazo subiram de 2,6% para 2,9%, enquanto a 5 anos reduziram de 3,2% para 3,1%.
Na Zona do Euro foi uma semana relativamente calma em termos de indicadores económicos.
A taxa de desemprego continuou em mínimos históricos, mantendo-se a 6,1%.
Os dados finais da actividade privada mostraram apenas uma ligeira revisão em alta no sector de serviços ao subir dos 49,2 da leitura preliminar para 49,5.
O Índice de Preços do Produtor saiu em linha com as estimativas com uma subida mensal de 0,4%.
Já as vendas a retalho de Outubro caíram mais do que o estimado pelos mercados, caindo 0,5% face a 0,4% esperado, após o aumento de 0,5% no mês anterior.
A leitura final do PIB do terceiro trimestre confirmou o crescimento trimestral de 0,4% apresentado na divulgação da leitura inicial.
Na Alemanha as encomendas às fábricas em Outubro caíram 1,5%, menos do que o estimado pelo mercado de 2%, após o aumento revisto em alta de 7,2% do mês anterior. A produção industrial voltou a cair, desta vez 1,0%, contrariando as estimativas que apontavam para um aumento de 1,0%, após a redução revista em baixo de 2,0% registados no mês anterior.
Em Itália, a taxa de desemprego de Outubro caiu de 6% (revista em baixo de 6,1%) para 5,8%, surpreendendo os mercados que estimavam uma subida para 6,2%, enquanto as vendas a retalho caíram inesperadamente 0,5%, face a um aumento estimado de 0,9%, após o crescimento revisto em alta do mês anterior de 1,2%.
Em Espanha, a produção industrial cresceu 1,9%, bem acima das previsões de 0,8% e dos 1,1% revistos em alta do mês anterior.
Em França, os números da produção industrial desiludiram os mercados mostrando uma queda de 0,1%, face a um aumento esperado de 0,3% e após a queda revista em baixo de 0,8% no mês anterior. O défice da balança comercial reduziu-se de 8,4 mil milhões de euros revistos em alta para 7,7 mil milhões de euros, um pouco abaixo dos 8 mil milhões estimados pelo mercado.
No Reino Unido foi uma semana calma no que tocou a indicadores económicos. No mercado imobiliário, o índice de preço de casas da Nationwide mostrou uma subida de 1,2%, superando as estimativas do mercado que apontavam para uma subida de 0,2%, com o índice de preço de casas da Halifax a acelerar também mais do que o estimado de 0,2% para 1,3%, bem acima das estimativas que apontavam para 0,3%.
Tivemos também o PMI da construção que mostrou uma subida de 54,3, para 55,2, surpreendendo os mercados que estimavam uma queda para 53,5. Já as leituras finais da actividade manufactureira e de serviços divergiram, com a primeira a mostrar uma revisão em baixa de 48,6 para 48 e a segunda em alta de 50 para 50,8.
No Canadá as atenções esta semana estiveram também voltadas para os dados do emprego. A taxa de desemprego saltou de 6,5% para 6,8%, contrariando previsões de se manter nos 6,5%, mas com a taxa de participação a subir de 64,8% para 65,1%. O número de novos postos de trabalho criados em Novembro surpreendeu pela positiva, ao mostrar um crescimento dos 14,5 mil de Outubro para 50,5 mil em Novembro, bem acima dos 32 mil estimados. Houve mesmo um aumento de 54,2 mil de empregos a tempo inteiro, enquanto os empregos em tempo parcial caíram 3,6 mil.
Tivemos também o Ivey PMI que subiu de 52,0 para 52,3, ficando abaixo das estimativas que apontavam para 53,1, a balança comercial mostrou uma redução do défice dos 1,3 mil milhões de dólares canadianos para 920 milhões, ficando acima dos 600 milhões estimados pelo mercado e o PMI manufactureiro subiu de 51,1 para 52,0, surpreendendo os mercados que estimavam uma queda para 50,8.
Na Suíça as atenções esta semana voltaram-se para os dados da inflação do mês de Novembro, que saíram em linha com as previsões, mostrando uma queda mensal nos preços de 0,1%, com a medida anual a subir de 0,6% para 0,7%.
