A semana que começa
BCE, Médio Oriente e resultados

A semana que começa BCE, Médio Oriente e resultados

O destaque da semana vai para a reunião do Banco Central Europeu, mas os mercados irão estar atentos aos acontecimentos no Médio Oriente e ainda à divulgação de resultados empresariais do terceiro trimestre.

PMIs abaixo do esperado, um crescimento económico quase inexistente e inflação em linha com o esperado pelo banco central, levaram a uma viragem nas expectativas do mercado, que espera agora um novo corte de taxa de juro por parte do Banco Central Europeu.
A quase totalidade dos membros do Conselho de Governadores do BCE vêm essa possibilidade, mesmo os reconhecidos hawks como Joachim Nagel ou Isabel Schnabel, ainda assim, não é de excluir uma possível surpresa.



As tensões no Médio Oriente, apesar de não terem até ao momento tido um impacto relevante nos mercados financeiros, continuam a manter os mercados em alerta, principalmente os mercados energéticos.
Os mercados continuam a aguardar pela prometida resposta israelita ao anterior ataque do Irão a Israel, quando os sinais dessa resposta são cada vez mais fortes.

Discursos e comentários dos diversos responsáveis da Reserva Federal dos Estados Unidos continuam esta semana, com os mercados a continuarem a recuar das anteriores fortes expectativas de cortes de taxas de juro até ao final do ano. Depois dos mercados terem chegado a descontar mais cortes do que aqueles apontados pelos últimos dot plot, a semana passada terminou com as expectativas alinhadas com os dos membros do FOMC, e mesmo com uma parte minoritária do mercado a colocar como possível a manutenção de taxas na próxima reunião. Os indicadores económicos continuarão a ser escrutinados pelo mercado e as expectativas ajustadas, com a ajuda dos muitos discursos, comentários e opiniões dos membros do Fed.



A época de resultados empresariais relativos ao terceiro trimestre deste ano segue esta semana em força, com alguns pesos pesados a apresentarem contas. Depois do JPMorgan Chase e do Wells Fargo, esta semana é a vez de termos os resultados de outros bancos como o Bank of America, Goldman Sachs, Citigroup e Morgan Stanley. Teremos mais empresas financeiras relevantes como a American Express, Charles Schwab e Blackstone. Mas há mais além do sector financeiro como a UnitedHealth, Johnson & Johnson, Abbott, Netflix e Procter & Gamble, entre outros.



Dados Económicos



Estados Unidos da América
Iremos ter uma semana mais ligeira de indicadores económicos, onde as atenções irão estar prioritariamente nas vendas a retalho e nos pedidos de subsídio de desemprego.
A semana começa bastante tranquila, com o feriado Columbus Day logo no primeiro dia da semana.
Na terça-feira iremos ter a divulgação do índice manufactureiro de Nova Iorque, onde os mercados estimam uma queda de 11,5 para 3,4.
Depois de uma quarta-feira vazia de indicadores económicos, teremos uma quinta-feira bastante preenchida, onde se destacam os dados das vendas a retalho e os dos novos pedidos de subsídio de desemprego.
As previsões apontam para que as vendas a retalho em Setembro tenham aumentado 0,3% do aumento de 0,1% no mês anterior. Excluindo as vendas automóveis, as vendas deverão manter o mesmo ritmo de aumento do mês anterior de 0,1%.
Os pedidos de subsídio de desemprego apanharam os mercados de surpresa na semana passada ao aumentarem para 258 mil. O mercado espera para esta semana que esse número baixe para os 241 mil.
Ainda na quinta-feira teremos a divulgação do índice manufactureiro do Fed de Filadélfia, com as estimativas a apontarem para uma subida de 1,7 para 4,2; A produção industrial de Setembro deverá mostrar uma redução de 0,1%, após um crescimento de 0,8% no mês anterior; Os inventários empresariais em Agosto deverão ter aumentado 0,3%, desacelerando do aumento de 0,4% em Julho; O índice de mercado imobiliário NAHB deverá mostrar uma subida de 41 para 43.
A semana irá terminar com mais dados do mercado imobiliário. As licenças de construção de Setembro deverão ter caído 0,1%, depois do crescimento de 4,6% no mês anterior, de 1,47 milhões para 1,46 milhões, enquanto o início de construção de imóveis deverá mostrar um crescimento de 1,8%, desacelerando dos 9,6% do mês anterior.

