Semana Revista
Tensões, bancos centrais e PMIs
Uma semana marcada pela escalada do conflito Ucrânia/Rússia, mas com os mercados a estarem atentos aos comentários de banqueiros centrais e aos dados de actividade económica privada, especialmente na Zona Euro.
As tensões geopolíticas marcaram a semana que passou, numa semana que de outra forma seria relativamente tranquila de indicadores económicos que com capacidade para impactar os mercados.
Putin assinou uma alteração à doutrina nuclear russa, que permite à Rússia utilizar armas nucleares para retaliar ataques realizados com armas convencionais, se estes forem apoiados por um estado com armamento nuclear. A mudança foi uma resposta ao facto de os Estados Unidos terem permitido à Ucrânia utilizar mísseis ATACMS de longo alcance para ataques em território russo. A Ucrânia realizou os primeiros ataques com mísseis contra território russo utilizando armas americanas e britânicas e a Rússia disparou uma barragem de mísseis, incluindo um novo míssil balístico de alcance intermédio contra a cidade de Dnipro, no leste da Ucrânia.
Embora o míssil não fosse um míssil balístico intercontinental como inicialmente alegaram as autoridades ucranianas, o Pentágono informou que mísseis semelhantes poderiam ser adaptados para transportar também ogivas nucleares. Ambos os lados consideraram os acontecimentos da semana passada uma escalada na guerra, que já dura há mais de 1.000 dias.
Durante toda a semana tivemos um conjunto bastante alargado de responsáveis do Banco Central Europeu a intervir verbalmente no mercado. Na sua grande maioria referiram que estão confiantes que a taxa de inflação atinja rapidamente o objectivo do banco central nos 2%. Stournaras, do Banco da Grécia, e Villeroy do Banco de França apontam para um corte de 25 pontos na reunião de Dezembro, com o primeiro a dizer que espera uma continuação de cortes de 25 pontos consecutivos até atingir a taxa neutra, algures em torno de 2%, enquanto o segundo recomenda alguma moderação nos cortes. Também dessa opinião parece ser Mário Centeno, do Banco de Portugal.
Christine Lagarde, presidente do BCE, destacou a necessidade crítica de a Europa inverter o declínio do crescimento para sustentar as suas disposições em matéria de bem-estar, aumentar as despesas com a defesa e enfrentar as alterações climáticas. Lagarde sublinhou a necessidade de políticas económicas ousadas para gerar a riqueza necessária para estes fins. Concentrou-se ainda na urgência de adaptação a um cenário geopolítico em mudança e de recuperar a competitividade e a inovação. Lagarde destacou ainda a vulnerabilidade da Europa às guerras comerciais devido à sua forte dependência do comércio externo, que representa mais de metade da sua produção económica.
Os dados de actividade económica privada da Zona Euro recuaram mais acentuadamente do que o esperado pelos mercados, colocando ainda mais pressão na decisão do Banco Central Europeu na sua próxima reunião de Dezembro. Com o PMI do sector de serviços, que tem suportado o crescimento económico europeu, a entrar em contracção, os mercados terminaram a semana com as expectativas de um corte de 50 pontos na próxima reunião, superior a 50% de probabilidades.
O Banco Central Europeu, no seu relatório bianual da estabilidade financeira, destacou vários riscos, incluindo “o aumento das tensões comerciais globais e um possível fortalecimento adicional das tendências proteccionistas”. Sendo agora o crescimento económico uma ameaça maior do que a inflação, o BCE receia que a evolução do comércio possa ter um impacto adverso no crescimento, na inflação e nos preços dos activos. O BCE apontou “níveis de dívida elevados e défices orçamentais elevados”. Recordando a crise da dívida soberana de há cerca de 12 anos, o BCE mencionou um potencial ressurgimento das preocupações do mercado sobre a sustentabilidade da dívida. A combinação de baixo crescimento e elevada dívida pública torna mais difícil abordar outras questões urgentes, como as despesas de defesa e os investimentos relacionados com o clima, disse o banco central. Outras preocupações referidas pelo BCE incluem os elevados custos de financiamento e o fraco crescimento que prejudicam os balanços das empresas, bem como os riscos de crédito para as PME e as famílias com rendimentos mais baixos. Num contexto de “elevada incerteza macrofinanceira e geopolítica”, alertou para uma inversão súbita e acentuada em determinados segmentos de mercado, dadas as elevadas valorizações dos activos.