Tivemos também o PMI manufactureiro que caiu mais do que o esperado pelos mercados, de 49,9 para 48,5, face a 49,6 estimados.
A taxa de desemprego manteve-se nos 2,6%, face a estimativas de uma subida para os 2,7%.
Na China, após os PMI oficiais, esta semana foi a vez dos números privados da Caixin, que mostraram resultados mistos. A actividade manufactureira mostrou uma subida maior do que a estimada pelos mercados, com o índice a subir de 50,3 para 51,5, face a 50,6 esperados. Já a actividade de serviços desiludiu os mercados ao cair de 52,0 para 51,5, face a estimativas que apontavam para uma ligeira subida para 52,5.
No Japão tivemos uma semana ligeira de indicadores económicos, com os destaques a irem para os dados dos ganhos médios salariais que aceleraram de 2,5% do mês anterior, para 2,6%, em linha com o estimado pelo mercado e para a despesa das famílias que como previsto continua a encolher, mas a um ritmo mais brando do que o esperado (-1,3% face a 2,6% estimado e após -1,1% no mês anterior).
Na Nova Zelândia as licenças de construção de Outubro caíram 5,2%, contrariando as estimativas do mercado que apontavam para um aumento de 1,7%, depois do aumento revisto em baixo do mês anterior de 2,4%.
Na Austrália o destaque da semana esteve nos dados do PIB do terceiro trimestre que mostraram um crescimento económico trimestral de 0,3%, aumentando do de 0,2% do trimestre anterior, mas desiludindo os mercados que esperavam por um crescimento de 0,5%. Em termos anuais a economia cresceu 0,8%, abaixo dos 1,1% estimados e desacelerando dos 1% mostrados no trimestre anterior.
Já as vendas a retalho do mês de Outubro superaram as estimativas do mercado ao aumentarem 0,6%, bem acima dos 0,3% esperados, acelerando dos 0,1% do mês anterior.
A medida de inflação do Melbourne Institute mostrou uma subida mensal de 0,2%, em linha com o estimado e desacelerando dos 0,3% do mês anterior. Os anúncios de emprego do ANZ caíram 1,3%, após o aumento revisto em alta de 0,7%.
As licenças de construção aumentaram 4,2% mais do que o esperado de 1,2%, desacelerando dos 5,8% revistos em alta do mês anterior.
Os lucros operacionais do tecido empresarial do terceiro trimestre também desiludiram os mercados ao mostrarem uma queda de 4,6%, face a um crescimento previsto de 0,6%, após uma queda revista em alta de 6,8% do trimestre anterior.
Já a balança comercial de bens de Outubro mostrou um excedente de 5,95 mil milhões de dólares australianos, aumentando dos 4,53 mil milhões revistos em baixo do mês anterior e superando as estimativas que apontavam para 4,58 mil milhões de dólares australianos.
Mercados accionistas
Em mais uma semana onde as tensões políticas continuaram bem presentes, as yields obrigacionistas caíram e o dólar recuou dos recentes máximos, dando de alguma maneira suporte a ganhos nas acções, com o mercado accionista globalmente a iniciar o último mês do ano em alta.
Na Ásia, os mercados accionistas, excluindo os australianos e sul-coreanos, registaram ganhos sólidos.
No Japão, mesmo com um iene um pouco mais forte e com as expectativas de subida de taxas de juro na reunião deste mês do Banco do Japão a aumentarem, os principais índices registaram ganhos sólidos. O índice Nikkei ganhou 2,25% e o Topix 1,73%.
Na Austrália, dados mistos com vendas a retalho acima do esperado, mas lucros empresariais operacionais e PIB abaixo do esperado, levaram o índice ASX 200 a ficar pouco alterado esta semana, recuando marginalmente 0,15%.
Na Coreia do Sul, os acontecimentos políticos desta semana pressionaram as acções coreanas que terminaram a semana em perdas, com o índice Kospi a cair 1,13%.