Zona Euro
Relativamente a dados económico iremos ter mais uma semana tranquila.
A semana começa com as atenções colocadas no indicador alemão de confiança económica ZEW, onde as estimativas apontam para um crescimento de 9,3 para 16,9 para a Zona Euro, enquanto que para a Alemanha o índice deverá mostrar um aumento de 3,6 para 10,2.
Iremos ter os dados da produção industrial de Agosto, onde as estimativas apontam para um crescimento de 1,8%, depois da queda de 0,3% no mês anterior.
Os números da balança comercial de Agosto deverão mostrar um excedente de 17,8 mil milhões de euros, acima dos 15,5 mil milhões do mês de Julho, enquanto os da conta corrente deverão crescer dos 39,6 mil milhões de euros para 42,2 mil milhões.
Teremos ainda a leitura final dos dados da inflação onde não se espera qualquer desvio dos números preliminares.
Na Alemanha iremos ter o índice de preços grossistas que, depois de uma queda de 0,8% em Agosto, deverá subir 0,2% em Setembro.
Em Itália teremos os números da balança comercial de Agosto que, segundo as estimativas, deverão mostrar um excedente de 5,55 mil milhões de euros, caindo dos 6,74 mil milhões do mês anterior.

Reino Unido
Uma semana bem preenchida de indicadores de primeira linha.
A semana começa com os dados do mercado de trabalho onde as previsões apontam para que a taxa de desemprego de Agosto se mantenha nos 4,1%, o número de postos de trabalho aumente em 40 mil, desacelerando dos 265 mil do mês anterior, com a média salarial incluindo os bónus a crescer ao mesmo ritmo do mês anterior em 4%. O número de pedidos de subsídio de desemprego deverá recuar dos 23,7 mil do mês anterior, para 20,2 mil.
Os mercados irão depois estar especialmente atentos aos dados da inflação, que podem levar o Banco de Inglaterra a ficar mais ou menos afastado de um novo corte na sua taxa de juro. As previsões apontam para que em Setembro os preços tenham subido 0,2% em termos mensais, com a inflação em termos anuais a cair de 2,2% para 1,9% e a inflação subjacente de 3,6% para 3,5%.
Por fim, teremos os dados das vendas a retalho de Setembro, onde as estimativas apontam para uma queda de 0,3%, depois do crescimento de 1% no mês de Agosto. Excluindo a venda de combustíveis, deverão mostrar uma queda de 0,5% contra o aumento de 1,1% no mês anterior.

Canadá
Esta semana as atenções irão estar voltadas para a inflação.
As previsões apontam para uma queda de 0,2% a nível mensal dos preços em Setembro, em linha com o mês anterior, com a inflação em termos anuais a subir de 2,0% para 2,1%. Excluindo alimentação e energia, os preços deverão subir 0,1%, depois da queda do mesmo valor no mês anterior, com a inflação subjacente a manter-se nos 1,5%. A medida observada mais de perto pelo Banco do Canadá, que exclui 40% dos itens mais voláteis, deverá manter-se nos 2,4% e a mediana nos 2,3%.
Teremos também dados das vendas grossistas de Agosto, com as estimativas a apontarem para uma queda de 1,1%, depois do crescimento de 0,4% no mês anterior.
As vendas manufactureiras, depois do aumento de 1,4% em Julho, deverão mostrar uma queda de 1,5% em Agosto.
O início de construção de casas deverá mostrar um aumento de 217 mil em Agosto, para 235 mil em Setembro.

Suíça
Uma semana ligeira de indicadores económicos que começa com a divulgação do Índice de Preços do Produtor que deverá mostrar, em Setembro, um aumento de 0,1%, desacelerando dos 0,2% mostrados em Agosto.
Teremos ainda os números da balança comercial de Setembro, com as previsões a apontarem para um excedente de 1,8 mil milhões de francos suíços, recuando dos 3,9 mil milhões do mês anterior.