Já do lado da Reserva Federal dos Estados Unidos, as diversas intervenções dos membros do FOMC mostraram-se cautelosos relativamente ao ciclo de corte de taxas de juro. A grande maioria defende que continua a ser necessário abrandar o nível restritivo das taxas mas mostram uma abordagem gradual na redução das mesmas.
Michelle Bowman que em Setembro discordou do corte de 50 pontos base referiu esta semana que “Os ajustes de política monetária feitos até agora permitem que o FOMC seja cuidadoso e deliberado no futuro, e use tempo para avaliar holisticamente as implicações dos dados disponíveis para as perspectivas e o equilíbrio de riscos associados”.
A presidente do Fed de Boston, Susan Collins, observou que os cortes nas taxas de juro deveriam continuar, mas os membros do FOMC deveriam proceder com cautela.
Lisa Cook, governadora do Fed, não antecipou qualquer resultado para a reunião de Dezembro, mas deu a entender que estará pronta para uma perspectiva de mudança.
A semana terminou com a FedWatch Tool da CME a mostrar uma probabilidade de quase 50/50 relativamente a um corte de 25 pontos ou de uma manutenção do actual nível de taxas.
Dados Económicos
Nos Estados Unidos, tivemos mais uma semana tranquila relativamente a indicadores económicos.
Os indicadores do mercado imobiliário iniciaram a semana com o índice NAHB a subir pelo terceiro mês consecutivo de 43 para 46, acima das estimativas do mercado. Já as licenças de construção de Outubro e o início de construção de casas caíram mais do que o esperado. As licenças caíram 0,6% contrariando expectativas de uma subida de 2,5%, enquanto as construções caíram 0,6%, mais do que as estimativas que apontavam para uma queda de 0,2%. As vendas de casas existentes subiram de 3,84 milhões para 3,96 milhões, acima das 3,94 milhões esperadas, aumentando 3,4%, superando o aumento esperado de 0,8%, depois da queda revista de 1,3% do mês de Setembro.
Os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego caíram dos 217 mil da semana passada, para um mínimo dos últimos seis meses de 213 mil, indicando um mercado de trabalho relativamente resiliente.
O índice manufactureiro do Fed de Filadélfia caiu mais do que o esperado, de 10,3 para -5,5, face a estimativas de 6,3.
Por fim, no último dia da semana tivemos os PMI, com o índice composto a subir de 54,1 para 55,3, mostrando o maior crescimento do sector privado desde Abril de 2022. O PMI manufactureiro continuou a mostrar contracção, mas subiu de 48,5 revisto em alta do mês passado para 48,8, em linha com o esperado, enquanto a actividade de serviços subiu de 55,0, revisto em baixo, para 57,0, acima dos 55,2 estimados e marcando um máximo de mais de dois anos.
O índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan foi revisto em baixo da leitura preliminar de 73 para 71,8 e as expectativas de inflação de curto prazo ficaram inalteradas a 2,6%, mas a cinco anos foram revistas em alta de 3,1% para 3,2%.
Na Zona do Euro o destaque da semana foram os dados de actividade privada que saíram no último dia da semana e que desiludiram os mercados.
Contrariamente às previsões que apontavam para que tanto a actividade industrial como a de serviços mostrassem níveis em torno do mês passado ou mesmo uma ligeira subida, a actividade empresarial mostrou novo recuo. O índice PMI composto caiu dos 50 para 48,1, mostrando novamente contracção, com a actividade industrial a cair de 46 para 45,2 e o sector de serviços, que tem sido o suporte da actividade privada, a mostrar uma queda de 51,6 para 49,2, mostrando também contracção.
Antes dos dados agregados da Zona Euro, a Alemanha e a França tinham mostrado quedas na actividade económica. O PMI composto alemão caiu de 48,6 para 47,3 e o francês de 48,3 para 44,4. Enquanto na Alemanha o PMI manufactureiro registou uma ligeira subida de 43 para 43,2, em França caiu de 44,5 para 43,2. A actividade de serviços caiu em ambos os países, com a alemã de 51,6 para 49,4, tendo em França afundado dos 49 para 45,7.