A continuação das expectativas de estímulos por parte do governo chinês impulsionaram de novo os mercados para ganhos, com o CSI300 a ganhar 1,44%, o Shanghai Composite 2,33% e o Hang Seng 2,28%.
Na Índia, com o banco central a manter inalterada a sua taxa de referência, o índice
Nifty 50 ganhou esta semana 2,21%.
Na Europa, mesmo com as tensões políticas vividas esta semana em França, a segunda maior economia da Zona Euro, os principais índices registaram esta semana ganhos interessantes.
O índice Euro Stoxx 600 ganhou 2,00% e o Euro Stoxx 50 3,60%.
Na Alemanha, o índice DAX liderou os ganhos ao subir 3,86% e mesmo o CAC 40, de França, registou uma valorização semanal de 2,65%.
No Reino Unido, o índice FTSE 100 terminou a semana avançando marginalmente 0,26%.
Por cá, na praça de Lisboa, o índice PSI negociou em contraciclo, perdendo 1,28%.
Nos Estados Unidos, a confiança dos investidores continua inabalável e os principais índices continuam a registar novos máximos absolutos ou a negociarem em torno dos mesmos. Enquanto o índice Dow Jones e o índice de pequenas empresas Russell 2000, recuaram dos recentes máximos históricos, os índices S&P 500 e Nasdaq registaram novos fechos semanais recorde.
O índice Dow Jones recuou 0,60% e o Russell 2000 1,26%, enquanto o S&P 500 avançou 0,96% e o Nasdaq liderou os ganhos ao subir esta semana 3,32%.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Mercado cambial
O mercado cambial começou a semana (e o mês de Dezembro) a negociar em volatilidade reduzida, com os mercados a aguardarem pelos importantes dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos.
O dólar continuou esta semana a recuar dos recentes máximos, com os mercados cada vez mais a descontarem um novo corte de 25 pontos base por parte da Reserva Federal dos Estados Unidos já no próximo dia 18 de Dezembro. As yields obrigacionistas voltaram a cair, com os 10 Anos a fecharem a semana a 4,155%, recuando dos máximos a 4,505 há apenas três semanas.
O índice do dólar DXY terminou a semana a 106,00, tendo ficado confinado entre um máximo de 106,70 e um mínimo a 105,40.
O euro negociou com um pouco mais de volatilidade e terminou a semana praticamente inalterado do nível de abertura. A situação política francesa colocou inicialmente pressão sobre o euro, levando-o a registar mínimos da semana, que acabou por recuperar. O spread entre as dívidas francesa e alemã a 10 anos atingiu um máximo que não se registava desde Julho de 2012, quando atingiu os 0,879%, pressionando a moeda única, mas terminou a 0,771%.
O EUR/USD foi sendo impactado ora pela turbulência da Zona Euro, ora pelos dados norte-americanos e o seu impacto no dólar. Terminou a semana ao nível com que a iniciou (1,0569/1,0567), negociando entre um mínimo de 1,0461 e um máximo de 1,0630. Tendo o mínimo sido atingido logo no início da semana, pressionado pela situação em França, enquanto o máximo foi registado após os dados do emprego colocarem mais perto o corte de taxas de juro por parte do Fed na reunião de 18 de Dezembro.
O iene japonês terminou a semana praticamente inalterado, dos níveis de fecho da semana anterior, mesmo com as expectativas cada vez mais elevadas relativamente a uma nova subida de taxas por parte do Banco do Japão, já na reunião deste mês.
O USD/JPY terminou a semana a negociar a 150,05 e o EUR/JPY a 158,60.
De novo, incertezas políticas na Europa levam o franco suíço a registar valorizações (modestas, 0,16%), com o seu papel de moeda de refúgio a voltar a sobressair.
Foram ganhos ligeiros, com o USD/CHF a terminar a semana a 0,8787 depois de a ter iniciado a 0,8804, e o EUR/CHF a cair do nível de abertura a 0,9308 para terminar a 0,9285.
Também a libra esterlina ficou pouco alterada dos níveis de abertura, tanto face ao dólar como face ao euro.
