A semana que começa
PMIs, FMI e BRICS

A semana que começa PMIs, FMI e BRICS

Com a situação no Médio Oriente a continuar em pano de fundo, os mercados esta semana irão estar atentos à divulgação dos PMI, às intervenções nas reuniões do FMI em Washington e dos BRICS na Rússia

As tensões no Médio Oriente continuam e aguarda-se a todo o momento a tal resposta israelita ao Irão.
Uma semana mais tranquila relativamente a decisões de bancos centrais onde iremos ter a do Banco do Canadá.
Em Washington, as intervenções nas reuniões do FMI e do Banco Mundial irão ser atentamente seguidas.
Na Rússia, em Kazan, iremos ter a cimeira dos BRICS, onde o mercado estará também atento ao bloco mais aproximado à Rússia, como a China, Índia, África do Sul e Brasil.
Relativamente a dados económicos, são as sondagens à actividade económica privada que irão estar a ser atenciosamente seguidas, principalmente na Zona Euro.
A época de apresentação de resultados empresariais continuará a estar debaixo do foco dos mercados.




Os olhos continuam no Médio Oriente. A morte pelo responsável do ataque de 7 de Outubro que matou e raptou centenas de israelitas não levou ao abrandamento do conflito, como inicialmente se chegou a pensar. As tensões continuam elevadas, com o Hezbollah durante este fim-de-semana a lançar mais rockets e drones no norte de Israel e com um ataque dirigido à residência privada de Benjamin Netanyahu. A qualquer momento poderemos ter a resposta israelita ao ataque iraniano, que poderá levar, ou não, a um conflito mais alargado.





Nesta semana, os PMI serão fundamentais na Zona Euro. Desde Maio que o PMI composto tem apresentado uma tendência descendente, com a breve excepção do aumento relacionado com os Jogos Olímpicos de Agosto. A leitura de Setembro foi inferior a 50, sinalizando contracção, o que alimentou ainda mais preocupações sobre uma possível recessão. Apesar destas preocupações parecerem exageradas, um abrandamento é uma perspectiva realista para a economia. Os números de Outubro irão dizer-nos se os dados estão novamente a melhorar ou, pelo contrário, se as preocupações com a desaceleração vão aumentar. Serão os primeiros dados após a decisão de novo corte de taxas do Banco Central Europeu na semana passada.





2024 IMF/World Bank Group Annual Meetings.
São muitas as intervenções que vamos ter durante toda esta semana, a que antecede o período de silêncio dos membros do FOMC antes da reunião de 7 de Novembro. Muitas destas intervenções irão estar no âmbito das reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.
Iremos ter além de um grande número de responsáveis da Reserva Federal dos Estados Unidos, responsáveis do Banco Central Europeu, começando pela sua presidente Christine Lagarde. Iremos ter Andrew Bailey, governador do Banco de Inglaterra, com o mercado certamente bem atento às suas palavras, já que é raro ouvirmos as suas considerações.
Provavelmente, se as diversas intervenções não forem um impulsionador dos mercados, pelos menos irão certamente fazer elevar a sua volatilidade.





Na frente empresarial continua a época da apresentação de resultados.
Esta semana continuamos com grandes empresas a apresentar os seus resultados do terceiro trimestre, capazes de impulsionar os mercados. É o caso da SAP, Logitech, Verizon, 3M, General Motors, Coca-Cola, Tesla, Boeing, IBM, AT&T, T-Mobile, UPS, American Airlines e Colgate-Palmolive, entre outras.



Dados Económicos



Estados Unidos da América
Uma semana tranquila, relativamente a indicadores económicos, onde as atenções continuarão a estar nos dados semanais do mercado de trabalho (novos pedidos de subsídio de desemprego) e nos PMI.
A semana começa com a divulgação do índice manufactureiro de Richmond, onde as estimativas apontam para uma ligeira melhoria de -21 para -19.
Do mercado imobiliário iremos ter os números das vendas de casas existentes, onde é esperado um aumento do número de Agosto de 3,86 milhões para 3,88 milhões em Setembro. As vendas de casas novas deverão registar uma ligeira subida de 716 mil para 717 mil.
O número semanal de novos pedidos de subsídio de desemprego deverá mostrar uma pequena subida, de 241 mil da semana passada, para 244 mil.
O índice PMI composto da S&P Global, segundo as estimativas, deverá estabilizar a 54, com o da actividade industrial a mostrar uma pequena recuperação de 47,3 para 47,8, continuando em contracção, enquanto o PMI de serviços deverá mostrar um recuo de 55,2 para 54,9, mantendo-se em expansão.
Teremos também os dados das encomendas de bens duradouros, que depois de terem ficado estáveis em Agosto, deverão em Setembro mostrar uma queda de 1,0%. Sem os itens de transportes as encomendas deverão cair 0,2%, após o crescimento de 0,5% no mês anterior.
Iremos ter ainda os dados revistos da Universidade de Michigan e o relatório do Fed do Beige Book.