Ainda na Zona Euro tivemos os números da balança comercial de Setembro que mostraram um aumento do excedente revisto em baixo dos 10,8 mil milhões de euros do mês anterior, para 13,6 mil milhões de euros, bem acima dos 7,9 mil milhões estimados.
Os números da conta-corrente mostraram também um salto dos 35,4 mil milhões revistos em alta do mês anterior, para 37 mil milhões de euros, superando as previsões que apontavam para 27 mil milhões.
O índice de confiança do consumidor caiu de -13 para -14, um mínimo dos últimos quatro meses, contra estimativas de uma subida para -12.
Os dados finais da inflação confirmaram as leituras preliminares de 2,0% e de 2,7% para a inflação subjacente.
Na Alemanha, o índice de preços do produtor mostrou um aumento de 0,2%, depois da queda de 0,5% do mês anterior e contrariando estimativas de uma queda nos preços de 0,1%. Os números finais do PIB do terceiro trimestre reviram em baixo o crescimento da economia alemã apresentada pala leitura preliminar de 0,2% para 0,1%.
No Reino Unido foi uma semana bem preenchida de indicadores económicos relevantes.
Começamos com os dados da inflação do mês de Outubro que mostraram uma aceleração inesperada pelos mercados. A nível mensal os preços subiram 0,6%, bem acima dos 0,4% previstos, com a inflação anual a subir de 1,7% para 2,3%, acima dos 2,2% estimados. Sem alimentos nem energia a inflação mostrou também uma subida, de 3,2% para 3,3%, face a estimativas de se manter inalterada, com os preços a nível mensal a subirem 0,4%, em linha com as estimativas.
As vendas a retalho desiludiram os mercados, mostrando uma queda de 0,7%, consideravelmente maior do que a esperada de 0,3%, depois de um aumento revisto em baixo do mês anterior de 0,1%.
Também a desiludir os mercados estiveram os dados da actividade privada. O PMI composto da S&P Global caiu de 51,8 para 49,9, ficando em terreno de contracção pela primeira vez desde Outubro do ano passado. A actividade de serviços caiu de 52 para 50, ficando em cima da linha que separa a contracção da expansão, com o PMI industrial a mostrar contracção e a cair de 49,9, revisto em baixo, para 48,6.
Já o índice de confiança do consumidor da GfK surpreendeu positivamente ao subir de -21 para -18, contrariando as previsões de nova queda para -22.
Os números dos empréstimos líquidos no sector público aumentaram de 16,1 mil milhões de libras para 17,4 mil milhões, contrariando as estimativas de uma queda para 14,1 mil milhões de libras.
O índice das expectativas de encomendas industriais CBI subiu de -27 para -19, superando as estimativas de -25.
O portal imobiliário Rightmove mostrou uma queda nos preços pedidos pelas casas no Reino Unido de 1,4% em Novembro, face a 0,3% de aumento no anterior mês de Outubro.
No Canadá as atenções estiveram focadas nos dados da inflação e das vendas a retalho.
Os dados da inflação de Outubro mostraram que os preços em termos mensais subiram 0,4%, acima dos 0,3% estimados pelo mercado, anulando a queda de igual valor do mês anterior. A inflação anual subiu de 1,6% para 2%, acima dos 1,9% previstos. A inflação subjacente também surpreendeu, ao acelerar dos 1,6% para 1,7%. A medida mais observada pelo Banco do Canadá, sem 40% dos itens mais voláteis, com os mercados a estimarem que se mantivesse inalterada nos 2,4%, subiu para 2,6%, tal como a mediana que subiu de 2,3% para 2,5%
As vendas a retalho aumentaram em Setembro 0,4%, em linha com o esperado e com o mês anterior, mas excluindo as vendas automóveis aumentaram 0,9%, mais do que recuperando a queda revista em alta do mês anterior de 0,8%, contrariando as estimativas que apontavam para uma queda de 0,7%.
A semana começou com os dados do início de construção de casas que mostraram um aumento das 223 mil, revistas em baixo, do mês anterior, para 241 mil, superando as previsões de 239 mil.