China
Vamos ter uma semana bastante preenchida de indicadores económicos, que começou já este fim-de-semana, com a divulgação da inflação no consumidor que caiu dos 0,6% para 0,4% em termos anuais, enquanto à porta das fábricas mostrou uma queda de 2,8%, maior do que 2,5% estimados e após a queda de 1,8% no mês anterior.
Iremos ter esta semana a divulgação dos novos empréstimos em yuans, onde as previsões apontam para um aumento de 900 mil milhões de yuans, para 1090 mil milhões.
Os números da balança comercial, segundo as previsões, deverão mostrar um ligeiro aumento do excedente, dos 91 mil milhões de dólares em Agosto, para 91,5 mil milhões em Setembro.
As atenções irão estar especialmente focadas no último dia da semana onde começamos por ter os números do PIB relativos ao terceiro trimestre deste ano, onde as previsões apontam para um crescimento de 4,6%, desacelerando dos 4,7% do segundo trimestre.
Teremos a produção industrial que deverá mostrar uma ligeira aceleração em Setembro, aumentando 4,6%, depois dos 4,5% no mês de Agosto.
As vendas a retalho deverão mostrar também uma aceleração, subindo 2,5%, depois dos 2,1% mostrados no mês anterior.
Os números do investimento em activos fixos deverão mostrar uma desaceleração de 3,4% do mês anterior, para 3,3%.
A taxa de desemprego deverá manter-se nos 5,3%.
Teremos ainda a divulgação de Setembro do índice do preço das casas novas, com as estimativas a apontarem para uma subida de 0,4%, depois da queda de 5,3% no mês anterior.

Japão
As atenções irão estar voltadas para os dados da inflação que serão divulgados no último dia da semana. A nível mensal, em Setembro, os preços deverão mostrar um aumento de 0,2%, desacelerando dos 0,5% do mês anterior, com a inflação anual, segundo as estimativas, a poder cair de 3% para 2,7%. A inflação subjacente, sem alimentos frescos, a medida mais atentamente seguida pelo Banco do Japão, deverá cair dos 2,8% para 2,3%.
Iremos ter também os números da balança comercial de Setembro que, segundo as previsões, deverão mostrar um défice de 490 mil milhões de ienes, baixando dos 600 mil milhões do mês anterior.
Teremos ainda os números das encomendas de maquinaria, excluindo navios e centrais de energia, que deverão continuar a cair ao mesmo ritmo do mês anterior, em 0,1%.

Nova Zelândia
Também aqui as atenções estarão colocadas nos dados da inflação. Segundo as previsões, os preços no terceiro trimestre deste ano deverão ter aumentado 0,7% relativamente ao segundo trimestre, acelerando dos 0,4% do período anterior, com a inflação em termos anuais a cair de 3,3% para 2,3%. Antes dos dados da inflação, teremos o índice de serviços BusinessNZ que, segundo as estimativas, deverá subir de 45,5 para 47,6.

Austrália
O destaque da semana vai para os dados do mercado de trabalho.
As estimativas apontam para que a economia australiana tenha criado 25,2 mil novos empregos em Setembro, recuando dos 47,5 mil no mês de Agosto. Depois da queda de 3,1 mil empregos a tempo inteiro no mês anterior, espera-se agora um aumento de 15 mil, enquanto os empregos em part-time deverão cair dos 50,6 mil do mês anterior, para 7 mil. A taxa de desemprego deverá manter-se nos 4,2%, com a taxa de participação a cair de 67,1% para 66,9%.


Bancos Centrais



Banco Central Europeu
O consenso aponta para que o Banco Central Europeu reduza de novo a sua taxa de juros em 25 pontos base, com a taxa de depósitos a cair de 3,50% para 3,25%. Os dados de actividade económica continuaram a mostrar contracção, o crescimento económico muito débil e a inflação no caminho da meta do banco central, leva a que o mercado maioritariamente acredite num novo corte de taxas na reunião desta semana.
O foco irá estar novamente nas observações de Christine Lagarde e especialmente na sessão de perguntas e respostas na Conferência de Imprensa, onde o mercado irá tentar obter qualquer pista relativamente à última reunião deste ano, em Dezembro.

O Banco Central da Turquia
Esta semana, o banco central turco deverá manter a sua taxa de juro inalterada pela sétima reunião consecutiva, no actual máximo de 50%.


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