Zona Euro
Mais uma semana bastante ligeira de dados económicos, onde todas as atenções se voltam primeiro para os dados de actividade privada e posteriormente para o indicador alemão IFO.
As estimativas apontam para que, tanto em França como na Alemanha, os PMIs registem uma ligeira recuperação, tanto na actividade industrial como na de serviços. Em França, as previsões apontam para que o índice PMI manufactureiro suba de 44,6 para 45,1 e o de serviços de 49,6 para 49,9. Na Alemanha, o PMI de serviços deverá ficar estável nos 50,6, enquanto o industrial deverá mostrar uma muito ligeira subida de 40,6 para 40,7, mantendo-se em profunda contracção.
No agregado da Zona Euro, os mercados esperam que o PMI composto se mantenha em torno do actual 49,6, com o sector de serviços a mostrar uma ligeira subida de 51,4 para 51,6 e o manufactureiro de 45 para 45,1.
Os mercados estarão também atentos ao índice de confiança empresarial IFO, onde as estimativas apontam também para uma recuperação mínima de 85,4 para 85,6. Teremos ainda dados da Confiança do Consumidor, com as previsões a apontarem para uma ligeira subida no índice de -13 para -12.
Na Alemanha iremos ter o Índice de Preços no Produtor de Setembro que deverá mostrar, segundo as estimativas, uma queda de 0,2%, depois do aumento de 0,2% em Agosto.
Em Espanha iremos ter a divulgação da taxa de desemprego relativa ao terceiro trimestre deste ano, com as previsões a apontarem para uma subida de 11,3% para 11,4%.

Reino Unido
Depois de uma semana bastante preenchida de indicadores de primeira linha, esta semana será bastante mais tranquila, onde as atenções vão especialmente para os dados de actividade económica (PMIs).
O PMI composto da S&P Global deverá, segundo as estimativas, mostrar uma ligeira subida de 52,6 para 53, onde o sector de serviços poderá mostrar um recuo ligeiro, de 52,4 para 52,2 e o de serviços de 51,5 para 51,4.
Iremos ter os números dos empréstimos líquidos ao sector público que deverão mostrar uma subida dos 13,7 mil milhões de libras em Agosto, para 17,4 mil milhões em Setembro.
Teremos também o Índice de Expectativa de Encomendas Industriais da CBI de Setembro, onde as estimativas apontam para uma subida de -35 para -28, e o Índice de Optimismo Empresarial que deverá subir de -9 para -3.
Por fim, teremos ainda o índice de confiança do consumidor GfK de Outubro, que deverá mostrar uma subida de -20 para -16.

Canadá
Relativamente a dados económicos, as atenções concentram-se no último dia da semana, onde iremos ter a divulgação dos números das vendas a retalho do mês de Agosto. As previsões apontam para um aumento de 0,5%, desacelerando do crescimento de 0,9% no mês de Julho e se excluídas as vendas automóveis, as vendas deverão mostrar também desaceleração, embora mais ligeira, de 0,4% para 0,3%.
Teremos ainda o Índice do Preço de Casas Novas de Setembro, onde as previsões apontam para um aumento de 0,1%, após terem estabilizado em Agosto.

Japão
Os dados da inflação continuam a ser o destaque da semana. Iremos ter a divulgação da inflação da área de Tóquio, medida seguida de perto pelo Banco do Japão, já que determina em grande parte a tendência no país. A inflação global deverá registar uma ligeira queda de 2,2% para 2,1%, enquanto a subjacente, sem alimentos frescos, deverá cair de 2,0% para 1,7%.
Teremos também os dados da actividade económica privada, onde as estimativas apontam para que o PMI de serviços do Jibun Bank mostre um recuo de 53,1 para 52,7, e o manufactureiro uma subida ligeira de 49,7 para 49,8, continuando em terreno de contracção.

Nova Zelândia
Por aqui vamos ter os números da balança comercial do mês de Setembro, onde os mercados estimam que o défice de 2,2 mil milhões de dólares neozelandeses de Agosto, seja reduzido para cerca de metade em Setembro, para mil milhões de dólares neozelandeses.

Austrália
Os PMI do Judo Bank são os dados a observar nesta semana. As estimativas apontam para que o índice composto suba de 49,6 para 50, exactamente na linha que separa a contracção da expansão, com o índice manufactureiro a recuar de 46,7 para 46,4 e o de serviços a avançar de 50,5 para 51,0.


Bancos Centrais



Banco do Canadá
O mercado espera que o Banco do Canadá acelere o ritmo de corte de taxas de juro para 50 pontos base, reduzindo esta semana a sua taxa directora de 4,25% para 3,75%.
O fraco desempenho da economia canadiana levou o seu banco central a começar o ciclo de corte de taxas mais cedo que a maioria dos seus pares. Começou em Junho e já conta com três cortes sucessivos de 25 pontos base. Mas o cenário económico continua a abrandar e os riscos para a inflação continuam inclinados para o lado negativo. A inflação caiu para menos de 2%, o crescimento do índice global de preços no consumidor abrandou para menos de 2% em termos homólogos pela primeira vez desde a pandemia em Setembro, o crescimento do PIB no terceiro trimestre ficou muito abaixo da previsão de 2,8% do Banco do Canadá de Julho, a taxa de desemprego está um ponto percentual acima dos níveis do ano anterior e as vagas de emprego a cair.

The People's Bank of China
O Banco Popular da China deverá reduzir, logo no início da semana, as taxas de referência dos seus empréstimos para ajudar na transmissão das suas recentes medidas de estímulo monetário. Os mercados esperam por um corte de 20 pontos base, tanto na taxa de empréstimo a um ano como a cinco anos, reduzindo-as de 3,35% e 3,85% para 3,15% e 3,65%, respectivamente.
No último dia da semana não é esperado que altere a sua taxa de Facilidade Permanente de Empréstimo de Médio Prazo (MLF) a 1 ano, depois de a ter reduzido em 30 pontos, para 2%, no mês passado.


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