A semana acabou com o índice do preço de casas novas a mostrar uma queda de 0,4%, após a estabilização mostrada em Setembro e contrariando as estimativas que apontavam para um ligeiro aumento de 0,1%.
Na Suíça, a balança comercial no mês de Outubro mostrou um aumento do excedente para 8,06 mil milhões de francos suíços dos 4,94 mil milhões, revistos em baixo, apresentados no mês de Setembro, surpreendendo os mercados que esperavam uma redução para 4,25 mil milhões de francos suíços.
No Japão, a semana começou com os dados das encomendas de maquinaria que, excluindo as de centrais energéticas e de navios, mostraram uma queda inesperada em termos mensais de 0,7%, contra um aumento esperado de 1,4% e depois da queda de 1,9% do mês anterior de Agosto.
As exportações aumentaram em Outubro mais do que o esperado, em 3,1%, mais do que recuperando a queda de 1,7% do mês anterior. Os números da balança comercial em Outubro mostraram um défice de 360 mil milhões de ienes, bem acima dos 150 mil milhões estimados e depois de um défice revisto em alta de 270 mil milhões de ienes no mês anterior.
A inflação ficou acima do esperado pelos mercados nos 2,3%, contra 2,2% estimados, caindo dos 2,5% do mês anterior. A inflação subjacente, sem os alimentos frescos, a medida mais observada pelo Banco do Japão, caiu de 2,4% para 2,3%, superando também as estimativas do mercado que apontavam para 2,2%. A inflação subjacente, sem alimentos nem energia, acelerou de 2,1% para 2,3%.
A semana terminou com a divulgação dos índices da actividade privada do Jibun Bank, que mostraram um crescimento abaixo do estimado. O PMI composto subiu de 49,6 para 49,8, abaixo dos 49,9 estimados, com a actividade manufactureira a mostrar uma queda inesperada de 49,2 para 49, face a 49,5 esperados, com o sector de serviços a compensar, subindo de 49,7 para 50,2, acima dos 50,1 estimados e voltando para terreno de expansão.
Na Nova Zelândia, o índice de serviços do BusinessNZ mostrou uma subida de 45,7 para 46,0, abaixo das estimativas de 47,0.
Na Austrália tivemos também uma semana bastante tranquila, com as atenções a focarem-se nos índices da actividade económica privada do Judo Bank.
O índice composto caiu inesperadamente para terreno de contracção, de 50,2 para 49,4, contra expectativas de uma subida para 50,5. O índice PMI manufactureiro superou as estimativas de 48, subindo dos 47,3 do mês anterior para 49,4, enquanto o sector de serviços desiludiu os mercados ao cair de 51 para 49,6, em contracção, face às expectativas de uma subida para 51,3.
Os Bancos Centrais
The People's Bank of China
O Banco Popular da China manteve esta semana as suas taxas de empréstimo para clientes preferenciais respectivamente a 3,10% e 3,60%, tanto a 1 como a 5 anos.
Banco Central da Turquia
O banco central turco, tal como esperado, manteve inalterada a sua taxa de juro nos 50% pela oitava reunião consecutiva.
The South Africa Reserve Bank
O banco central sul-africano voltou a reduzir a sua taxa de juro em 25 pontos base, de 8,00% para 7,75%, como esperado pelos mercados, continuando o ciclo de corte de taxas iniciado no mês de Setembro.
Mercados accionistas
Esta semana os mercados financeiros, em geral, negociaram impactados entre as tensões geoestratégicas a aumentarem devido à escalada no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o ímpeto gerado ainda pelo retorno de Donald Trump à Casa Branca alimentando expectativas de crescimento de resultados empresariais e ainda por expectativas de cortes nas taxas de juro por parte dos bancos centrais.
Os mercados accionistas asiáticos foram os que registaram um pior desempenho esta semana.
As promessas de mais estímulos por parte do primeiro-ministro Ishiba não conseguiram ser suficientes para levar os principais índices para terreno positivo, com o Nikkei a recuar esta semana 0,83% e o Topix 0,56%.
Já o índice australiano ASX 200 e o Kospi da Coreia do Sul, lideraram os ganhos ao subirem 1,31% e 3,49%, respectivamente.