Negociou com mais alguma volatilidade face ao dólar, ficando o GBP/USD confinado entre um mínimo de 1,2617 e um máximo de 1,2812, depois de ter iniciado a semana a 1,2730 e terminado a 1,2742.
Ganhou face ao euro, com o EUR/GBP a cair do nível de abertura a 0,8304, para terminar a 0,8293, depois de recuperar de um mínimo de 0,8269.
Nas moedas de economias desenvolvidas as grandes perdedoras da semana foram o dólar australiano e o dólar neozelandês, que caíram cerca de 1,90% e 1,50% esta semana.
Os dados decepcionantes sobre o crescimento económico alimentaram especulações de que o banco central australiano poderia assumir uma postura mais dovish na reunião de política monetária da próxima semana. Os dados do PIB revelaram que a economia da Austrália, no terceiro trimestre, cresceu apenas 0,3% em termos trimestrais, ficando aquém das expectativas do mercado de 0,4%. Em termos anuais, a economia cresceu 0,8%, muito abaixo dos 1,1% previstos, uma taxa de crescimento tipicamente associada a recessões. O AUD/USD caiu de 0,6515 onde começou a semana, até aos 0,6390 onde a terminou, e o EUR/AUD terminou a 1,6540, após a ter começado a negociar a 1,6230.
O dólar neozelandês eliminou os ganhos registados na semana passada, com o seu banco central a continuar num ciclo agressivo de cortes de taxas de juro. Até ao momento já reduziu a sua taxa em 125 pontos base, com o seu governador a sinalizar a possibilidade de mais 50 pontos base de corte na próxima reunião em Fevereiro.
O NZDUSD caiu do nível de abertura a 0,5913 para terminar a 0,5829, e o EUR/NZD terminou a 1,8126, depois de ter começado a semana a negociar a 1,7880.
Nas moedas emergentes destaca-se de novo esta semana o real brasileiro, e não pelos melhores motivos.
O mês de Dezembro começou com o real brasileiro a enfraquecer terminando a semana em novo mínimo histórico de 6,08 por dólar, devido às persistentes preocupações fiscais e à valorização do dólar norte-americano, que ofuscaram as expectativas em torno de uma política monetária agressiva do Banco Central do Brasil. A incerteza sobre a política fiscal do país, incluindo o cepticismo em relação às propostas de cortes de despesas e à reforma fiscal, continua a afectar negativamente o sentimento dos investidores. Embora a recente aprovação de medidas fiscais no Congresso tenha gerado algum optimismo, permanecem dúvidas sobre a sua eficácia. Além disso, apesar das expectativas de um aumento de 75 pontos-base na taxa Selic durante a reunião de 11 de Dezembro, as pressões inflacionárias e as preocupações com o sobreaquecimento económico continuam a pressionar a moeda brasileira, que esta semana perdeu cerca de 2%.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Commodities
Petróleo
Foi mais uma semana de perdas para os mercados petrolíferos entre preocupações com um excedente de oferta em 2025 a fazer esquecer recente decisão da OPEP+ de adiar os aumentos previstos de produção e de prolongar os cortes de produção até ao final de 2026. A OPEP+, responsável por cerca de metade da produção mundial de petróleo, prolongou os seus actuais cortes na produção e adiou a reversão gradual destes cortes para Abril de 2025. Esta medida surge num contexto de enfraquecimento da procura global, especialmente na China, e do aumento da oferta dos países não alinhados com a OPEP+.
O preço do barril de Brent perdeu esta semana cerca de 2,60% e o do WTI 1,20%, com o primeiro a terminar a negociar a $71,05 e o segundo a $67,20, ambos em torno dos mínimos deste ano de 2024.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Ouro
Também o ouro negociou esta semana em volatilidade reduzida, voltando a registar perdas ligeiras, isto enquanto as yields obrigacionistas em queda e um dólar um pouco mais fraco deveriam ter conseguido impulsionar o preço do metal amarelo.
Depois da perda significativa na última semana de Novembro, o mês de Dezembro começou também em queda, com a onça de ouro a cair do nível de abertura de $2.649,00 até aos $2632,50, caindo cerca de 0,97%.
Gráfico Fonte XTB xStation 5