Na China, a recuperação económica mais fraca do que o esperado e os receios de mais tarifas por parte dos Estados Unidos, levaram as acções a negociarem em perdas. O índice CSI300 liderou essas perdas, ao cair esta semana 2,60%, seguido pelo Shanghai Composite que caiu 1,91% e o Hang Seng, de Hong Kong, 1,01%.
Na Índia, o índice Nifty 50 ganhou 1,59%.
Na Europa a semana foi de uma maneira geral positiva. As preocupações dos investidores com a situação na Ucrânia e com os preços elevados do gás natural foram de alguma forma compensadas por expectativas de um ritmo mais acelerado de corte de taxas por parte do BCE, após o recuo dos indicadores da actividade privada.
O índice Euro Stoxx 600 ganhou 1,07%, enquanto o Euro Stoxx 50 recuou marginalmente 0,10%.
Na Alemanha, o índice DAX avançou 0,58%, enquanto o CAC 40, de França, recuou 0,20%.
No Reino Unido, o índice FTSE 100 liderou os ganhos ao subir 2,46%.
O índice nacional PSI terminou a semana de novo em contraciclo, desta vez recuando 0,30%.
Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street voltaram a aproximar-se dos recentes máximos históricos, enquanto os investidores digeriam o fim de uma época sólida de resultados empresariais, numa semana ligeira de indicadores económicos.
O índice Dow Jones ganhou 1,96%, o S&P 500 1,68% e o Nasdaq 1,73%, enquanto o índice de pequenas empresas Russell 2000 disparou 4,46%, impulsionado por expectativas de um maior suporte por parte de uma futura política proteccionista de Trump.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Mercado cambial
Esta semana o destaque vai para as perdas registadas pela moeda única, cujo índice afundou 1,50%, perdendo face a todas as restantes divisas. Já o dólar norte-americano esteve em sentido contrário, ganhando a todas as outras moedas, com o índice do dólar a ganhar 0,55%.
O euro terminou a semana pressionado pelos dados da actividade económica privada que voltaram a recuar, com o sector de serviços, que tem suportado o crescimento económico na Zona Euro, a voltar inesperadamente a contrair. As expectativas de um corte de 50 pontos base nas taxas de juro por parte do Banco Central Europeu voltaram a aumentar, pressionando fortemente a moeda única.
O EUR/USD registou um novo mínimo do ano, e desta vez mesmo dos últimos quatro anos, ao negociar a 1,0332. Após ter começado a semana a negociar a 1,0528, ainda atingiu um máximo acima de 1,0600 (1,0610), mas terminou a 1,0414, recuperando do mínimo da semana.
O dólar norte-americano, por outro lado, continua a registar novos máximos, semana após semana, com a semana que terminou a ser a oitava consecutiva de ganhos.
O índice DXY atingiu um máximo acima de 108,00 (108,05), o que não acontecia desde o início de Novembro de 2022. Começou a semana a negociar a 106,52, chegou a registar um mínimo de 106,02, terminando a semana a 107,47.
O dólar canadiano, a segunda divisa que mais ganhou esta semana, recuperou uma boa parte das perdas registadas na semana anterior, depois dos dados da inflação acima do esperado, terem suavizados as expectativas do mercado relativamente a uma aceleração do ritmo do ciclo de corte de taxas de juro por parte do Banco do Canadá.
Depois de um máximo acima de 1,4100, o que não acontecia desde Maio de 2020, o USD/CAD caiu do nível de abertura desta semana a 1,4092, até um mínimo de 1,3931 para terminar a 1,3980.
O EUR/CAD caiu de um máximo de 1,4891, para terminar a 1,4567, depois de ter registado um mínimo dos últimos nove meses a 1,4486.
O iene japonês foi também uma das moedas ganhadoras da semana. Exportações a surpreenderem em alta e inflação a sair acima das expectativas do mercado, levaram a um aumento de expectativas de subida de taxas de juro na próxima reunião do Banco do Japão em Dezembro, depois de Kazuo Ueda ter anteriormente dito que tudo está em aberto, com o banco central a avaliar os dados económicos que irá ter disponíveis até lá.
O USD/JPY ficou confinado entre um máximo de 155,89 e um mínimo de 153,28, abaixo do máximo da semana anterior de 156,75, terminando a semana a 154,76.
O EUR/JPY registou uma volatilidade maior, com o par a negociar entre um máximo de 164,76 e um mínimo de 159,89, tendo começado a semana a negociar a 162,63 e terminado a 161,26.
A par com o euro, a libra foi uma das divisas que mais perdeu esta semana, com o seu índice a registar uma perda superior a 1%. A ligeira aceleração na inflação, foi contrabalançada com as perdas nas vendas a retalho e ainda pelos fracos números de actividade económica que mostraram contracção pela primeira vez em mais de um ano. Os mercados começam a descontar uma maior probabilidade de um corte de taxas de juro por parte do Banco de Inglaterra.
O GBP/USD voltou a negociar abaixo de 1,2500, o que não acontecia desde Maio deste ano, ao atingir um mínimo da semana a 1,2487, terminando a 1,2532, após ter aberto a semana a 1,2617 e ter registado um máximo acima de 1,2700 (1,2715).
Face ao euro a libra registou ganhos, com o EUR/GBP a terminar a 0,8314, após ter começado a semana a negociar a 0,8351, tendo atingido um máximo a 0,8376 e um mínimo a 0,8268.
Se o iene japonês registou alguns ganhos, o franco suíço registou algumas perdas, mesmo com o aumento de tensões geoestratégicas já que continua pressionado pelas yields obrigacionistas elevadas nos Estados Unidos.
O USD/CHF começou a semana a negociar em mínimos a 0,8878 e após ter atingido um mínimo de 0,8801, terminou a semana a negociar a 0,8941, perto do máximo de 0,8958.
Claro que registou ganhos face ao euro, com o EUR/CHF a terminar a semana a negociar a 0,9317, depois a ter começado a 0,9359, tendo atingido um novo mínimo recorde a 0,9205.
As moedas emergentes registaram esta semana um comportamento relativamente mais estável, com o rand sul-africano a destacar-se.
O peso mexicano recuou face ao dólar 0,49%, mas ganhou 0,66% face ao euro. A lira turca, depois de o seu banco central ter mantido as taxas inalteradas a 50%, ganhou 0,81% face ao euro e recuou 0,36% face ao dólar.
Já o rand sul-africano, depois de o South African Reserve Bank ter voltado a cortar a sua taxa de juro pela segunda vez consecutiva, terminou a semana a ganhar 0,48% face ao dólar e 1,63% face ao euro, cotando a 18,10 e 18,86, respectivamente.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Commodities
Petróleo
Os preços do petróleo voltaram esta semana a ganhos, recuperando as perdas da semana anterior, impulsionados pelos receios da escalada no conflito entre a Ucrânia e a Rússia possam levar a uma oferta mais apertada. Moscovo intensificou a sua ofensiva na Ucrânia, após os Estados Unidos e o Reino Unido terem permitido que a Ucrânia utilizasse os seus mísseis para atacar território russo. Em resposta, os Estados Unidos impuseram sanções adicionais ao Gazprombank da Rússia. Os preços do petróleo avançaram esta semana um pouco menos de 6%.
O Brent começou a semana a negociar em torno de mínimos a $71,10 por barril para terminar em torno de máximos a $74,50.
O WTI também começou a semana a negociar em mínimos ($66,80 por barril) para terminar perto de máximos ($71,50).
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Ouro
Depois da correcção registada nas últimas semanas, com o ouro a recuar dos máximos recorde registados no final do mês de Outubro, o ouro voltou esta semana a negociar em alta, tendo recuperado as perdas consideráveis da semana passada.
Se na semana passada tivemos de recuar até Junho de 2021 para encontrarmos uma semana com desempenho pior, esta semana teremos de recuar até Abril de 2020 para encontrarmos uma semana com um desempenho superior ao de 5,76% desta semana.
Um aumento da procura comercial de ouro por parte da Índia com a época de casamentos e o aumento das tensões geoestratégicas em torno do conflito da Ucrânia com a Rússia, impulsionaram os preços do metal amarelo.
A onça de ouro começou a semana a negociar em mínimos a $2567,80 para terminar em máximos a $2706,00.
Gráfico Fonte XTB xStation 5